Meio Milhão |
Por Zé Carlos
Ontem, logo depois de publicar um texto que procura cobrir
os acontecimentos da semana, casualmente, fui ver as estatísticas deste Blog.
Olhei lá e me surpreendi: Tínhamos alcançado a marca de 500.000 visualizações,
ou seja, “meio milhão”. Historio.
O blog, logo epitetado pelo Roberto Lira de AGD, nasceu em 2010, logo com uma dúvida
existencial: Qual seria o seu nome? E a dúvida foi resolvida pelo desejo de
fazer a A GAZETA, jornal de papel, do nosso querido (no bom sentido, já que
hoje quem usa estes termos na malícia são a Dilma e o Lula) Luis Clério, ter um
ramo digital, o que ele ainda hoje não tem, mas certamente terá. Depois de
pedido de autorização para usar a marca, e discutir com todos o que, com ele,
queríamos fazer, batemos o martelo e o batizamos de A GAZETA DIGITAL.
E, temos certeza, não fomos original. Começamos em novembro
daquele ano, com uma poesia, porque ainda não tínhamos decidido exatamente por
onde caminhar. Só tínhamos uma meta correta, e que já a dobramos, triplicamos,
etc. etc.: Informar, o máximo que podíamos, aos nossos conterrâneos, de Bom
Conselho de Papacaça. Eis nossa primeira postagem:
Amor é fogo que arde
sem se ver
Por Luís de Camões
Amor é fogo que arde
sem se ver;
É ferida que dói e não
se sente;
É um contentamento
descontente;
É dor que desatina sem
doer;
É um não querer mais
que bem querer;
É solitário andar por
entre a gente;
É nunca contentar-se
de contente;
É cuidar que se ganha
em se perder;
É querer estar preso
por vontade;
É servir a quem vence,
o vencedor;
É ter com quem nos
mata lealdade.
Mas como causar pode
seu favor
Nos corações humanos
amizade,
Se tão contrário a si
é o mesmo Amor?
Somente no mês de dezembro deixamos a poesia de lado (não
completamente, pois não somos poetas, mas gostamos muito de poesia) para
explicar nossas pretensões, com o seguinte texto:
“O Início
Por Zé Carlos
Quando sentei para
escrever, não sabia ainda se começaria este artigo citando a Bíblia ou um
provérbio chinês. Pensei muito, o tempo esgotou e escolhi o provérbio que diz:
“Mesmo para fazer uma grande caminhada, é preciso dá o primeiro passo”. Para não
sofrer logo alguma represália por ter preterido o Livro Sagrado eu digo o que
iria escrever se o começasse citando: “No princípio era o verbo. O verbo se fez
carne e habitou entre nós”. Isto eu me lembro “de ouvido”, da minha infância,
das leituras religiosas, portanto não sabia qual o evangelista que o disse.
Como estou junto a uma religiosa plena, só foi perguntar a Lucinha Peixoto,
pelo telefone. Ela então mandou brasa dizendo que o evangelista é João e que a
citação é do Capítulo 1, e disse que eu poderia ter expressado o que tinha a
dizer com a citação se dissesse assim:
“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era
Deus.
Ele estava no princípio com
Deus.
Todas as coisas foram feitas por
intermédio dele, e sem ele nada do que foi feito se fez.
E o Verbo se fez carne, e
habitou entre nós, cheio de graça e de verdade; e vimos a sua glória, como a
glória do unigênito do Pai.”
Não quis mais ouvir a pregação, dei uma enrolada no telefone e continuo
a escrever, mostrando que, o que vem a seguir tem a ver com as duas frases
acima, embora, mais com o provérbio chinês.
Tanto tempo faz que
não escrevia que já são horas sentado aqui procurando as palavras certas. Nos
últimos 30 minutos descobri que as palavras certas são aquelas que escrevemos.
O que lamento é que ainda neste nosso país ainda existam milhões de pessoas que
não sabem escrever nem as palavras certas e nem erradas. Ora, se tive o
privilégio de está do outro lado da ponte, porque tanta dúvida em usá-las. Elas
são o nosso poder para ajudar àqueles que nos acenam lá na outra margem.
