Por Zezinho de Caetés
Penso que não sou só eu que vive pelas ruas triste e
desiludido com os rumos que nosso país está tomando. Quando a grande questão
política de um povo é quem é dono de um sítio ou quem comprou os pedalinhos dos
netos do Lula, tudo isto me faz querer voltar para o meu aconchego e não sair
mais de lá.
Fora esta grande questão, que nos faz descer ao fundo do
poço republicano, temos a substituição do Ministro da Justiça, dizem, pelo
simples motivo de não estar colocando freios na Polícia Federal e no Ministério
Público, pois estes andam tentando denegrir a imagem do dono dos pedalinhos do
sítio de Atibaia. Vejam que tarefas importantes, a Dilma, nossa mais
incompetenta presidenta, tem que realizar, para não ser defenestrada do poder
com a ajuda do PT.
Que o Maduro nos espere, estamos quase chegando lá, com
crise econômica e tudo. O que importa mesmo é, como disse aqui ontem, o
terceiro reinado do Lula, que quer mostrar que em tudo é melhor do que o FHC.
Além de barrá-lo em termos de títulos de doutor (parece que o placar está em
631 x 1, a favor dele) ele quer também superá-lo em termos de mandatos
presidenciais. E para isto, se tivesse que pisar no pescoço da Dona Lindu, ele
não hesitaria um segundo.
A história da troca de ministros recente é tão escabrosa
para os valores republicanos de transparência que chegamos a perder as
esperanças em nossa tenra democracia. E todos sabemos que tudo isto acontece
para que a verdade não apareça. Afinal de contas como poderia o Lula fazer um
depoimento e responder a pergunta: “De
quem é o sítio de Atibaia?”, jurando “pela
sua mãe” que diria a verdade. Coitada da Dona Lindu!
Então, o melhor mesmo e fugir da raia e usar a Dilma para
evitar que tudo venha à tona, pois já se sabe que a lama é tão profunda que
deixaria o desastre de Mariana no chinelo.
Deixo com vocês um texto do Hubert Alquéres que mostra mais
detalhes com o espírito revelado no seu título: “Sobre anéis e dedos” (Blog do Noblat). Em resumo, o Lula está
disposto a perder os anéis, para não perder outro dedo, e se aposentar outra vez,
agora da política. Mas, a manutenção ou não dos seus dedos depende muito de
nós. Vamos às ruas em 13 de março, dar mais um dedo a ele.
“Uma das peças de resistência da presidente Dilma Rousseff tem sido a
alegação de que seu governo se pauta de forma republicana, sem interferir no
andamento de ações que investigam a ela própria ou seus aliados. De fato não
havia, até agora, episódios significativos que contrariassem este argumento.
Mas o sinal amarelo acendeu, com a substituição de José Eduardo Cardozo por um
homem da confiança de Jacques Wagner, no Ministério da Justiça. Nitidamente a
presidente cedeu às pressões do PT e de Lula, que viviam pedindo a cabeça de
Cardozo, por considerá-lo um frouxo no monitoramento da Polícia Federal.
É mais um capítulo da “guerra-fria” entre Dilma e Lula. A relação entre
a criatura e o criador lembra aquele casal pequeno burguês da Ópera do
Malandro, obrigados a viver sob o mesmo teto “até que a casa caia, até explodir
o ninho, até o fim dos dias”. Não se
suportam, é verdade, mas um depende do outro para sobreviver.
A presidente sempre tem cedido, para prolongar o fim do casamento. Quer
dizer, cede, sem ceder. Por pressão do seu criador, defenestrou o ministro
Joaquim Levy. Manteve, porém, o essencial da política econômica e namora com
medidas capazes de provocar infarto de miocárdio em muitos petistas: reforma
previdenciária, teto para os gastos públicos, restrições a aumentos reais do
salário mínimo.
A mesma dança pode ter acontecido, agora, na troca da guarda no
Ministério da Justiça. Dilma pode ter entregado os anéis para preservar os
dedos. Diante de um Lula às raias da loucura - capaz de tudo para limpar a sua
folha corrida - concordou com a degola. Mas não nomeou como novo ministro quem
seu criador e a cúpula petista desejavam: o deputado petista Wadih Damous,
ex-presidente da OAB.
Damous era o homem escalado pelo lulopetismo para por um freio na PF,
para “disciplinar” e “monitorar” suas ações, para submetê-la ao controle férreo
do Palácio do Planalto, leia-se, dos interesses do caudilho de impedir os
avanços das investigações.
Até certo ponto e grau, a opção de Dilma por um nome de perfil mais
moderado, o procurador Wellington Lima, bem como sua decisão de manter, por
ora, o chefe da PF, Leandro Daiello, não são coincidentes com os planos de um
Lula impaciente e disposto a soltar seus cachorros para cima de sua criatura,
se ela não o blindar suficientemente.
Dilma viverá, portanto, nova prova dos nove.
A Lava-Jato tem sua dinâmica própria. Suas investigações não são
determinadas ou controladas pelo Planalto. A Polícia Federal tem sua autonomia
funcional. Além disso, uma nova cultura vem se formando no país, graças à ação
do Ministério Público, da Justiça e do próprio aparato policial. Nesta nova
cultura, extremamente republicana, não há homem acima de qualquer suspeita.
Qualquer retrocesso terá impacto fortíssimo na sociedade, para não
dizer na própria Polícia Federal. Já imaginaram uma greve da PF, contra
ingerências nas investigações, na autonomia funcional da corporação? Seria um
escândalo internacional.
Dilma sabe de tudo isto. O seu problema é que Lula só quer saber de
salvar a sua própria pele. Exige demonstrações de “fidelidade” sob pena de
autorizar o PT a tocar fogo no circo.
Vontade não falta, para muitos petistas.
O sonho de consumo de Lula é ter no cargo um comissário mão de ferro,
capaz de fazer tudo que o mestre mandar.
Só falta conferir se Dilma está disposta a se imolar para salvar Lula.”
Segundo eles, Dilma traiu a
causa. Ou, como disse o senador Lindemberg Farias, de forma pouco sutil: “a
presidente escolheu uma pauta que vai contra os nossos”.
Diante do avanço da Lava-Jato, Lula não se contentará apenas com os
anéis. Exigirá também os dedos: a
transformação da PF e do Ministério da Justiça em correias de transmissão de
seus interesses pessoais e partidários.
Ainda assim será pouco. Vai exigir também mudança de rota na política
econômica. Nelson Barbosa que se cuide. E o novo ministro da Justiça também.
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