Por Zezinho de Caetés
Ontem foi o Dia Internacional da Mulher e pensei em Lucinha
Peixoto, nossa colega que se encontra em exílio voluntário em algum lugar neste
país. Hoje, vendo o que uma mulher faz com o Brasil, eu não sei o que ela
escreveria sobre o dia dela. Certamente, iria dizer que a Dilma, nossa
presidenta incompetenta, deveria sair da presidência “debaixo de vara”, como foi o Lula, mantendo a legalidade e as
instituições democráticas. Mesmo tarde, parabéns, Lucinha.
Tive a sensação de déjà
vu, pensando em Lucinha, e o Merval Pereira, em um texto de ontem, em seu
blog (título: “Déjà vu”), teve a
mesma sensação, pensando na operação “mãos
limpas” realizada lá na Itália, na qual, tal como aqui com a Lava Jato,
tentou-se acabar com a corrupção entre os políticos italianos.
Vale apenas ser lido, não só pelo seu conteúdo, mas, também
pela disseminação da informação já conhecida de que o nosso juiz Sérgio Moro é
um especialista na operação italiana, e sabe onde está pisando quando usa a
vara para pegar os petistas renitentes no roubo e na mentira como sói acontecer
aqui no Brasil.
Talvez se comparássemos o Lula com o Betino Craxi, o
político mais envolvido na operação italiana, a família do italiano poderia até
nos processar por calúnia, pois ele não chegou aos pés de meu conterrâneo em
termos enganação. O Lula, se houvesse um “Oscar”
para premiar o político mais “experto”
do mundo, ele ganharia para sua própria alma, a qual ele diz ser a mais honesta
de todo universo.
Em termos de dissimulação e mentiras o homem dá nó em pingo
d’água. Tentar enganar o Brasil dizendo que aquele tríplex do Guarujá e o sítio
de Atibaia não são deles, se conseguir, merece até voltar à presidência para
levar o resto das obras de arte do Palácio.
Mas, para sua infelicidade, no meio do caminho tinha um
Moro, tinha um Moro no meio do caminho, e agora Lula? A festa acabou, o barco
partiu, o sítio dançou, o tríplex sumiu, e agora, Lula?
E nem é bom conspurcar os poemas do nosso bardo maior, o
Carlos Drumond de Andrade, parodiando seus versos, mas, faço isto como uma
homenagem a maior parodista que conheci,
a minha amiga Lucinha Peixoto, que tanta falta nos faz numa hora destas.
Fiquem com o texto do imortal Merval Pereira e meditem se
não vale a pena levantar-se da cadeira e ir às ruas no dia 13 de março.
“No artigo que escreveu em 2004 para a Revista Jurídica do CEJ (Centro
de Estudos Judiciários) do Conselho de Justiça Federal sobre a Operação Mãos
Limpas ocorrida na Itália nos anos 1990, o juiz Sérgio Moro a classifica como
“uma das mais impressionantes cruzadas judiciárias contra a corrupção política
e administrativa”.
Quando destaca “a relevância da democracia para a eficácia da ação
judicial no combate à corrupção e suas causas estruturais”, Moro diz que “se
encontram presentes várias condições institucionais necessárias para a
realização de ação semelhante no Brasil, onde a eficácia do sistema judicial
contra os crimes de “colarinho branco”, principalmente o de corrupção, é no
mínimo duvidosa”.
Depois disso, já marcado como especialista no combate à lavagem de
dinheiro, ele assessorou a ministra Rosa Weber no julgamento do mensalão no
Supremo Tribunal Federal e hoje está à frente da Operação Lava-Jato, que caiu
em seu colo em Curitiba por uma associação de fatores que levaram a
investigação quase banal de doleiros ao centro de um dos maiores escândalos de
corrupção política do mundo, como o caso da Petrobras foi classificado
recentemente pela ONG Transparência Internacional.
No artigo ele analisa o caso de Bettino Craxi, líder do Partido
Socialista Italiano (PSI) e ex-primeiro-ministro, um dos principais alvos da
Operação Mãos Limpas. Moro ressalta que Craxi, já ameaçado pelas investigações
e depois de negar várias vezes seu envolvimento, reconheceu cinicamente a
prática disseminada das doações partidárias ilegais em famoso discurso no
Parlamento italiano, em 3/7/ 1992, usando argumentos muito semelhantes aos que
o PT vem usando:
“(...) Mais, abaixo da cobertura
do financiamento irregular dos partidos, casos de corrupção e extorsão
floresceram e tornaram-se interligados. (...) O que é necessário dizer e que,
de todo modo, todo mundo sabe, é que a maior parte do financiamento da política
é irregular ou ilegal. Os partidos e aqueles que dependem da máquina partidária
(grande, média ou pequena), de jornais, de propaganda, atividades associativas
ou promocionais... têm recorrido a recursos adicionais irregulares. (...)
Em dezembro de 1992, relata Moro, Craxi recebeu seu primeiro avviso di
garanzia, um documento de dezoito páginas, no qual era acusado de corrupção,
extorsão e violação da lei reguladora do financiamento de campanhas. A acusação
tinha por base, entre outras provas, a confissão de Salvatore Ligresti, suposto
amigo pessoal de Craxi preso em julho de 1992, de que o grupo empresarial de
sua propriedade teria pago aproximadamente US$ 500.000,00 desde 1985 ao PSI
para ingressar e manter-se em grupo de empresários amigos do PSI.
Na segunda semana de janeiro de 1993, Craxi recebeu o segundo avviso di
garanzia, com acusações de que a propina teria também como beneficiário o
próprio Craxi, e não só o PSI.
Os pagamentos seriam feitos a Silvano Larini, que seria amigo próximo
de Craxi. Larini e Filippo Panseca seriam os proprietários da empresa da qual
Craxi alugaria suas mansões opulentas em Como e Hammamet. Craxi ainda recebeu
novos avviso de garanzia antes de renunciar ao posto de líder do PSI em
fevereiro de 1993. Sua popularidade logo se transformou em repúdio, e certa
ocasião foi alvejado por uma chuva de moedas na rua.
Também viu seu nome envolvido no escândalo da Enimont, empresa química
formada por joint venture da ENI (Ente Nazionale Idrocarburi), a empresa
petrolífera estatal italiana, e a Montedision, empresa química subsidiária do
grupo Ferruzi (considerado o segundo maior da Itália após a FIAT). O governo
acabou comprando a parte da empresa privada, mas a preço superestimado que
gerou o pagamento de cerca de cem milhões de dólares a vários líderes
políticos, dentre eles Craxi.
A operação mani pulite também revelou que a ENI funcionaria como uma
fonte de financiamento ilegal para os partidos, teria efetuado pagamentos
mensais aos principais partidos políticos durante anos. Bettino Craxi, diante
das acusações e posteriores condenações, auto-exilou-se, em 1994, na Tunísia,
onde veio a falecer no ano 2000.
O PSI sofreu uma grave crise financeira e em 94 o 470 Congresso resolveu
dissolver o partido. Seus seguidores acabam divididos ente o Forza Italia, de
centro direita, liderado por Berlusconi, e o Partido Democrático, de esquerda.
Mais tarde (98) surge o Socialisti e Democratici Italiani, e em 2009 voltou a
ser o PSI.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário