Por Zezinho de Caetés
Se alguém pensou que o título que dei a este nariz de cera,
no qual sempre comento um texto importante, seja um trocadilho com o nome do
vice-presidente Temer, acertou em cheio. O texto que transcrevo abaixo leva
nesta direção (“Unidos e coesos” –
Hubert Alquéres – Blog do Noblat – 09/09/2015).
No entanto, eu dou um passo à frente, ou atrás, para
comentar um fato ocorrido provavelmente depois do texto ter sido escrito: Um
jantar na casa do Temer com a cúpula do PMDB, envolvendo também governadores
que vivem hoje a esmolar para pagar até o próprio salário. O seu resultado foi
o esperado. Por pressão do PMDB, o Michel Temer chegou à conclusão de que não
pode apoiar o governo na intenção de aumentar impostos de qualquer natureza.
Até um conselho do sempre Ministro da Fazenda, Delfim Neto
foi rechaçado, depois de ser cortejado por alguns, que visava meter a mão no
bolso do contribuinte através da CIDE, que foi algo criado tempos atrás com a
mesma finalidade, pois dizia o conselheiro, não seria necessário passar pelo
Congresso a aprovação da medida. Tenho certeza que a gerenta presidenta deve
ter ficado em êxtase com a ideia, porque, ela se arrepia todinha quando fala em
Legislativo. Ela sabe que a única coisa de boa que deverá vir de lá logo será
seu impeachment.
Mas, pelo que deu na mídia, nem esta ideia do Delfim foi
aprovada. E agora, o PMDB não quer nem ouvir falar em aumento de impostos,
inclusive o fingidor Temer. E que se tem que cortar despesas para enfrentar a
crise fiscal que foi gestada e parida pelo PT. Além, disto, quem deve se
responsabilizar por este ato é a Dilma, ou seja, quem pariu mateus que balance.
O que me levou a comentar o assunto foi mais a sensação de
penúria declarada por cada governador de estado, como o do Rio Grande do Sul
que ficou com a herança maldita do Tarso Genro dizendo: “Não posso tirar leite de vaca morta!”. Coitado. O de Alagoas,
juntinho do pai Renan, deverá ter vertido algumas lágrimas de crocodilo ao
contar a situação do seu Estado. O do Rio de Janeiro, não está preocupado com o
agora, mas, sim com o ano que vem quando terminarem as Olimpíadas. O que ele
fará com os que ficarão desempregados? Será que virão para Caetés, minha terra?
Certamente, não poderá vender as medalhas conquistadas na
Olimpíada porque, depois do campeonato mundial, onde o Brasil ganhou apenas
uma, no evento do Rio talvez não passe disso, e uma de bronze. E as medalhas
ganhas no campeonato da corrupção não podem ser vendidas porque a Lava Jato
está de olho. Então, o que fazer?
Como o texto abaixo menciona a época da ditadura militar, e
no qual quando havia qualquer problema o General Figueiredo ameaçava chamar o
Pires (Ministro do Exército), só resta, penso eu uma coisa para Dilma fazer,
chamar o Temer e renunciar. Seria melhor para ela, e para o Brasil.
Agora fiquem com o texto do Alquéres que eu vou fazer as
contas sobre o que sai mais barato, a renúncia ou impeachment. A Dilma ainda
tem dúvidas.
“Na época do regime militar, tornaram-se famosas as notas oficiais das
Forças Armadas alardeando que estavam “unidas e coesas” em torno dos ideais
revolucionários. O pau cantava nos quartéis onde militares da linha dura e
distensionistas se digladiavam para definir se endureciam mais ainda o regime
ou se faziam um mínimo de abertura.
Para o consumo externo, oficiais de alta patente vendiam a imagem da
união de propósitos. Diziam que as
notícias de forte luta interna nos meios castrenses não passavam de fofocas e
de intrigas insufladas pela subversão e por uma imprensa maledicente,
interessadas em promover a cizânia no seio das gloriosas Forças Armadas.
Em um país de imprensa amordaçada, era essencial saber interpretar as
entrelinhas dos comunicados militares, não deixar se iludir. Nas fotos do 7 de
Setembro os três ministros militares apareciam no mesmo palanque para dar uma
demonstração de sua unidade e patriotismo.
Neste 7 de Setembro a presidente da República e seu vice estiveram no
mesmo palanque em Brasília para demonstrar o quanto estão “unidos e coesos”.
Michel Temer foi mais longe: divulgou uma nota oficial para vociferar contra as
“intrigas” e dar uma resposta dura a quem lhe chamou de golpista, acusando-o de
conspirar contra Dilma Rousseff.
De novo, é preciso não se iludir pela foto meramente protocolar. E
saber interpretar o texto de Temer. Sua afirmação de que trabalhará com Dilma
até que 2018 os separe poderia ser entendida como tautológica. Mas não é. Ela é
a própria confissão do fosso que há entre a presidente e o seu vice, a cada dia
mais profundo.
Não se trata de atribuir incursões conspiratórias a ninguém. Mas é
inegável que vivemos uma situação esdrúxula, para dizer o mínimo.
De um lado, temos uma presidente extremamente enfraquecida, quase
clandestina, separada do povo por muralhas, até de metais como se viu no
feriado; com uma base balcanizada e uma equipe ministerial semelhante à Torre
de Babel. Cada ministro fala a própria língua e ninguém se entende.
De outro, nunca vimos um vice-presidente tão proativo, operando à
revelia e com autonomia de sua superior hierárquica. Quanto mais Dilma se
enfraquece, mais Michel Temer opera no limite da liturgia do seu cargo,
apresentando-se como porta-voz do empresariado, como o avalista da estabilidade
e da institucionalidade.
Ao mesmo tempo, Temer é semi-governista e semi-oposicionista, ainda que
de uma oposição leal à sua majestade.
O vice-presidente ofusca a primeira mandatária. Constrói uma imagem antagônica à de Dilma.
Está sempre na mídia de forma positiva, como o ponderado, como o construtor de
pontes, com vistas a se viabilizar como polo aglutinador de um novo bloco de
poder, para o pós-Dilma.
Já a presidente é aquela reclusa contraditória. Não pode, sequer, falar
em rede nacional de TV, sob pena de ser alvo de imenso panelaço. E quando
aparece na mídia é de forma negativa, tendo de praticar contorcionismos para
explicar os ziguezagues de seu governo e o “pega pra capar” de sua equipe
econômica.
Para desgraça de Dilma, seu vice é muito mais articulado do que boa
parte dos políticos que a cercam. Em certo sentido, expressa a média do PMDB,
essa espécie frente de caciques regionais. Tem ainda a simpatia das chamadas
forças produtivas, particularmente da indústria paulista. Sabe fazer política,
essa arte que não foi feita para amadores.
Pode ser o fator de desequilíbrio do jogo. É isto que a presidente mais
teme, sem nenhum trocadilho com o nome do vice.
Daí aceitar bailar com Michel Temer.
Nessa dança, ela engole sapo e ele estica a corda o máximo possível. Um
finge que apoia o governo e a outra finge que acredita. O minueto caboclo tem
tudo para acabar em divórcio, apesar das juras do casal de que estão unidos e
coesos.”
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