Por Zezinho de Caetés
Diante dos cortes explicitados
ontem pelo Ministro da Fazendo, fazendo cumprir o que manda a Lei, ao dar conta
de dois em dois meses de por onde vai o Orçamento, restaria muito pouca coisa a
discutir. Ou seja, o que o Temer está dizendo, em seu mandato tampão, é que a
Dilma foi impichada por não cumprir normas como esta e ele não quer que isto
aconteça com ele.
E vou mais longe, ao defender,
com algumas restrições de ordem comportamental (para mim ele demora muito a
reagir e muitas vezes reage com fraqueza aos ataques petistas), o governo
Temer. Ninguém pode dizer que ele não está tentando fazer a coisa certa dentro
de um clima hostil de caça às bruxas, gerado pelas viúvas da boquinha petista.
E isto não é fácil, para nenhum político.
E, neste meu curto introito ao
texto da Helena Chagas (O Globo – “Pior
sem ele, para todo mundo”) eu só posso concordar com ela. Se o Temer sair
agora, por qualquer motivo, ou pelo principal, no momento, que é o processo de
cassação da chapa Dilma/Temer, por ter sido eleita a base de propina e suborno,
seria péssimo para todos.
Todos os não petistas e
apaniguados sabem que era a Dilma que dava as cartas e que sabia de tudo, a não
ser que ela queira dizer que era mais incompetenta do que o Lula quando diz que
não sabia de nada. Ela sabia e é culpada, mas, verá a Justiça assim? Como
sabemos nem sempre a justiça é justa, basta lembrar da justiça romana.
No entanto, há numerosas
possibilidades jurídicas e legais de manter a elegibilidade do Temer e mandar a
Dilma, por ser a cabeça de tudo, além da chapa, para cuidar do neto em Porto
Alegre, permanentemente. E penso que isto vai ser o resultado, com este meu
otimismo sempre exagerado. No final, o Temer fica e Dilma some para o bem do
Brasil.
Mas, fiquem com a Helena que
coloca com mais maestria outras possibilidades para dizer a mesma coisa: Ruim
com o Temer, pior sem ele!
“Cassar um presidente da
República não é um passeio - quanto mais dois, no espaço de apenas um ano. Um
país que faz isso, ainda que dentro do receituário do Estado de Direito, corre
o risco de passar ao mundo a impressão de que os avanços dos últimos anos eram
só verniz e que, no fundo, nunca deixou de ser uma República bananeira. Paga-se
um preço alto nessas horas: fuga de investimentos, impossibilidade de reformas,
imprevisibilidade na economia e, sobretudo, uma tremenda e assustadora
incerteza política.
Por todas essas razões, o
establishment político, econômico e midiático não quer que o TSE casse a chapa
Dilma-Temer no julgamento que começa na semana que vem. Não é que o PIB, a
mídia e os principais partidos políticos amem Michel Temer. Acima de tudo, eles
fizeram as contas, noves fora e concluíram, há tempos, que vale mais a pena
sustentar o peemedebista no Planalto até 2018 do que dispensar seus serviços e
se arriscar numa incerta eleição indireta no Congresso - que seguramente
elegeria um dos seus.
Mesmo que reformas como a da
Previdência não estejam andando a contento, entre outros dissabores, os donos
do poder e do dinheiro acham que ainda vale a pena apoiar o presidente da
República. É um homem afável, que escuta suas ponderações e vai conduzindo a
economia dentro da receita liberal, desmontando a estrutura petista de controle
do Estado. E, afinal, falta pouco tempo. Um ano e meio voa...
Curiosamente, e por razões
bastante diferentes, não se vê em boa parte da oposição, e nem no PT, uma
torcida real para que o TSE derrube Temer. E não só porque Dilma, cabeça de
chapa, também seria punida com a inelegibilidade. Nem também porque o partido
sofreria mais um episódio de desgaste político com a sentença atestando que
fraudou a eleição com abuso do poder econômico, etc.
Segundo interlocutores, o
ex-presidente Lula, que apesar de tudo desponta como candidato forte a voltar
ao Planalto, torce para que o TSE mantenha Temer onde está. Ainda que não
admitam, os estrategistas do PT acham que a cassação do peemedebista nos
próximos meses embaralharia de tal forma o jogo político que até as eleições de
2018 entrariam em zona de risco.
Ninguém sabe o que resultaria de
uma eleição presidencial indireta realizada no atual Congresso, nem o que faria
o eleito e nem ao menos se o regime presidencialista sobreviveria. Em meio a
tantas loucuras que assistimos nos últimos tempos, o parlamentarismo - que
pemitiria a deputados e senadores que tomarem gosto continuar governando -
poderia ser mais uma, bem como outras mudanças nas regras do jogo. É o reinado
da incerteza.
O PT, agora franca minoria no
parlamento, nada poderia fazer. E a candidatura de Lula ou de qualquer outro
vai para o espaço. Se Temer ficar, porém, as coisas seguem seu curso. Tudo
indica que o ex-presidente teria boas chances, como vêm mostrando as pesquisas.
Embora réu em cinco processos, ainda não foi condenado nem em primeira
instância, e precisa sê-lo também na segunda para se tornar inelegível. Isso
exigiria da Justiça uma rapidez pouco comum e uma acusação de casuísmo, se
ficar claro que correram para julgar Lula com o objetivo de tirá-lo do páreo.
Muita gente experiente de Brasília duvida hoje dessa possibilidade.
Para o Lula candidato, ter Michel
Temer do outro lado do tabuleiro não é um mau cenário. No papel de reformador
impopular, o presidente dificilmente conseguirá, em um ano e meio,
transformar-se em candidato forte à reeleição, ou mesmo num forte eleitor para
sua sucessão. Até por questão de tempo. Ainda que se confirmem os sinais de
recuperação da economia, a percepção de bem estar vai demorar para se espalhar
e chegar ao bolso do brasileiro, sobretudo porque depende da geração de
empregos, geralmente o último degrau da escada da retomada.
Ao mesmo tempo, a desigualdade
aumenta, a renda média cai, os programas sociais da era petista são desmontados
e a nova classe média derrete. Em 2018, poderá ser vantajoso ser candidato de
oposição a Temer.
Mas para isso ele precisa ser
mantido no Planalto.”
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