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quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Lula & Groucho Marx: "Estes são os meus princípios, e se vocês não gostarem deles... bem, tenho outros."




Por Zezinho de Caetés

No momento em que escrevo, ainda estou esperando o que vai acontecer com a “pauta bomba”, hoje no Congresso. Explico. Há uma série de despesas que foram aprovadas pelo Congresso, entre elas, o aumento de salários no Judiciário e a vinculação de aposentadorias ao salário mínimo, e que, a meu ver, de forma correta, a nossa gerenta presidenta, e desta vez, coisa rara, não incompetenta, vetou. Os nossos parlamentares vão decidir se derrubam os vetos da presidenta, ou não.

Dependendo do que acontecer nesta reunião, tudo em nossa política poderá mudar, como um passe de mágica. Então escrever muito é uma bobagem. Mas, tenho uma certeza que independente de tudo, ganhando ou perdendo no Congresso a Dilma já está perdida na política e faz muito tempo. Não há remédio que cure, e isto só prejudica o Brasil. A única solução viável, ou é a renúncia ou o impeachment, para o bem do Brasil.

Já o conterrâneo Lula, dependendo do que possa acontecer por lá pela Lava Jato, ainda temos dúvidas se ele seguirá o caminho da Dilma ou não. Todos já sabem que o Lula, depois que saiu de Caetés, só tem um objetivo na vida: Se dar bem! Dependendo do que isto significa, até agora ele conseguiu quase tudo que queria e até pode-se dizer que seu deu bem. Mas, a operação Lava Jato é o seu calcanhar de Aquiles. É uma interrogação ainda o que irá acontecer com ele.

Se minhas análises saíssem do meu desejo, ele já estaria na companhia de Zé Dirceu há muito tempo. Mas, venhamos e convenhamos, o “cara” é esperto. Eu lembro de uma frase de um cômico americano, o Groucho Marx, que dizia: “Eu não entro em clube que me aceita como sócio!”. O Lula poderia repetir que não entra em governo que aceita seus conselhos, depois da crise a qual o lulopetismo levou o Brasil.

Para que vocês detalhem o assunto tenho que transcrever outra vez o imortal Merval Pereira, num texto onde ele analisa o cerco ao Lula (“O cerco se fecha” – O Globo – 22/09/2015), pelos acontecimentos mais recentes. Eu lhes deixo com o articulista e apenas cito o Groucho Marx outra vez, que poderia muito bem o Lula, quando apresenta soluções para o Brasil: “Estes são os meus princípios, e se vocês não gostarem deles... bem, tenho outros.” O Lula, como todos sabem e dito por ele mesmo, não gosta de ler, mas, penso que ele adora filmes do citado comediante.

“Se Lula desconfiava, conforme relatos, de que o objetivo final da Operação Lava-Jato é ele, ontem deve ter tido certeza disso. Nunca a Operação Lava-Jato chegou tão perto dele, por enquanto apenas na retórica de seus procuradores ou do próprio Juiz Sérgio Moro, mas com ações que se aproximam cada vez mais de denúncias que envolvem diretamente Lula no esquema de desvio de dinheiro da Petrobras.

O procurador regional da República Carlos Fernando dos Santos Lima, afirmou em entrevista coletiva para explicar a nova fase – sugestivamente chamada de “Nessum Dorma” (“Ninguém dorme”) - que ‘não tem dúvida nenhuma’ de que os escândalos de corrupção da história recente do País – Mensalão, Petrolão e Eletronuclear – tiveram origem na Casa Civil do Governo Lula, cujo titular mais famoso, o ex-ministro José Dirceu, está preso pela segunda vez.

Ele não apenas insinuou, mas garantiu que as investigações indicam que foi montado um esquema de compra de apoio político para o governo federal conectados entre si desde o mensalão, pela mesma organização criminosa e pessoas ligadas aos partidos políticos.

Já o juiz Sérgio Moro escreveu em um de seus despachos condenando o ex-tesoureiro do PT João Vaccari que “(...) A corrupção gerou impacto no processo político democrático, contaminando-o com recursos criminosos, o que reputo especialmente reprovável. Talvez seja essa, mais do que o enriquecimento ilícito dos agentes públicos, o elemento mais reprovável do esquema criminoso da Petrobras, a contaminação da esfera política pela influência do crime, com prejuízos ao processo político democrático. A corrupção com pagamento de propina de milhões de reais e tendo por consequência prejuízo equivalente aos cofres públicos e a afetação do processo político democrático merece reprovação especial."

 Juntando-se essas afirmações ao fato de que a operação “Nessun Dorma” apura a propina na Diretoria Internacional da Petrobras de 2007 a 2013, ocupada por Nestor Cerveró, que negocia uma delação premiada com o Ministério Público, tem-se que além das negociatas da Eletronuclear, estão sendo investigadas ações como o superfaturamento do contrato da sonda Vitória 10.000 que, segundo Cerveró, foi feita a mando do próprio presidente da Petrobras à época, José Sérgio Gabrielli, para saldar dívidas de campanha de Lula com o grupo Schahin.
Na proposta de Cerveró para a delação premiada, que ainda não foi aceita, ele afirma que Gabrielli lhe disse que a ordem veio “do homem lá de cima”, numa referência clara ao então presidente Lula.

O operador Julio Camargo, em cuja delação premiada aparece a acusação ao presidente da Câmara Eduardo Cunha, disse que representava a Samsung na transação do navio-sonda Vitória 10 000 e confessou ter pago 25 milhões de dólares a diretores e intermediários, incluindo aí o próprio Cerveró.

O ex-diretor da área internacional contou aos procuradores da Operação Lava-Jato que os contratos de compra e operação da sonda Vitória 10 000 foram direcionados à construtora Schahin com o propósito de saldar dívidas da campanha presidencial de Lula, em 2006 com o banco do mesmo nome.

 Esse caso está ligado a outro, mais nebuloso, envolvendo o assassinato do prefeito Celso Daniel, e foi revelado à época do mensalão numa tentativa mal sucedida do lobista Marcos Valério de fazer uma delação premiada para se livrar da penas de mais de 40 anos a que foi condenado na ocasião.

Ele revelou que foi procurado pelo PT para pagar uma quantia em dinheiro a uma pessoa que ameaçava revelar detalhes do caso Celso Daniel, acusando líderes do PT pela morte. Segundo ele, que teria se recusado a entrar no esquema, coube ao pecuarista José Carlos Bumlai, amigo pessoal de Lula, fazer o pagamento, pelo qual contraiu um empréstimo de 6 milhões de reais no Banco Schahin, quantia que teria sido paga como parte da propina da sonda.


O próprio Milton Schahin admitiu ter emprestado 12 milhões de reais ao amigo de Lula, em declarações à revista Piaui, mas diz que não é obrigado a saber o que  faria com o dinheiro. Bumlai era a única pessoa que tinha autorização para entrar no Palácio do Planalto a qualquer hora, sem audiência marcada, de acordo com um aviso que havia na portaria do Palácio, com sua foto para que não houvesse engano.”

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