Por Zezinho de Caetés
Eu, como aqueles que me leem sabem, sou um otimista
profissional. Mas, nesta profissão atualmente, eu estou desempregado e tive que
me reciclar para ser pessimista, mesmo sem vocação. O Brasil está numa situação
tão ruim, que o meu conterrâneo, o Lula, se tivesse o ginasial completo, deixaria
até de ser ex-presidente, e se empregaria como ajudante de caminhão.
E o pior não é só a situação real. Lembram dos
meteorologistas, que hoje estão esquecidos porque há moças bonitas para dizer o
que eles pensam, na TV? Eles, quando dizem a temperatura, falam também de uma
sensação térmica, que não é real, mas é causada por outros fatores que, para os
seres humanos, parece mais quente ou mais fria. A pior situação foi a sensação
térmica que nos passaram o PT e seu governos e dirigentes desastrados, nos
últimos 12 anos, numa atitude completa de enganação.
Vocês viram, por acaso, sair da boca de Mantega alguma
previsão má? Lembram da marolinha de Lula e do SUS dando lição ao Obama? Lembram
da campanha da Dilma? Se não, leia o texto do Hubert Alquéres (“Universo Pollyana” – 27/05/2015 – Blog do
Noblat), aí embaixo, onde ele conta, em maiores detalhes porque hoje nossa sensação térmica em relação a quase tudo
neste país, está diferente do real, embora no sentido contrário do que eles
diziam.
Parece até castigo de Deus para punir tantas mentiras que
foram ditas nos últimos 12 anos. E, nós, pobres, ricos, remediados e até
faquires (o prego para fazer a cama está muito caro) estão mal, muito mal, e a
tendência é piorar. O estrago foi feio e só o povo brasileiro, este iludido,
não viu, e votou outra vez na Dilma.
Eu não digo que estivéssemos em melhor situação com outro
presidente, porque foi grande a destruição do país, mas, pelo menos teríamos mais
esperança. A que hoje temos se baseia apenas na saída de Dilma (impeachment,
renúncia, afastamento, desde que seja legal, não importa), para que se comece o
quanto antes a reconstrução.
Hoje estou pessimista, embora não tenha vocação para isto.
Leiam abaixo o texto do Hubert e vejam se não é para ficar.
“Pollyana, aquela garota pobre imortalizada por Eleonor Porter num dos
maiores clássicos da literatura infantojuvenil, vivia em universo próprio.
Desejava receber uma boneca de presente, mas ganhou um par de muletas. Para não
vê-la triste, seu pai lhe aconselhou a ficar satisfeita pelo fato de não
precisar de muletas.
Desde então a menina passou a praticar e ensinar às pessoas o jogo do
contente, que consiste em sempre imaginar um lado bom nas coisas.
Habitam esse universo muitos membros dos últimos três governos
petistas. Não estamos aqui nos referindo apenas ao chefe da Casa Civil, Aloizio
Mercadante, que foi apelidado de “ministro Pollyana” por seus companheiros de
governo. Mas aí se incluem nomes como o do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega
e sua mania compulsiva de desempenhar o papel de Alice no País das Maravilhas
inventando PIBs inexistentes e negando todas as crises.
O jogo do contente também tem sido um esporte praticado à exaustão por
governistas de calibre mais grosso, a começar pelo ex-presidente Lula, autor de
uma frase que nem mesmo Pollyana seria capaz de criar: “Lá (nos EUA), ela (a
crise econômica) é um tsunami; aqui, se chegar, vai ser uma marolinha que não
dá nem para esquiar”. Soma-se ao time a presidente Dilma Rousseff, que vendeu
ilusões na campanha eleitoral e agora entrega uma mercadoria trágica, e o
próprio “realista” Joaquim Levy, cuja previsão sobre a superação da atual
crise, já em 2016, é um ato de fé.
A crise econômica é muito mais grave do que eles falam e nada justifica
o otimismo que vendem. Está mais próxima da verdade a avaliação do economista
João Manoel Cardoso de Mello, segundo a qual a queda do PIB deve ficar entre
1,5% e 3% e o desemprego entre 10% e 12%.
Não há jogo do contente capaz de esconder a tragédia que está se
formando. A face mais visível para os brasileiros é a inflação, que faz cair
ainda mais a renda familiar, e o patamar do desemprego. Entre jovens de 18 a 24
anos, ele já bateu a casa de 17% no primeiro trimestre do ano. Esse é o lado
mais perverso: jovens abandonam a escola para tentar entrar no mercado de
trabalho e não conseguem.
Governante nenhum deveria imitar Pollyana. Todos sabem que a vida das
pessoas não muda por meio da venda de otimismo e alegria que não tem relação
alguma com o cotidiano. Se ingressam no universo da heroína de Porter é por
pura incompetência ou por desfaçatez, com o propósito nítido de esconder do
povo a dura e crua realidade.
Só assim pode ser entendida a manobra arquitetada por Lula e Dilma ao
tentar criar uma agenda positiva em junho, com o anúncio de programas que
certamente não sairão do papel.
Vem aí, portanto, versões recauchutadas do Minha Casa Minha Vida, PAC,
Pronatec, Luz para Todos e assim sucessivamente. O governo vai bater o bumbo,
fazer oba-oba e tentar criar um clima favorável por meio de bilionárias
campanhas publicitárias.
Enquanto isso a incompetência petista está por todo lado, como na
falta, em 17 estados do Brasil, da vacina BCG que protege as crianças
recém-nascidas contra a tuberculose. Imunização fundamental que tem que ser
aplicada nas primeiras horas de vida.
O alto preço da prática ilusionista já começou a chegar para os
petistas. E a um custo trágico para a sociedade brasileira.
A obra Pollyana, ficção que atravessa o tempo, é recomendada mesmo para
os jovens de hoje, mas sua imitação grotesca por parte de Lula e Dilma é uma
interminável história de horror.”
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