Por Zezinho de Caetés
Bem, até que enfim deu o “Dia D” e não o “Dia B”
(para entender melhor a distinção o leitor deve ter lido o que escrevi ontem,
aqui mesmo), pelo menos é o que pareceu, na reunião do PMDB, para sair do
governo. Digo “é o que pareceu”,
porque deste partido nunca se sabe se ele está andando para frente ou para
trás, pois tudo depende do número de cargos que a ele se oferece.
No entanto, sendo otimista, como eu sou, não mais com base
nos fatos da política brasileira, mas como uma questão de princípios, fiquei
alegre com a debandada e até com a festa onde se encontravam de Jarbas
Vasconcelos até Romero Jucá, passando por outros de menor expressão, porque o
Temer, não foi à festa, para, segundo ele, preservar a “liturgia do cargo”, citando Sarney. Aliás, o Renan também não foi,
embora eu não saiba se pelo mesmo motivo, ou com medo de ser vaiado.
Até o final da reunião, ou seja nos seus três minutos de
duração, minha ansiedade aumentou, pois não sabia o que o Romero Jucá, que a
presidiu iria dizer. Ele poderia, pela tradição partidária, naquele momento
solene, ainda dizer: “Viva Dilma, e Fora
Temer”. Não aconteceu e eu respirei aliviado.
E põe alívio nisto, porque passei a tarde toda à espera
deste desfecho, e, enquanto isto assistia à TV Senado, vendo de um lado o Senador
Cássio Cunha Lima e a Senadora Ana Amélia tentarem mostrar que o impeachment
não é golpe, com argumentos bem sólidos, enquanto o Senador Lindenberg Farias
(o Lindinho da tabela da Odebrecht) e
a Senadora Vanessa Graidiotin, tentavam, penso, pelas caras dos presentes, em
vão, mostrar o contrário.
Ou seja, no senado, já se estava tão certo de que o PMDB
iria mesmo desembarcar do governo que já se discutia o ponto futuro: “De quanto será o placar do impeachment”.
E eu com dúvidas ainda.
Mas, enfim, vamos supor que o PMDB vai mesmo sair do governo
(estou batendo na madeira) e a pergunta que não quer calar é: “E depois?”. Resposta dos otimistas, como
eu: “Virá o impeachment!”. E depois?
Virá o Temer. E aí é onde está o busílis.
Da maneira como o PT deixou nossa economia, da qual ouvi
ontem o Ministro da Fazenda, tentar dourar a pílula na Comissão de Assuntos
Econômicos do Senado, e lembrando do Delcídio que a presidia e agora é a Gleise
Hoffman, é quase impossível que, pelo menos nos dois anos que lhes restam de
governo, ele consiga reverter o quadro negro em que nos encontramos.
E eu estou seguindo os meus princípios de otimismo, porque
me lembro do Itamar Franco. Será que o Temer tem na cartola um novo Plano Real?
Pelo que sinto, a situação econômica e social é pior do que naquela época, e o
FHC, não tem mais idade para ser Ministro da Fazenda. Pelo menos agora não
seria mais Plano Real, pois foi o “real”
que o PT desvalorizou. Quem sabe o Plano
Cururu?
Sei lá! Talvez, se mudássemos nossa moeda para o Cururu, nos custaria menos desfazer as
lambanças que o PT fez em nossa economia, que são, em parte, mostradas pelo
José Casado, no texto transcrito abaixo (O Globo – 29/03/2016) que ele intitula
de “Perdidos na escuridão”, o que é
uma descrição exata do que hoje é o governo da presidenta incompetenta
ineficienta Dilma, agora coadjuvado pelo meu conterrâneo, o Lula, que agora é o
“Ministro Porcina”, que é aquele que
foi sem nunca ter sido.
Aliás, dizem que ele agora desistiu de ser ministro “de araque”, pois está se dando muito bem
como presidente informal, lá num hotel de Brasília, distribuindo os cargos que
eram do PMDB para outros partidos, nesse nosso regime de “presidencialismo de coalizão” que deveria se chamar de “presidencialismo de corrupção”.
