Por José Antonio
Taveira Belo / Zetinho
Diariamente vimos
noticias sobre os presos que aderiram à corrupção serem soltos pelo beneplácito
da Justiça. São considerados presos notáveis porque já estiveram no poder e que
não podem passar por vexames pelas praticas das irregularidades. São presos que
possuem certo nível social, ricos, poderosos e muita proteção por pessoas que
atuam no governo. Quando vão presos vão a carros de luxo, ar condicionado, e se
de outra cidade vão de jatinho e fica hospedada em quitinete com ar
condicionado, televisão HD, celulares, cama confortável, chuveiro com agua
quente e fria, sofás para assistir as noticias sobre eles mesmos e assim por
diante. Estes são beneficiados pela Lei
dos ricos, são acompanhados pela mídia, pelos bons advogados que ganham
honorários extraordinários vindo do poder público, por que estes presos
notáveis estão cheios de dinheiro vindo de propinas. E não devolvem o que
receberam ilicitamente. Ficam com todo o dinheiro e bens adquiridos pelo
dinheiro sujo que se apropriaram. Temos duas classes de presos notáveis e
comuns no Brasil, brasileiro os notáveis – o politico e dirigentes de empresas
privadas. Todos estes estão soltos, vivendo como nunca viveram. Rindo dos
momentos cinematográficos que foram protagonista, artista principal. Moram em
mansões, chácaras e apartamentos de luxo. Acordam mais ou menos dez horas. O
desjejum já esta pronto na mesa – queijos, torradas, frutas e sucos. Leite
desnatado para não alterar o seu metabolismo. Saem e vão à piscina. A mulher já
esta lá com as crianças correndo no gramado acompanhado por duas babas vestidas
a caráter. Mais ou menos onze meia da manhã chega o garçom procurando saber o
que o patrão que tomar. Já tem tomado sol. Já absorveu o ar puro vindo das
montanhas. Um chapéu branco panamá cobrindo-lhe a careca e óculos de primeira
qualidade escuros para minimizar a claridade. Olha de relance para o empregado
que se encontra em pé aguardando e diz um uísque com agua de coco. Para a
mulher que esta estirada ao lado sobre uma toalha felpuda azul, um suco de
laranja, sem açúcar. Pega o jornal e lê as primeiras noticias. Faz cara feia e às
vezes ri para si mesmo com as bobagens que dizem dele por aí. Fecha e apanha o
aperitivo trazido em uma bandeja de prata. Levanta-se para receber um
companheiro alegre e sorridente que vem ao seu encontro. Ei como vai? Vou bem!
Já viu o jornal, as noticias são alvissaras, brevemente não estarás sendo
investigado e sim se programando para atuar na politica novamente, pois, o
povão está do teu lado votando, tu vais vê! Pois é! Mas eu tenho que me
preparar, falar que tudo foi inventado pelos opositores, e todos acreditará.
Chama o garçom que vem apressadamente – O Mané o que tu queres? Uísque ou
cerveja importada bem geladinha no ponto? Quaisquer bebidas têm na minha adega!
E tira gosto? Todos o que quiseres.Tira esta camisa e fica a vontade vais a
almoçar comigo, hoje, tenho surpresa, um faisão assado, esta uma delicia por Ismênia
nossa cozinheira. Cozinheira de mão cheia. Levanta-se e corre o olhar sobre
tudo o que está vendo, nada se alterou pelo contrario está mais bem cuidado.
Caminha na grama para uma varanda ornada de uma bela rede azul e ali se deita
fumando um charuto cubano e seu amigo ao seu lado, já na companhia de outros
convidados que ali chegam. A conversa e os risos vão se alterando de acordo com
a bebida tomada. A tarde todos vai para sua casa e ele vai tirar sua soneca
sonhando com os “anjos”. E o pobre? A este está incluído nos presos comuns. A
sua sorte é miserável. Por um crime vão para as masmorras sujeito a uma
penalidade sem defesa. Ali ele come o pão que diabo amassou. Um camburão os
leva algemados e sentados da pior maneira possível. O ar condicionado são duas
frestas. A escuridão até o local da prisão é escuro e o calor é insuportável.
Antes da entrada na masmorra é despojado de qualquer objeto, o cinturão,
chaves, carteira trancelim tudo mesmo até a roupa é guardada. E ai, o
sofrimento vem pelo internamento em celas fétidas, sem condições de sobreviver
ajuntado com mais de quinze presos quando o local é para duas pessoas. Ficam
amontoados, de cócoras, deitados, em chão frio e úmido, banheiros sem nenhuma
higiene, e refeições só se comem para não morrer de fome, pois não presta tudo
isto é sofrimento do preso pobre porque roubou três latas de margarina, em
supermercado. Advogado só de “porta de cadeia” e se o réu tiver algum dinheiro
para os primeiros passos. Chicão foi um desses presos que foi para uma
masmorra, por que surrupiou uma lata de leite num supermercado para a sua
filha. É verdade que é um delito, mas três anos em uma prisão é muita coisa.
Preso quando saia do supermercado por um guarda de segurança. A policia foi chamado
e o levou a delegacia e como não tinha dinheiro para fiança foi recolhido ao
xadrez. Passando trinta dias, ali foi um advogado com o seu primo a fim de
tira-lo da cadeia. O papo entre o advogado e o Chicão foi mais ou menos da
seguinte forma: Doutor me livre deste sofrimento. Aqui é um inferno. De tudo ruim
aqui dentro tem. Brigas, donos do pedaço, intrigas, exploração sexual,
dominação, na cantina os preços são triplicados, as drogas e tudo o que o
Senhor pensar. À noite nem pensar. Ninguém dorme. O calor é de derreter. As
muriçocas fazem festa. O suor impregna a cela, se isto se chama cela. Todos no
chão ou acocorado. Amanhecem todos doloridos, mas se reclama, o guarda faz ar
de risos. É um sofrimento sem igual. O advogado ouvindo todas estas lamentações
do réu, fala eu sou profissional do direito porém, é necessário que se tenha dinheiro
para o primeiro trabalho, honorário, taxas emolumento a fim de que possamos dar
prosseguimento no trabalho. Você tem algum ou seus parentes? Claro que não
doutor. Onde vou arranjar dinheiro. A minha família é pobre, a maioria
desempregada inclusive eu que fiz a besteira que fiz, onde vou arranjar
dinheiro? O advogado saiu do presidio
dizendo que ia fazer o possível junto à família para arranjar o dinheiro.
Chicão voltou chorando para o pavilhão que estava preso sem esperança de sair
daquele lugar horrível e sofrido para o ser humano. Onde arranjaria uns
trocados para dar ao advogado? A família pobre. O jeito era ficar ali até que
cumprisse a pena. Pensou, sentado no corredor “erros
todos tem, mas imprimir sofrimento a pessoa humana é desumana”.
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