Fachin |
Por Zezinho de Caetés
Dizem que, numa época em que o presidente Lula tinha que
indicar um ministro para nossa Suprema Corte, os seus áulicos apresentaram o
Luiz Fachin, que ontem foi sabatinado na Comissão de Constituição e Justiça do
Senado, com o mesmo objetivo, e que ele, o Lula, o recusou por achá-lo muito admirador
do seu, hoje, general, o Pedro Stédile.
Ora, alguém que o Lula recusou, a Dilma, com o ódio que está
do meu conterrâneo, por ele está tramando, por debaixo da barba, deixar mal o
seu governo, o pegou e o indicou para STF. E aí está o Fachin. Nunca na
história deste país, ouve uma celeuma tão grande em torno desta indicação. Eu
vi ontem na TV, e venho acompanhando toda a reação nas redes sociais, ao nome
daquele jurista que disse que jurista bom é aquele que tem lado.
Ontem, vários senadores tentaram conhecer qual o lado do
candidato hoje. E então, apareceu a margarida ou seria a bela adormecida depois
do beijo do príncipe? Se for acreditar no que o homem disse, parece
justificável que ele nunca deve ter conhecido nem o Lula, nem a Dilma e nunca
ouviu falar no PT, ou do MST. É difícil alguém mudar de opinião com tanta
rapidez assim. Eu mesmo levei anos para reconhecer que o meu conterrâneo, o
Lula, era uma farsa, em todos os sentidos. Agora o Fachin diz que a Lei e a
Constituição estão acima até do Stédile.
Eu não vou entrar no mérito da questão jurídica por não ser
um expert e nem um esperto na área,
mas, as explicações que ele deu para acumular cargos no serviço público, com a
proibição constitucional, não deve ter convencido nem a esposa dele que estava
presente na sabatina. No entanto, como escrevi num texto anterior: “É a política, estúpido!”. E o homem foi
aprovado por uma larga maioria de votos. Embora digam que a aprovação se deve ao
fto de que político não pode ver um juiz com raiva, eu creio, que imperou ainda
nossa leniência com situações polêmicas.
Mas, veremos no plenário, com votação secreta, se eu estou
certo ou estou errado, como dizia o Sinhozinho Malta. Ainda bem que ainda temos
a PEC da Bengala, e eu espero que nenhum dos outros ministros do STF se
aposente ou saia antes dos 75 anos. E se o Lula for eleito em 2018, já devemos ir
preparando a PEC do Fraldão, que permitiria que os o ministros ficassem até os
90 anos.
Sei que este assunto é um pouco enfadonho e transcrevo o
texto do imortal Merval Pereira intitulado “O quebra-cabeça de Lula” (Blog do Merval – 12/05/2015), onde ele
procura mostrar que não foi nem preciso o Mujica fumar maconha para detonar o
Lula. Agora, mais do que nunca ele quer ser presidente. Pensemos então na PEC
do Fraldão, com urgência.
“ A cada dia que passa o ex-presidente Lula vai perdendo sua aura de
intocável. Surgem aqui e ali histórias envolvendo seu santo nome, quase nunca
em vão. As mais recentes são exemplares de como os fatos acabam sendo
revelados, mesmo que se queira escondê-los.
Na CPI da Petrobras, o doleiro Alberto Youssef reafirmou ontem a
convicção de que o Palácio do Planalto sempre soube do esquema do “petrolão”.
“Como não saber?”, perguntou a seus interlocutores. Para explicar sua certeza
de que tanto Dilma quanto Lula sabiam, Yousseff contou que entre 2011 e 2012,
na gestão Dilma, houve uma divisão no comando do PP, e não se sabia quem estava
no comando.
O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa consultou o Palácio do
Planalto e voltou com a orientação oficial: Ideli Salvatti, ministra das Relações
Institucionais, e Gilberto Carvalho, Secretário-Geral da Presidência, eram os
nomes indicados para decidir quem no PP deveria receber as quantias em dinheiro
desviadas da Petrobras.
Lula chegou a pedir desculpas ao povo brasileiro quando estourou o caso
de mensalão, e se disse traído, não disse por quem mas todos compreendiam a
quem queria atingir, seu ministro mais forte e próximo, José Dirceu, chefe do
Gabinete Civil que acabou preso em consequência do processo aberto no Supremo
Tribunal Federal (STF).
Mais adiante, quando a repercussão do escândalo já havia amainado, Lula
passou a dizer simplesmente que o mensalão nunca existira, e garantiu até que
se dedicaria a provar isso. Nunca fez um mísero gesto nesse sentido, mas em
público manteve a postura de que o mensalão teria sido uma manobra política
contra seu governo.
Agora, vem a público um livro que revela a verdade de Lula que não
poderia ter sido revelada. O livro sobre José Mujica, o ex-presidente uruguaio,
a certa altura revela que Lula, em 2010, em uma conversa com ele, admitiu a
existência do mensalão.
Segundo o relato dos jornalistas Andrés Danza e Ernesto Tulbovitz
"Lula teve que enfrentar um dos maiores escândalos da História recente do
Brasil: o Mensalão, uma mensalidade paga a alguns parlamentares para que
aprovassem os projetos mais importantes do Poder Executivo. Compra de votos, um
dos mecanismos mais velhos da política. Até José Dirceu, um dos principais
assessores de Lula, acabou sendo processado pelo caso. (...) Lula não é um
corrupto como Collor de Mello e outros ex-presidentes brasileiros",
disse-nos Mujica, ao falar do caso.
Ele contou, além disso, que Lula viveu todo esse episódio com angústia
e com um pouco de culpa. 'Neste mundo tive que lidar com muitas coisas imorais,
chantagens', disse Lula, aflito, a Mujica e Astori (vice-presidente eleito),
semanas antes de eles assumirem o governo do Uruguai. 'Essa era a única forma
de governar o Brasil', se justificou.
O que era para ser uma referência condescendente, quase elogiosa a
Lula, desencadeou uma crise política que um dos autores do livro tentou conter,
assumindo que descrevera de maneira equivocada o diálogo. “Lula estava falando
sobre as ‘coisas imorais’ [praticadas durante seu mandato] e não sobre o
mensalão. O que Lula transmitiu ao Mujica foi que é difícil governar o Brasil
sem conviver com chantagens e ‘coisas imorais’”, tentou explicar Danza.
Para azar dele e de seu companheiro de empreitada, a revista em que
trabalham,“Búsqueda”, publicou na edição que chegou às bancas na quinta-feira
uma resenha do livro “Una oveja negra al poder”, intitulada “Lula: el mensalão
era la única forma de gobernar Brasil”. O próprio Mujica, que já assinara o
livro em noite de autógrafo, dando a ele um ar de legitimidade, teve que
intervir, afirmando:“Lula jamais falou em mensalão nas conversas comigo. Uma
vez me disse que, por ter uma minoria parlamentar, o chantageavam”. E
arrematou, para mal dos pecados dos autores do livro: "Se os jornalistas
escreveram isso, é por conta deles".
Nada mais ridículo do que o papel de um ex-presidente tendo que assumir
de público que seus biógrafos oficiais distorceram suas palavras, as únicas do
livro que foram desmentidas, pelo que se sabe.
Talvez essas histórias não bastem para incriminar o ex-presidente Lula,
mas o conjunto da obra - inclusive a ligação com as empreiteiras, e os favores
recebidos mesmo depois de ser presidente - acaba formando um quebra-cabeça que
dificilmente deixa de ser montado por quem não é crédulo ou não faz parte do
esquema política beneficiado.”
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