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quinta-feira, 30 de março de 2017

Ruim com o Temer, pior sem ele!




Por Zezinho de Caetés

Diante dos cortes explicitados ontem pelo Ministro da Fazendo, fazendo cumprir o que manda a Lei, ao dar conta de dois em dois meses de por onde vai o Orçamento, restaria muito pouca coisa a discutir. Ou seja, o que o Temer está dizendo, em seu mandato tampão, é que a Dilma foi impichada por não cumprir normas como esta e ele não quer que isto aconteça com ele.

E vou mais longe, ao defender, com algumas restrições de ordem comportamental (para mim ele demora muito a reagir e muitas vezes reage com fraqueza aos ataques petistas), o governo Temer. Ninguém pode dizer que ele não está tentando fazer a coisa certa dentro de um clima hostil de caça às bruxas, gerado pelas viúvas da boquinha petista. E isto não é fácil, para nenhum político.

E, neste meu curto introito ao texto da Helena Chagas (O Globo – “Pior sem ele, para todo mundo”) eu só posso concordar com ela. Se o Temer sair agora, por qualquer motivo, ou pelo principal, no momento, que é o processo de cassação da chapa Dilma/Temer, por ter sido eleita a base de propina e suborno, seria péssimo para todos.

Todos os não petistas e apaniguados sabem que era a Dilma que dava as cartas e que sabia de tudo, a não ser que ela queira dizer que era mais incompetenta do que o Lula quando diz que não sabia de nada. Ela sabia e é culpada, mas, verá a Justiça assim? Como sabemos nem sempre a justiça é justa, basta lembrar da justiça romana.

No entanto, há numerosas possibilidades jurídicas e legais de manter a elegibilidade do Temer e mandar a Dilma, por ser a cabeça de tudo, além da chapa, para cuidar do neto em Porto Alegre, permanentemente. E penso que isto vai ser o resultado, com este meu otimismo sempre exagerado. No final, o Temer fica e Dilma some para o bem do Brasil.

Mas, fiquem com a Helena que coloca com mais maestria outras possibilidades para dizer a mesma coisa: Ruim com o Temer, pior sem ele!

“Cassar um presidente da República não é um passeio - quanto mais dois, no espaço de apenas um ano. Um país que faz isso, ainda que dentro do receituário do Estado de Direito, corre o risco de passar ao mundo a impressão de que os avanços dos últimos anos eram só verniz e que, no fundo, nunca deixou de ser uma República bananeira. Paga-se um preço alto nessas horas: fuga de investimentos, impossibilidade de reformas, imprevisibilidade na economia e, sobretudo, uma tremenda e assustadora incerteza política.

Por todas essas razões, o establishment político, econômico e midiático não quer que o TSE casse a chapa Dilma-Temer no julgamento que começa na semana que vem. Não é que o PIB, a mídia e os principais partidos políticos amem Michel Temer. Acima de tudo, eles fizeram as contas, noves fora e concluíram, há tempos, que vale mais a pena sustentar o peemedebista no Planalto até 2018 do que dispensar seus serviços e se arriscar numa incerta eleição indireta no Congresso - que seguramente elegeria um dos seus.

Mesmo que reformas como a da Previdência não estejam andando a contento, entre outros dissabores, os donos do poder e do dinheiro acham que ainda vale a pena apoiar o presidente da República. É um homem afável, que escuta suas ponderações e vai conduzindo a economia dentro da receita liberal, desmontando a estrutura petista de controle do Estado. E, afinal, falta pouco tempo. Um ano e meio voa...

Curiosamente, e por razões bastante diferentes, não se vê em boa parte da oposição, e nem no PT, uma torcida real para que o TSE derrube Temer. E não só porque Dilma, cabeça de chapa, também seria punida com a inelegibilidade. Nem também porque o partido sofreria mais um episódio de desgaste político com a sentença atestando que fraudou a eleição com abuso do poder econômico, etc.

Segundo interlocutores, o ex-presidente Lula, que apesar de tudo desponta como candidato forte a voltar ao Planalto, torce para que o TSE mantenha Temer onde está. Ainda que não admitam, os estrategistas do PT acham que a cassação do peemedebista nos próximos meses embaralharia de tal forma o jogo político que até as eleições de 2018 entrariam em zona de risco.

Ninguém sabe o que resultaria de uma eleição presidencial indireta realizada no atual Congresso, nem o que faria o eleito e nem ao menos se o regime presidencialista sobreviveria. Em meio a tantas loucuras que assistimos nos últimos tempos, o parlamentarismo - que pemitiria a deputados e senadores que tomarem gosto continuar governando - poderia ser mais uma, bem como outras mudanças nas regras do jogo. É o reinado da incerteza. 

O PT, agora franca minoria no parlamento, nada poderia fazer. E a candidatura de Lula ou de qualquer outro vai para o espaço. Se Temer ficar, porém, as coisas seguem seu curso. Tudo indica que o ex-presidente teria boas chances, como vêm mostrando as pesquisas. Embora réu em cinco processos, ainda não foi condenado nem em primeira instância, e precisa sê-lo também na segunda para se tornar inelegível. Isso exigiria da Justiça uma rapidez pouco comum e uma acusação de casuísmo, se ficar claro que correram para julgar Lula com o objetivo de tirá-lo do páreo. Muita gente experiente de Brasília duvida hoje dessa possibilidade.

Para o Lula candidato, ter Michel Temer do outro lado do tabuleiro não é um mau cenário. No papel de reformador impopular, o presidente dificilmente conseguirá, em um ano e meio, transformar-se em candidato forte à reeleição, ou mesmo num forte eleitor para sua sucessão. Até por questão de tempo. Ainda que se confirmem os sinais de recuperação da economia, a percepção de bem estar vai demorar para se espalhar e chegar ao bolso do brasileiro, sobretudo porque depende da geração de empregos, geralmente o último degrau da escada da retomada.

Ao mesmo tempo, a desigualdade aumenta, a renda média cai, os programas sociais da era petista são desmontados e a nova classe média derrete. Em 2018, poderá ser vantajoso ser candidato de oposição a Temer.


Mas para isso ele precisa ser mantido no Planalto.”

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