Por Zezinho de Caetés
Hoje, acordei um pouco perturbado e pensei nos meus tempos
de caserna (calma gente, não sou um militar, mas, servi ao Exército) quando
neste dia, 31 de março, de vários anos, esta hora eu já estava com a arma no
ombro marchando em comemoração à chamada revolução, golpe, quartelada, ou
qualquer outro nome, que começou em 1964 (uns dizem que foi no primeiro de
abril, mas, deixa prá lá...)
Sei que não é um dia mais para festividades, no entanto, sei
também que, ainda hoje, estamos colhendo suas consequências, ao vivo, como com
o Sarney e o Lula, ou ao morto como com tantos outros. Voltei a dormir, e
quando acordei, voltei à realidade, não sei se mais ou menos cruel.
Tanto que, está marcada para Brasília nesta data
comemorativa uma manifestação dos “mortadelas
boys”, para tentar evitar que a presidenta incompetenta seja impichada. Eu,
no meu atroz otimismo voltei a divagar: “Que
bela data para se comemorar a queda do governo petista!”. Ou seja, meu
devaneio me fez esquecer que não há mais governo em Brasília.
O que há na realidade é o Supermercado Planalto, com filial
no Alvorada, comprando votos de deputados para que o estabelecimento comercial,
já tão de prateleiras vazias, não mude de administração. E dizem que estão
aparecendo muitos fornecedores, inclusive do PMDB que disse ter saído do
governo recentemente.
Pelo o texto do Ricardo Noblat, que transcrevo abaixo, um
voto está valendo quase R$ 1 milhão, e se fingir-se de doente, para não
comparecer, está valendo mais de R$ 400 mil. Pensam que está caro? Que nada!
Embora não esteja na tabela de preços dizem que foi pago um ministério “de
porteira fechada” ao PTN, que é um partido, mas, não sei o que significa, para
que seus deputados votem contra o impeachment da Dilma, que se considera
inocenta. E o comércio continua de vento em popa.
E, como vocês lerão no texto, pelo o resultado da pesquisa
do IBOPE, recém divulgada, sabe-se que 70% dos brasileiros e brasileiras não
aprovam mais o governo, chegando este
percentual a 87% nas classes mais esclarecidas. Fica a pergunta: Como ainda
temos deputados para ir ao Supermercado Planalto negociar votos?
Como dizia uma música do, se não me engano, Jararaca e
Ratinho, “tá tudo errado, cumpade! Tá tudo
errado!...” . Ainda leio que, o Renan agora só é visto andando em Brasília,
em cima do muro, descendo e subindo de acordo com as conveniências, para se manter
por cima.
São tantas as desilusões que voltei a dormir. Foi pior. Tive
um pesadelo que me levava, outra vez, a comemorar o 31 de março, em “ombro armas”. E eu olhava para o
palanque e não distinguia quem estava no comando do desfile, se um homem ou uma
mulher. Penso que era uma mulher porque estava de vermelho. Acordei suando e
assustado...
Agora fiquem com o Noblat, que eu vou me recuperar do
pesadelo, vendo quantas mortadelas vale a Democracia.
“Está em curso um golpe às escondidas para impedir a realização de um
desejo da esmagadora maioria dos brasileiros – o de ver o governo da presidente
Dilma pelas costas.
Sabe quanto custará o golpe na boca do caixa? O que está sendo
oferecido a deputados para que votem contra o impeachment ou se abstenham de
votar.
Os que votarem contra receberão R$ 1 milhão para a construção de obras
em seus redutos eleitorais. Os que faltarem à votação, R$ 400 mil. Fora cargos. Isso era o que o governo oferecia até
ontem à noite.
Mas o mercado de votos para derrotar o impeachment está com viés de
alta. E é por isso que dirigentes de partidos e deputados individualmente
preferem esperar para decidir na próxima semana.
Até lá, o preço do apoio ao governo ficará mais caro. O dinheiro sairá
via liberação de emendas apresentadas pelos parlamentares ao Orçamento da
União. O governo só libera tal dinheiro quando carece de apoio.
Nunca careceu tanto como hoje, quando se vê ameaçado de não chegar ao
fim do mandato de Dilma. Dito de outra maneira: quando vê o fim do mandato se
aproximar velozmente.
O governo precisa de 172 votos ou de 172 abstenções para sobreviver ao
impeachment. Dilma foi dormir, ontem, imaginando contar com 130 fechados. A
oposição foi dormir contando com 306.
Para aprovar o impeachment, a oposição precisa que 372 deputados, dos
513, comparecam ao plenário da Câmara no dia marcado e votem “sim”. Não vale
abster-se. A meta dela é chegar lá com 380 votos.
A meta do governo é chegar no dia da votação com 290 a 300 votos ou
abstenções. Nos 130 que diz já ter, estão apenas sete votos do PMDB, dono de
uma bancada de 59 deputados federais.
A mais recente pesquisa nacional do IBOPE, divulgada ontem, mostrou que
69% dos brasileiros consideram o governo de Dilma péssimo ou ruim. Ótimo e bom,
só 10%.
Não confiam em Dilma: 80%. E 82% desaprovam sua maneira de governar.
Para 80%, o segundo governo Dilma está sendo pior do que o primeiro, e 68%
acham que o restante dele será ruim ou péssimo.
Entre as pessoas que têm até a quarta série do ensino fundamental, 70% desaprovam
e 24% aprovam a maneira de governar de Dilma. Entre os que têm educação
superior, 87% desaprovam e 9% aprovam.
Entre dezembro último e a este mês, a desaprovação ao governo saltou de
17% para 60% entre as pessoas que ganham até um salário mínimo, justamente as
mais pobres e beneficiadas pelos programais sociais do PT.
Políticos mais críticos apelidaram o Congresso de “Clube da Falsa
Felicidade” Na maior parte do tempo, deputados e senadores se comportam como se
Brasília fosse um local muito distante do Brasil.
Qualquer pesquisa que ouça apenas deputados e senadores registrará
avaliações bastante diferentes daquelas registradas por pesquisas que ouvem os
brasileiros comuns pelo país a fora.
É quase unânime no Congresso a opinião de que o governo é ruim, e Dilma
pior do que ele. No entanto... Os políticos têm seus próprios interesses que
nem sempre coincidem com os dos seus eleitores.
No momento, eles querem extrair de um governo débil tudo o que ele
ainda tenha para dar. No dia da votação do impeachment, a depender das
circunstâncias, poderão votar contra o impeachment, abster-se ou votar a favor.
Por circunstâncias, entenda-se: o clima do país nas ruas; as pressões
via redes sociais; o que receberam ou não do governo para ajuda-lo; e o que
esperam receber de um eventual governo Temer.”
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