Hoje é o segundo dia
de nosso blogjornal, A Gazeta Digital. Não foi uma iniciativa minha. Foi um
chamado. Anos passados, criei uma empresa virtual, com sede em Caldeirões, e um
bando de pessoas, que hoje todos já conhecem, me ajudou a colocar um monte de
vídeos na internet. O tempo passou e vi que os meus neurônios, que são uma
porção, mas, estão todos de cabelos brancos, não poderiam enfrentar a
computação gráfica, isto é coisa para neurônios juvenis. Resolvi dar um tempo e
me dedicar aos afazeres domésticos de um aposentado de milícia. Já estava
querendo voltar ao batente, quando alguns amigos da CIT me procuraram e me
fizeram a proposta, que até agora não parece ter sido indecente: criar um blog
de notícias para Bom Conselho. Aceitei e aqui estamos, depois de reuniões, com
mais brigas do que reuniões do PMDB com o PT.
Não poderei explicar
aqui, hoje neste início, tudo a que nos propomos, e, os meus e minhas colegas
de trabalho, mesmo sem o dono do Banco Panamericano, faremos isto ao longo do
tempo, e os nossos leitores observarão o que pretendemos. Seguiremos um lema,
que parece que foi o Che Guevara, não o Altamir Pinheiro do Blog Chumbo Grosso
de Garanhuns, mas, o verdadeiro, deveria ter dito: “Poderemos até dar porradas,
mas sem perder a ternura jamais”, e nem o senso de humor. Aquele velho objetivo
da CIT, de “provocar risos e emoções”, pode até ter sido encampado pelo nosso
blogjornal, eu só diria que pesaremos mais um pouco nas emoções, e que muitas
não nos causarão risos porque são fincadas na realidade das notícias de nossa
terra e de outras bandas.
Só como exemplo, hoje
apenas dei uma olhada nas manchetes do jornal que assino e vi lá na primeira
página: “Marinha quer vender mangue em Boa Viagem”. Eu pensei logo, prá que
diabo alguém quer comprar o mangue? Pasmem, querem torná-lo um espaço
imobiliário. Na certa serão construídos mais alguns espigões no local. Espero
que os outros órgãos públicos e a população intercedam por nós. Logo a Marinha,
que dizem ter brilhado para expulsar os bandidos do Rio de Janeiro!? Até hoje
pagamos à Marinha para usar uma extensa faixa de nossa terra, e agora ela quer
vender. Será que o capitalismo nosso de cada dia já chegou a este ponto?
Privatizar, eu concordo, mas a Marinha é demais.”
E ao dar nosso primeiro passo, não tínhamos esperança de
chegar tão longe. Digo que, em termos de audiência já estivemos melhor, quando
tínhamos nosso Mural com livre expressão, que nos foi tirada pelo processo
movido contra nós pelo vereador de Bom Conselho, o senhor Genival Cavalcante
Tavares. Tivemos que restringir o Mural e sua espontaneidade foi quebrada
diminuindo os acessos.
Confessamos que pensamos em parar, mas, achamos que Bom
Conselho não poderia ser privado de informações somente porque alguém se
insurge sobre o que se publica sobre ele. Nos adaptamos, continuamos e vejam,
chegamos ao “meio milhão” de acessos. Esperamos que o vereador que nos
processou tenha este ano “meio milhão” de votos”, apesar de não votarmos nele.
E, como diz o provérbio chinês, que citamos em nosso Início,
já estamos com muitos passos dados, mas não cansados. E para mostrar isto terminamos
com poesia do nosso do primeiro passo, mostrando que o escritor, tal qual o
poeta, é também um fingidor, só que muitas vezes ele não reclama nem das dores
que sente.
Autopsicografia
Por Fernando Pessoa
O poeta é um fingidor.
Finge tão
completamente
Que chega a fingir que
é dor
A dor que deveras
sente.
E os que lêem o que
escreve,
Na dor lida sentem
bem,
Não as duas que ele
teve,
Mas só a que eles não
têm.
E assim nas calhas de
roda
Gira, a entreter a
razão,
Esse comboio de corda
Que se chama o
coração.
Muito obrigado pelos acessos, que se devem, em sua maior,
aos escritos de nossos colaboradores a quem também agradecemos.
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