São Caetano - Padroeiro de Caetés |
Por Zezinho de Caetés
Hoje, lendo O Globo (domingo – 30/08/2015) encontrei o texto
do Fernando Gabeira que transcrevo lá embaixo. Todos conhecem o Gabeira, que
além de usar sunguinha de crochê, era do PT. Parece que desistiu de ambos, para
sorte dele e nossa, por nos brindar com textos com estes.
A começar pelo título – “Dilma no teatro do absurdo” – ele nos leva a refletir sobre como um
país pode ser tão enganado pela farsa lulopetista que hoje se resume num boneco
inflado? Como já diziam ao inverso “seria
cômico, se não fosse trágico”. Tem-se a impressão que não só a Dilma mas
todos nós vivemos num teatro do absurdo, onde vemos nossa gerenta presidenta
incompetenta, tal qual uma barata tonta, saracotear em cima de uma bicicleta na
qual ela não se equilibra e que quando cair, será em cima de nós.
E como frisa o Gabeira, além das lambanças internas, teremos
que lutar contra coisas externas como a pisada no freio da economia chinesa, da
qual nos tornamos dependentes, desde que o Lula resolveu transformar o que
lucrou com ela em uma imensa Bolsa Família. E como todos, pelo menos os com
alguma noção, sabem, bolsa vazia não se põe de pé, mas, eles não perceberam que
até a China pode parar.
E além disso, segundo ele, teremos o El Niño, que é um fenômeno
climático que vem acontecendo este ano e que trará secas e cheias para locais
errados. Penso que o grande absurdo é que estes fatores internacionais podem
ajudar nas desculpas esfarrapadas de que nossa crise vem de fora, e não da
incompetência de nossa gerenta.
E por aí vamos nós, apenas esperando que a Dilma nos deixe
com o menor custo possível. Eu já estou apelando para os santos, para que ela
renuncie, mas, se não o fizer que as instituições deste país reajam e a tirem,
como é de direito, através do impeachment, e que ela leve junto o PT e o Lula,
com boneco e tudo.
Fiquem com o Gabeira, que eu vou voltar ao oratório e me
pegar com algum santo forte. E não há santo mais forte do que aquele que nos
protege de perto, como o padroeiro de nossa cidade (minha e do Lula) Caetés: o
São Caetano, cujas festas recentes devem ter servido para ouvir as nossas
preces, para trazer de volta nosso, o não tão ilustre filho, evitando assim que
ele faça mais mal a este nosso país.
“Quando Dilma assumiu pela
segunda vez, alguns analistas afirmaram que enfrentaria uma tempestade
perfeita, tal a configuração de fatores negativos que a cercavam. Esses
analistas não contavam ainda com a desaceleração chinesa nem com a tempestade
das tempestades: o El Niño, que deve ser intenso este ano. Hoje, é possível
dizer que Dilma enfrenta uma tempestade mais que perfeita. Além dos fatores
habituais, economia e política, ela terá de se preparar para grandes queimadas
no Norte e inundações no Sul do Brasil.
Como deputado, trabalhei no tema El Niño em 1998. Não se consegue
impedir as consequências do aquecimento do Pacífico Sul. Com alguma preparação
adequada é possível atenuá-las. Usando a velha tática petista, quando o El Niño
chegar, o governo vai sair gritando: “toma que o filho é teu”.
Ela decidiu agora que seu próprio secretario pessoal será o articulador
político. Isso me lembra uma peça de Harold Pinter: dois andarilhos entram numa
cozinha de restaurante e, de repente, começam a surgir pedidos de pratos
suculentos. Na magra mochila de viagem, tentam achar algo que possa pelo menos
atenuar a pressão dos pedidos.
Dilma está tirando da sua mochila um secretário pessoal para ser a
interface com as raposas do Congresso. Certamente vão devorá-lo, com o mesmo
apetite dos índios que comeram o bispo Dom Pero Sardinha no litoral brasileiro.
Dilma e o PT estão fazendo um aprendizado doloroso com as palavras. Em certos
momentos criam uma nova língua; em outros, limitam-se a cortar as frases a
machadadas. Dizem, por exemplo: “nunca um governo investigou tanto a
corrupção”. Mas hesitam horrorizados diante da conclusão lógica: descobrimos
que somos nós os culpados.
Pela primeira vez, Dilma mencionou o assalto à Petrobras, lamentando o
envolvimento de algumas pessoas do PT. O tesoureiro do partido está preso.
Tantos anos de assalto. Dilma custou a reconhecê-lo. Meses depois, está
desapontada porque havia gente do PT. Não sei o que é pior: fingir que não viu
ou levar tanto tempo para descobrir.
Dilma disse que não pode garantir que 2016 será maravilhoso. Claro que
não pode. Primeiro porque os fatos econômicos apontam para um ano difícil.
Segundo, porque em 2016 ninguém sabe onde ela estará. “Demorei a me dar conta
da gravidade da crise”, disse ela. Era um governo de idiotas ou de
mistificadores? Como não se dar conta de uma realidade ululante?
Valeria entrevistar agora aquela assessora do Santander que descreveu a
crise. Perseguida pela campanha de Dilma e pelo próprio governo, acabou sendo
demitida pelo banco. Como será que ela reagiu à desculpa esfarrapada? Naquele
momento, Dilma não apenas demorava a se dar conta da crise. Considerava
descrevê-la como um ato de terrorismo eleitoral.
Dilma recusou-se a reduzir ministérios. Agora, aparece um ministro
dizendo que vão cortar dez, mas não menciona quais nem quando. O discurso do
governo é apenas cascata. A própria Dilma é uma cascata, inventada por Lula.
Dirigiu o setor de energia no Brasil, com fama de gerentona. Deu quase tudo
errado, do preço da conta de luz à ruína da Petrobras.
Essa história de coração valente é um mito destinado a proteger a
roubalheira de agora com o manto de uma luta pretérita. É uma versão atenuada
dos braços erguidos de Dirceu ao ser preso pela primeira vez. Há varias razões
para se respeitar o passado. Uma delas é realçar a necessidade da luta contra o
governo militar, reconhecendo, no entanto, na luta armada um equivoco
histórico. E no seu objetivo estratégico, a ditadura do proletariado, uma
aberração que os tempos modernos desnudaram com absoluta nitidez.
Como um personagem do teatro do absurdo, Dilma vai continuar buscando na
mochila vazia respostas patéticas para as demandas complexas que o momento
coloca.
Muita gente acha que não há motivo para impeachment. Mas o Ministro
Gilmar Mendes, pelo menos ele, teve o cuidado de examinar as irregularidades de
campanha e propor um cruzamento com os dados da Lava-Jato.
O Brasil é dirigido por um governo que transformou a política numa
delinquência institucional. O país acaba de descobrir o maior escândalo de
corrupção da História. Gilmar Mendes apenas colocou o ovo de pé: houve um grande
escândalo de corrupção que beneficiou o PT. Dilma fez uma campanha milionária.
Depoimentos do Petrolão indicam que o dinheiro foi para a campanha. Empresas
fantasmas já apareceram. Por que não investigar o elo entre a campanha de Dilma
e as revelações da Lava-Jato?
Não se trata de ser contra ou a favor. Trata-se apenas de não sentar
nos fatos, Como velho jornalista, sei que os fatos são como baioneta: sentando
neles, espetam.”
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