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sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Um réquiem para Dilma




Por Zezinho de Caetés

Hoje, depois do rebaixamento do Brasil, com todos os jornais do mundo gritando: “O Brasil é caloteiro”, o Brasil é caloteiro”...., eu acordei triste e daí o título que dei a este texto. Eu coloquei o Mozart na vitrola e fui ler a mídia. Encontrei lá o Reinaldo Azevedo (“Riobaldo do adeus” – Folha de S. Paulo – 11/09/2015) como representante deste sentimento de todo o brasileiro.

Como verão lá embaixo, seu escrito assim começa: “Dilma deveria renunciar. Seria um gesto delicado com o Brasil.” Eu, digo: É um otimista. Tenho quase certeza que a Dilma não renunciará, e será nossa obrigação cívica “renunciar” ela antes. E isto é possível, e cada vez mais possível, dentro da lei e da constituição, porque eu nunca vi tanta lambança ilícita junta.

Deixar o Brasil, para ganhar uma eleição (em que ela prometeu fazer até o diabo para isto), cair numa situação como a que estamos em todas as áreas, política, econômica e social, é um crime de responsabilidade infame, que consta da lei dos homens, mas, se não constasse deveria estar na Lei de Deus.

O sofrimento do povo, e o PT hoje já admite que o povo está sofrendo, dizem que existe porque o lulopetismo queria era que todo pobre ficasse rico e que todo rico ficasse pobre para fazer justiça social. Levaram todos a ficarem pobres, e vão, certamente, se continuarem a mandar, elevar a desigualdade social a níveis nunca vistos.

E o meu conterrâneo Lula, chega à Argentina, depois de ter dado as declarações que ontem mencionei aqui, em 2008, disse ontem que a perda do grau de investimento, ou sua consequência de o Brasil ser considerado um caloteiro em potencial, “não representava nada”. Só pode ser um irresponsável.

E hoje, não é só necessária a saída da Dilma, mas, também começar uma luta para que o meu conterrâneo volte para Caetés, onde obterá asilo, apesar do povo não querer mais nem falar nele. Isto evitará que proximamente, com o afastamento da corja petista de quaisquer cargos públicos, estejamos celebrando um missa de réquiem pelo nosso amado país.

Fiquem, com o Reinaldo Azevedo, que sabe melhor da vida do Riobaldo, do que eu.

“Dilma deveria renunciar. Seria um gesto delicado com o Brasil. Todos receberíamos a decisão como um pedido de desculpas, ainda que silencioso. Não é possível que ela não perceba que já não tem como fazer parte da solução. Tornou-se só um catalisador de problemas.

A presidente precisa reler aquele seu Riobaldo de uma nota só: "O que ela [a vida] quer da gente é coragem", tomada a frase como sinônimo de teimosia e resistência. Até porque o sentido original do texto –vá lá ver, leitor, em "Grande Sertão Veredas"– é outro. Minas lhe oferece uma saída honrosa, com Drummond: "Há uma hora em que os bares se fecham/ e todas as virtudes se negam". Acabou.

Não é conspiração, não é golpe, não é tramoia, não é sina, não é nem mesmo fraqueza. Memórias de um ex-jagunço sentimental e sentencioso, em momentos assim, viram só mais uma pedra no meio do caminho. É a realidade, a carnadura concreta da poética do poder, para apelar um pouquinho a João Cabral, que impõe à petista o ato elegante. Dou de barato que ela fez o possível, atendendo aos ditames de sua formação intelectual e do partido em cujo altar teve de se ajoelhar.

Temos aí "a soma e o resto", para citar Henri Lefebvre, que rompeu com o Partido Comunista quando a petista desta história tinha só... 11 anos!

Não é que tenha dado tudo errado com o seu governo. Em certa medida, deu tudo certíssimo, segundo, ao menos, a matemática entranhada nas coisas. As despesas cresciam sistematicamente acima da receita. Quando o binômio supervalorização das commodities/modelo ancorado no consumo evidenciou que não era sustentável, a partir de meados de 2012, ela resolveu alimentá-lo com medidas adicionais que... aumentaram as despesas e diminuíram a receita! As tarifas públicas foram represadas para conter a inflação, estimulada pelos anabolizantes injetados na economia. E o país quebrou. CQD. Como queríamos demonstrar.

Quantas vezes a mandatária foi advertida para o que havia do lado de lá do sinal de igualdade da equação petista? Não obstante, os críticos eram demonizados, ridicularizados, tratados como inimigos do povo. Ainda hoje se procura fazer deles uma caricatura, desqualificando-os como interlocutores do jogo democrático –e a interlocução na democracia se faz é entre adversários, não entre aliados. No fim das contas, vamos convir, nem a senhora, presidente, nem seu partido entendem direito essa conversa de tensão virtuosa entre contrários. O petismo atua é para eliminar os que não se rendem.

Agora não há mais tempo. Algum entendimento terá de ser feito para convencer a sociedade de sacrifícios adicionais, além daqueles que já estão em curso. Ou é isso, ou vem por aí uma espiral negativa de longuíssima duração. E a arena desse pensamento não é o Ministério da Fazenda. A Joaquim Levy, ou a outro, entregar-se-á uma máquina de calcular números. A realidade exige alguém que seja bom no cálculo político.


Ocorre que isso não se faz sem uma relação de confiança, que não existe mais. É preciso saber identificar o momento em que todos os bares se fecham e as virtudes se negam. Tá bom, presidente! Eu a deixo com o seu Riobaldo. Mas com um outro –aquele que cobra da senhora é coragem.”

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