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sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

Brasil: País do futuro?




“Admirável mundo novo

Por Hubert Alquéres

Mais uma vez o Brasil é retardatário. Ainda estamos com os dois pés no século 20, tentando responder a uma agenda de reformas necessárias que h á tempos deveria ter sido equacionada. A velha polarização esquerda/direita, um anacronismo reduzido à insignificância em países como a França e a Alemanha, ainda dá o tom na política brasileira.

A Europa e os Estados Unidos concentram suas energias na corrida da inovação e em busca de respostas para os desafios de um mundo em intensa transformação. Estão focados na Quarta Revolução Industrial e no mundo novo que virá a partir da disseminação da inteligência artificial e da robótica.

Já as nossas estão voltadas para fazer a reforma de uma previdência estruturada quando estávamos na era da segunda revolução industrial, com produção intensiva de mão de obra. Também pensamos reformar o sistema tributário com os olhos focados no retrovisor, sem levar em conta as alterações no modo de produzir e de como a sociedade vai se estruturar com as mudanças advindas da neorevolucão tecnológica.

Certamente, não estamos respondendo como será o sistema tributário da sociedade do “não-trabalho” e qual será o sistema de proteção social para o imenso exército dos sem-trabalho. O desafio, portanto, será bem maior do que o de  ter um sistema previdenciário exequível.

Não se pode reagir diante da robótica e da inteligência artificial da mesma maneira da classe operária inglesa descrita por Engels. Nos meados do Século XIX operários destruíam máquinas para impedir a substituição da manufatura por máquinas industriais.

Em todas as eras as revoluções tecnológicas trouxeram enormes benefícios para a humanidade. Não será diferente com a Quarta Revolução. Sem dúvida, impactará, e para melhor, em nossas vidas.

Surpreendentemente foi Luciano Huck quem fez uma boa provocação por meio do artigo “Tá Ligado?” publicado recentemente no jornal Folha de S. Paulo. Ali ele dá uma pálida ideia do admirável mundo novo que se anuncia: “sim, os carros serão autônomos muito em breve. Sim, o córtex humano estará conectado à nuvem. Sim, vamos poder fazer download de nossa memória. Sim, vamos usar minérios vindos do espaço. Sim, você poderá escanear seu corpo em casa, gerando um diagnóstico imediato. Sim, a inteligência artificial é uma realidade e irá engolir o mundo.”

De fato, haverá enormes ganhos para a humanidade. Pela primeira vez está dada ao homem a possibilidade de se livrar do trabalho enfadonho e repetitivo, podendo direcionar sua energia e tempo para a sua realização pessoal.

Nos meados do século XIX, quando a jornada de trabalho era de 12 horas, o escritor e jornalista francês Paul Lafargue escreveu sua obra polêmica “O Direito à Preguiça”. Pois bem, não estão distantes os dias em que o homem poderá usufruir desse direito sem ter a sua sobrevivência ameaçada.

A globalização iniciada nas últimas décadas do século passado retirou centenas milhões de pessoas da linha da pobreza e democratizou o consumo tornando os produtos acessíveis para camadas antes excluídas do mercado de massas. Esse processo se intensificará em escala exponencial com a Quarta Revolução Industrial. A massa de riqueza gerada será suficiente para resolver as crises humanitárias e para financiar um mundo ambientalmente sustentado.

Mas como as revoluções industriais antecedentes, a Revolução 4.0 também terá seus impactos negativos.  A robótica e a inteligência artificial substituirão 47% da mão de obra tradicional. O novo desafio é o que fazer com esse exército de deslocados, tanto para dar sentido a suas vidas, como para garantir a sua sobrevivência.

Propostas antes tidas como lunáticas são debatidas no santuário da inovação tecnológica, o Vale do Silício.  Mentes arejadas como a de Bill Gates apontam a tributação dos robôs como um dos caminhos para o financiamento da alocação do contingente dos “sem-trabalho” em outras atividades sociais. A ideia da renda mínima universal é experimentada na Finlândia é admitida por políticos antenados como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

O grande desafio para as próximas décadas é definir como serão repartidos os benefícios gerados pela robotização e pela inteligência artificial. Com elas, estarão criadas as condições objetivas não apenas para o homem se livrar do trabalho pesado e repetitivo. Também estarão dadas as condições para a conquista da igualdade, bandeira que a humanidade persegue desde a Revolução Francesa.

Nesse quadro a questão da distribuição da riqueza é o grande objetivo a ser perseguido na primeira metade do século 21, assim como a democracia foi o grande valor que se afirmou ao final do século 20.

Não se trata de um simples retorno ao Estado de Bem-Estar Social, pois isto seria inexequível. Mas de reinventá-lo nas condições da sociedade do conhecimento. Por aí o admirável mundo novo poderá ser o reino da prosperidade, da liberdade e da felicidade.”

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AGD comenta:

Para ser franco, quando penso no futuro, lembro de um livro que li em minha adolescência: “Brasil, país do futuro”. Se não me engano (e um engano nem sempre é ruim, como mostrou o cara que ganhou a Mega Sena 3 vezes, porque enganou-se e jogou os mesmos números 3 vezes) o autor é Stephan Zweig, e mostrava as belezas do Brasil na época, mas, seria impossível prever a robótica, inteligência artificial e internet.

Tenho certo, neste momento, que o Brasil continua sendo o país do futuro, e isto acontece por estarmos a reboque dos outros, porém, sempre um passo atrás.

Certamente, a chamada Quarta Revolução da era digital, falada pelo Alquéres acima, está longe de nos atingir, e as nossas desigualdades sociais só crescerão com seu advento.

Quanto a este descaso com o futuro, lembrei da piada em que Deus diz, depois de ouvir que o nosso país foi abençoado por ele com uma natureza espetacular: “Mas, vejam o povo que coloquei lá dentro”. E eu digo que naquela época ele talvez ainda não previsse Lula o PT.


Hoje, depois de toda tragédia gerada por este partido, eu já tenho dúvidas se o Brasil terá futuro.

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