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sexta-feira, 18 de março de 2016

ZÉ BEBINHO






É uma figura imprescindível nos bares da Casa Amarela, principalmente no Mercado Público. Todos os dias lá esta ele sentado em um banquinho gargalhando e contando anedotas. Estórias que aconteceram em suas andanças umas verdades outras melindrosas e fantasiosas, que ninguém acreditava, riam-se. Ele encabulado mandava todo mundo para aquele lugar, coçava a cabeça e ajeitava o bigode, vocês são todos uns safados, tomava o copinho não sorvia de um gole a pinga e chupava uma fatia de caju, como tirava gosto. Lá se ia dois quartinhos. Chupava dos dedos e enxugando na toalha da mesa quando tinha. Assim passava a tarde entrando pela noite percorrendo outros boxes saindo por volta das dez horas da noite subindo o morro, tomando a derradeira no bar do Araújo, no alto de Santa Isabel.  Tem lá seus cinquenta anos, cabelos grisalhos, bigodes e costelas largas na face já começando ter as rugas, não pela a idade, mas pelas pingas que toma diariamente. O vestuário simples traduz um homem pobre, porem limpo e higiênico. Tomo banho diariamente, pela manhã para aliviar a ressaca e a noite para amenizar a cabeça que é uma zonzeira danada, mas tomo banho de inverno a verão. De cuia se não tiver agua na torneira, liquido difícil de aparecer onde eu moro lá no morro. Nunca vai ao medico, pois se for vai ficar doente, pois o medico não se conforma com gente sadia, põe logo um lote de exame e dali em diante o cara nunca mais terá saúde. Gabava-se se levantando para ir ao mictório, sujo e fedorento com palavras de baixo calão escritos na parede. . Voltava a tomava lugar entre os amigos que o acompanhava na cachaça.  Dizia, dou razão a eles, olhando para os amigos que rodeava a mesa junto ao balcão do Seu Miro, se não têm doentes não tem honorários, como vão viver tem que inventar alguma coisa para a pessoa ficar cativo a ele e nunca mais sair só quando morrer, ele perde um paciente e grana da receita. A cachaça cura todos os males, desde que não abuse, e eu não abuso fico sereno. Todos gargalhavam com este comentário do Zé Bebinho. Vocês já me viram doente? Pergunte ao Seu Miro se ele já me viu lamentando de alguma coisa? Não? O meu corpo é imune de todos os insetos é beliscar e cair morto ou bêbado. Tenho esta vantagem sobre os outros. Já superei muitas epidemias. Gripe espanhola, asiáticas e tantas outras com o simples remédio que tomo diariamente, a cachaça. Não tem outro remédio melhor. E agora vem esta epidemia, Zika e Chicocunha.  Vou contar a vocês todos aqui, passando o lenço branco no rosto, pois o calor da tarde era forte por volta das duas horas - Conheci uma Zica lá pelas bandas da Macaxeira. Estava sentado nas raras vezes que vou a outro botequim. Mulher bonita, charmosa e cheirosa. Gostava de rebolar e estender o seu charme para todos que frequentava o bar da Rosa na beira da BR-101. Olhou pra mim, olhei pra ela; sorriu pra mim eu sorri pra ela. Engracei-me dela e ela de mim. Foi um chamego que durou pouco tempo, mas valeu a pena. Fui picado por ela e ai a coisa pegou e eu adoeci de saudade dela, pensava nela e não dormia sem pensar nela, o remédio para esta doença era tomar umas pingas, como eu faço todos os dias, mas a cura ainda esta para vir e ainda hoje sinto que não estou curado, pois tenho recaída quando ainda vou ao Bar da Rosa para ver se a encontro por lá.  Meus amigos ela evaporou-se e ainda hoje penso que foi um sonho. Mas deixa pra lá este pensamento saudosista. Lá vem Agnaldo para enfeitar esta tarde calorenta, com o seu violão. Sentou-se e pediu uma loura suada, solvendo um copo de um só gole. Ajeitou-se e começou a cantarolar musicas de roeideira, pois o Agnaldo ainda estava sofrendo muito quando a mulher lhe deixou por um caixeiro viajante, viajou e deixou um bilhete – Esqueça-me -. Eu Zé Bebinho tenho uma mulher que compreende o meu viver. Beto Boca de Sapo, dizia cuidado Zé, tua vez ainda há de chegar, todos sorriam. Quando menos esperar tu vai ser surpreendido com o “outro” já saindo e te saudando com um “até logo”. Zé ria. A minha mulher não é dessa não pessoal e, se fizer vou andar perambulando pelos bares da vida, junto com meu amigo Agnaldo, dois sofrendo e melhor que um somente, cantando a musica de Vicente Celestino, “o Ébrio” – e começou a cantar – Tornei-me um ébrio e na bebida busco esquecer / Aquela ingrata que eu amava e que me abandonou.... O som do violão dominava a tarde entrando pela noite. Zé por volta das dez horas saiu em direção a sua casa no alto Santa Isabel, antes passando no boteco do Araújo, tomando à derradeira.

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