Em manutenção!!!

terça-feira, 5 de maio de 2015

NORAS, E GENROS.




Por José Antonio Taveira Belo / Zetinho


Encontro Onofre em plena Avenida Guararapes, a boquinha da noite cheia de bagulhos parecendo mais um mercado persa, vendendo-se de tudo, bolinhos, pasteis, sorvetes, cachorro quente, milho e tudo o que você pensar, está uma bagaceira.  Cansado de guerra, escorado em uma bela bengala comprada no Rio de Janeiro, vestindo como sempre uma calça de linho branca e uma camisa azul de mangas compridas, apesar do calor. Casado com Dona Esmeraldina, há quarenta anos, teve cinco filhos, quatro homens e uma mulher, a todos eles deram o nome começando pela letra “O”, Osvaldo, Onofre, Otacílio, Otoniel e Ofélia, como desejava. Cresceram estudaram e se formaram. Casaram-se e deram-lhes netos. Desde que começaram a namorar eu dei uma ordem a todos que chegavam. Olhem é casa de sogra, mas quem manda é eu, portanto, tudo aqui é dividido no trabalho domestico. Ninguém fica de pernas pró-ar enquanto Esmeraldina se lasca na cozinha, para cozinhar, lavar pratos, passar pano na cozinha, colocar e tirar pratos da mesa e assim por diante. Não vai haver moleza, se não vão almoçar em restaurante que lá tudo é fácil. Meus filhos ficavam uma arara com esta recomendação. Ficavam chateados e as namoradas ficavam de boca aberta estranhando esta maneira falar. Mas te digo, era um remédio santo. Terminando o almoço ou jantar a que estava presente se levantava a ajudava a mulher no que fosse preciso e depois se sentava no terraço para namorar e botar conversa fora. Eu estou te confessando isto, porque o Zeferino, tu o conheces o amigo das manhã/tardes sentados na mesa do Savoy tomando uma cervejinha gelada e ouvindo as piadas de Careca, Índio e Ermenegildo, bons garçons que nos deixou saudades, olhando para o local onde existia o Savoy com hippies deitados no chão ou vendendo as suas bugigangas. Ele tem duas noras que vão para a sua casa e lá fazem o que querem. Ele fica chateado olhando a sua mulher Zezinha fazendo tudo e ajudado por mim que às vezes me chateio, mas nada digo para não melindrar. É certo? Respondi que não. Colocasse em pratica o que realizei outrora, ninguém ficou com raiva apenas ajudou o trabalho. A família é para ajudar uns aos outros e não para se escorar como fazem algumas dondocas, ignorando a ajuda de quem já esta cansada do trabalho domestico do dia a dia. Vamos tomar uma cerveja para esfriar este calor infernal que esta acontecendo. Sentamo-nos numa mesa na Praça do Sebo e ali tomamos três geladinhas como manda o figurino, com um tira gosto de bacalhau. Deixamos o Zeferino com as suas noras e começamos a recordar os bons tempos que nos reuníamos para tagarelar sobre todos os assuntos que vinham na cabeça. Começou indagando sobre os festeiros, Magauri, Melo, Jamari, Nelsinho, Maia, Antonio e tantos outros que frequentavam o Savoy e suas adjacência, indo para a Portuguesa, Bar do Gordo, Estrela, do Mijo, e tantas outros locais que havíamos desfrutados das tardes do Recife. Alguns destes amigos ainda estão andando pelas ruas como eu e tu, outros já morreram e outros estão indos para outros bares nos subúrbios, principalmente, para mesas do Mercado da Encruzilhada e da Boa Vista, onde ainda se desfruta de um recanto tranquilo com muitas vozes pelo violão cantado e tocado por Zinho. É meu amigo o tempo passa e nós vamos ficando mais “novos”. Eu já beirei os 75 anos e hoje carrego o corpo encostado nesta bengala minha amiga. Já não tomo mais cervejas como antigamente, já não frequento os salões de dança, na sexta feira no Clube das Pás e assim vou vivendo. E tu? Eu? Tô vivendo por ai. Muitas coisas que fazia antigamente deixaram de ser feita  por motivos do tempo que nos ajuda a pensar, que já não somos jovens para peregrinar pelos bares da vida e salões de festa noturna. Vou vivendo e espero viver muito mais, mas.... Só Deus sabe. À noite esta chegando e eu vou ter que ir embora. Um abraço brevemente quem sabe nós nos encontraremos. Encontraremos, sim, respondeu Onofre já levantado escorado na sua amiga bengala, por que vou pesquisar onde se encontra o restante dos colegas e convidar você e outros para almoçar lá em casa ao som de um violão tocado pelo meu filho, Onofrinho. Vai ser uma festa de arromba e não uma despedida. Claro, disse.

Nenhum comentário:

Postar um comentário