Será que mudará com o Temer? Sei não, mas, meu otimismo
ainda não é tanto. Esperemos o Plano Cururu!
Agora fiquem com o Casado e vejam com quantos impeachments
se faz uma democracia, que eu vou ver quantos cururus eu tenho para comprar o
pão nosso de cada dia.
“─ Como é a cegueira?
— Uma das primeiras cores que se perde é o negro — respondeu o escritor
de 86 anos, há quatro décadas sem visão. — Perde-se a escuridão e o vermelho
também… Naquela direção, onde está a janela, há uma luz. Vejo movimento mas não
coisas. Não vejo rostos e letras.
A névoa densa na política deste outono deixou governo e Congresso em
estado de anopsia similar ao descrito por Jorge Luis Borges na sua última
entrevista, em 1985, ao repórter Roberto D’Ávila. A bruma encobre a
transformação do país numa fábrica de desilusões.
Foram 13.100 novas demissões a cada dia útil dos últimos 12 meses no
mercado formal de trabalho. Antes do carnaval, pesquisadores do IBGE contaram
nove milhões de pessoas à procura de ocupação em 3.500 cidades. A perspectiva é
de que esse contingente aumente para 13 milhões no segundo semestre.
Encerra-se o capítulo da “inclusão social”, celebrado na marquetagem
eleitoral da última década, com uma combinação nefasta de mais desemprego e
declínio na renda familiar dos mais pobres (7,4%). A reversão do bem-estar
social, pelo aumento na desigualdade, acaba de ser confirmada por pesquisadores
como Marcelo Neri, da Fundação Getúlio Vargas.
Há um fenômeno novo, detectou a Associação das Empresas de Transportes
Urbanos: as pessoas reduziram seu movimento nas maiores cidades. Ônibus levam
menos um milhão de passageiros por dia, em comparação a 12 meses atrás. Na
periferia, segundo a entidade, cresceu a preferência pela viagem de bicicleta
ou a pé.
Na região mais industrializada registrou-se o fechamento de 20 fábricas
a cada dia útil, informa a Junta Comercial do Estado de São Paulo. Perderam-se
4.451 indústrias paulistas, 24% mais que nos 12 meses anteriores. Agora,
avança-se no quarto ano seguido de recessão, com inflação alta e recorde
mundial de juros.
Governo e Congresso se mantêm numa cegueira deliberada. A oposição em
transe dedica-se à demolição de pontes para o futuro com “bombas” legislativas,
como a de R$ 330 bilhões da semana passada, que turvou uma das raras iniciativas
construtivas dos últimos tempos — o acordo feito pelo senador Tasso Jereissati
(PSDB-CE) para aprovação da Lei das Estatais.
O governo perde-se em desvarios. Dilma Rousseff fez do Planalto um
escritório de advocacia 24 horas. Faz comícios e, quando não insinua seu desejo
de prisão para o juiz que autorizou o grampo do telefone de uma pessoa
investigada, Lula, recita imaginário “golpismo” num pedido de impeachment,
previsto na Constituição que o PT se recusou a subscrever.
Esconde que o seu partido, sob comando de Lula, apoiou nada menos que
50 petições similares contra três presidentes entre 1990 e 2002. Foram 29
contra Fernando Collor, quatro contra Itamar Franco e 17 contra Fernando
Henrique Cardoso. Lula superou 34 pedidos de impeachment. Dilma somava 49 até
ontem à noite — no último é acusada de usar seu poder constitucional para
proteger um investigado, dando-lhe “auxílio direto” para escapar “do juiz
natural das investigações”.
A luz sobre negociatas como modo de governo, nos inquéritos sobre
corrupção, cegou os que fazem política. Tateiam paredes do labirinto da crise
que construíram, e não enxergam a saída.”
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