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quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

SEU GARAPA!




Por José Antonio Taveira Belo / Zetinho


Pórfiro era um homem de grandes posses na cidade de Maracangalha, dono de uma grande fazenda onde passava tempo indo somente a cidade nos dias de sábado e domingo. A casa grande, rodeada de um terraço, com janelas pintadas de branco, alguns bancos corrediços e redes pendurada para o descanso a tardezinha. Gostava deste pequeno, quando o seu pai era avicultor, ele se apaixonou pelas abelhas e criava em oito cortiços onde as abelhas deposita o mel. Deitado numa rede quadriculada de azul e branca observava com alegria a chegava e a saída das abelhas. Era um vai e vem. O zum-zum era melodia para ouvidos. Era um homem calmo e prestativo, porém energético.  Tudo dele era doce, até agua levava açúcar para beber, levando o apelido Seu Garapa.. O homem era respeitado na comunidade, sua palavra era uma ordem. Muitas pessoas não gostavam daquela atitude. Sempre estava ele com a razão. O prefeito e vereadores sempre consultavam quando necessitava de alguma opinião. Apesar de ser desta forma Seu Porfirio ajudava aos pobres, aos necessitados e defendia aqueles que eram insultados e maltratados. Mas, em toda cidadezinha tem alguém que não gostam de receber ordem. Seu Liberato era um deles. Não gostava do jeito que o Seu Porfirio se dirigia a ele e aos outros. Queria mandar e ele, um homem do comercio não aceitava aquela arrogância. Esta atitude causava mal estar ente alguns daqueles homens que residam na cidade. O mel colhido na fazenda era vendido nos arredores. As garrafas de vidro branquinho recebia o mel dourado, que era tampado com uma rolha de cortiça. Os favos do mel era guardado em uma vasilha de alumínio, para pessoas que encomendava com antecipação. Certo dia, seu Garapa estava sentado na venda de Seu Eurico, um português que se engraçou pela cidade e ali ficou. Montou uma bodega onde se vendia de tudo na cidade. Sentado no seu lugar de costume, fumando o seu cigarrinho da palha, apesar de ter dinheiro para comprar um maço de cigarros Continental, porém não gostava e sim deste de rolo de fumo comprado na barraca do Seu Euclides na feira, A fumaça e o cheiro incomodava a aqueles que ali estavam, mas ninguém ousava falar por respeito. Tomava vinho de jurubeba e com o tempo ficava alegre, prestativo e contando causos que muitas das vezes era ignorado por aqueles que ouviam.. Os sábados eram dia de feira e todos os agricultores e moradores iam comprar os seus mantimentos da semana e no domingo dia de descanso, eram de prosa. Pórfiro muitas das vezes juntavam moradores ilustres em sua fazendo para saborear um “pirão” ou uma “rabada” ao longo do dia. A festa era uma beleza sem confusão apenas conversando sobre o destino da cidade, principalmente, a política. Não gostava de falar de religião, todos tinham sua preferência, pois Deus é de todos e não de uma pequena parcela da população.  Seu Liberato e começou a cochichar com outros fregueses, sempre olhando para ele. Não gostou e já um pouco embriagado se dirigiu para outra ponta do balcão onde se encontrava Liberato. Outro começou a rir e ele perguntava se estava vendo algum palhaço. Vejo o Senhor! Exclamou em alta voz e todos ouviram e ficaram em silencio. Seu Porfirio nunca tinha sido desafiado ficou corado que um camarão. Repita! Repita! Disse ele enfiando o dedo riste em seu rosto. Encolheu-se seu Liberato e encostou-se na parede e quando ia colocar a mão no bolso foi golpeado com três facada afiada que se encontrava pregada num maço de charques no balcão. A correria foi grande. Caído no chão seu Liberato ia fechado os olhos enquanto o sangue saía dos ferimentos manchando a sua camisa azul e a sua calça branca. Seu Pórfiro correu entrando em uma casa do seu amigo Pedro indo pela porta da cozinha e ganhando a rua dirigindo para a sua fazenda. A notícia se espalhou por toda a cidade. Muitos foram até a bodega para ver já sem vida seu Liberato. O delegado se deslocou até a fazenda, mas não encontrou o seu Porfirio. Três dias depois seu Pórfiro foi à delegacia, se apresentou ao delegado Simão e contou a sua estória indicando testemunha que matou em legitima defesa depois de ser ofendido e com ameaça por parte da vítima quando colocou a mão na cintura. Ficou em liberdade e não mais foi à cidade ficando na fazenda até morrer depois de três anos do acontecido.  

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