Normandia - Dia D |
Por Zezinho de Caetés
Eu começo a teclar quase sem assunto. Deu-me vontade de
escrever sobre os atentados em Bruxelas ou sobre a visita do Obama a Cuba, entretanto,
perguntei a mim mesmo: Quem iria ler-me?
Justifico a pergunta: Se hoje, no Brasil, está marcado um
“Dia D” para o PMDB, quem irá ler sobre outro assunto? Depois de 50 anos de
existência, este partido, pela primeira vez (não sei se estou certo
historicamente, mas, psicologicamente, sei que estou) resolveu cair fora das
tetas governamentais.
Vocês já imaginaram um Brasil sem nenhum peemedebista
pendurado em nenhum cargo do governo? Pois é o que estão anunciando.
Alguém perguntará, com lógica, por que eu disse que estava
com falta de assunto? Ora, senhores, quem acompanha este partido sabe muito bem
que, até 15 horas de hoje, para a qual está anunciado o grande desembarque do
governo, o Temer poderá se compor com o Lula e com a Dilma e mandar suas tropas
recuarem. O “Dia D” se transformaria no “Dia B”, dos bobos, que seríamos todos
nós.
É com este espírito que digo que deveria evitar o assunto,
pois, neste país, no qual o meu conterrâneo Lula ainda não elucidou quem é dono
de sua vida, pois ele nada possui, tudo poderá acontecer num só dia, como
aconteceu na Normandia com o verdadeiro Dia D.
Lá, na França, morreram milhares de homens, aqui se houver o
“Dia D” do PMDB, é provável que o Temer, assuma o poder sem nenhuma morte, a
não ser de alguns mosquitos Aedes Aegypti, que são os protagonistas maiores de
nossa miséria política, econômica e social, nos últimos tempos.
Então, para não dar a notícia errada, temos que falar do “se” o PMDB não der para trás até de
tarde, já poderemos dizer com quase certeza que, em breve, termos o “Dia PT”,
que será aquele onde o PT desembarcará do Brasil, e de preferência que vá para
Venezuela, pois o Maduro precisa muito mais dele, para não ter o seu dia, do
que nós.
Transcrevo abaixo, para não perder o hábito um texto do
Ricardo Noblat, hoje em seu blog, com o título de “Temer adverte: Não há porquê o PMDB festejar a saída do governo”,
mostrando que até o Temer, teme não está ainda muito a vontade com os
resultados do desembarque, e nos mete medo, pelo menos até quando for realizada
a reunião do seu partido. Se não fosse assim, ele estaria mais alegre, e nós
também.
Fiquem com o Noblat, que eu vou ficar ligado nas notícias
para ver se realmente haverá desembarque ou o Temer, Renan e Sarney mandarão as
tropas voltarem, pela dificuldade que terão de deixar o governo. Aliás o Sarney
deve fazer uns 80 anos que não vai para oposição de verdade. E, vejam bem, isto
será até o impeachment da Dilma, mesmo assim...
“No calendário montado pelo PMDB para finalmente chegar ao poder dispensando intermediários, há três datas
decisivas: a do desembarque do partido do governo; a da votação pela Comissão
Especial da Câmara dos Deputados de relatório favorável ao impeachment da
presidente Dilma; e finalmente a da aprovação do impeachment pelo plenário da
Câmara.
Se as três datas forem ultrapassadas com êxito, duas outras não deverão
reservar surpresas. A saber: o recebimento pelo Senado do pedido de impeachment
encaminhado pela Câmara; e a aprovação final pelo Senado do pedido de impeachment.
Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado, já informou a Dilma que seus
colegas não terão condições de rejeitar o pedido depois que a Câmara o aprovar.
A primeira das três datas decisivas é hoje. Logo mais, a partir das
15h, na sala da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, o Diretório
Nacional do PMDB decidirá por aclamação romper com o governo. A partir daí,
ministros do partido e ocupantes de cargos públicos indicados pelo partido
deverão abandonar o governo de imediato. Dos sete ministros até ontem do PMDB,
um, o do Turismo, já saiu.
Alguns ministros foram dormir, ontem, com a disposição de resistir nos
cargos, embora sujeitos à expulsão do partido. Um deles, o senador Eduardo
Braga (PMDB-AM), das Minas e Energia, tomou o café da manhã com o vice Michel
Temer no Palácio do Jaburu e tentou convencê-lo a adiar a reunião. Ou a
permitir que ficassem no governo aqueles que desejassem ficar. Temer respondeu
que já não seria mais possível.
Foi a mesma resposta que Temer havia dado a Lula que, no último
domingo, conversou com ele por meia hora na sala VIP da presidência da
República no aeroporto de Congonhas, em São Paulo. Dali, Temer voou para
Brasília, onde foi recepcionado na Base Aérea pelos sete ministros do PMDB com
o pedido de que adiasse a reunião do diretório. Foi Lula, depois da conversa
com Temer, que articulou a recepção.
Ainda na Base Aérea, Temer admitiu adiar a reunião. Horas depois, no
Jaburu, recuou e manteve a reunião marcada para hoje. Fez mais ontem à tarde:
despachou Moreira Franco, um dos seus assessores, ao encontro do ex-senador
José Sarney (PMDB-MA), recém-eleito presidente de honra do PMDB. E recebeu a
visita de Renan no Jaburu. Moreira ainda estava com Sarney na casa dele quando
Renan telefonou para Sarney.
Renan contou a Sarney que tivera uma conversa “muito boa” com Temer. E
que concordara afinal com o desembarque do PMDB do governo. Não havia mais o
que fazer àquela altura. Dos 119 membros do diretório, segundo Temer, 114
votariam pelo desembarque. Depois de decisão nesse sentido tomada pelo PMDB do
Rio de Janeiro, igual decisão foi anunciada pelo PMDB de Minas Gerais.
Renan, Sarney e Temer combinaram não comparecer à reunião do diretório,
que será conduzida pelo senador Romero Jucá (PMDB-RR), vice-presidente do
partido. E Temer avisou a deputados e
senadores que não receberá ninguém no Jaburu depois que a reunião acabar. “Nada
haverá para ser comemorado”, disse ele a um amigo. De resto, Temer não quer
passar a impressão de que conspira para derrubar Dilma.
Tudo indica que a Comissão Especial do impeachment votará seu relatório
entre os dias 11 e 17 de abril. E que até o fim do mês, o plenário da Câmara
terá aprovado ou rejeitado o impeachment. Não tem se passado ultimamente um só
dia sem que se reduzam as chances de rejeição do impeachment.”
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