Por Zezinho de Caetés
Já instalado em minha humilde residência em Recife, depois
de rodar um pouco pelo meu interior velho de guerra, leio no Blog do Noblat,
nesta segunda-feira passada um texto do Senador Cristovam Buarque, no qual ele
tenta dar algum conteúdo ao lema do
novo governo de nossa gerenta presidenta, a Dilma, para o seu segundo tempo.
Título do texto do senador: “Manual para
fazer uma Pátria Educadora”.
Eu fui professor um dia, usando minha formação na área de
Línguas Neolatinas e me senti honrado com a importância que o senador dar à
profissão em seu Manual. Estudei um pouco de Economia nas horas vagas e já
descobri que esta Ciência pode ser um terrível balde de água fria em muitas
pretensões louváveis. Acabei de ler agora o texto que resume a semana, escrito
pelo Zé Carlos, aqui neste blog, e com ele concordo que o melhor lema para
Brasil seria: Brasil, país do futuro,
e pelos motivos que ele alega: É mais verdadeiro para nossa situação, embora
saiba que verdadeiro mesmo, se o PT continuar a nos governar, será o lema: Brasil, país sem futuro.
Confesso que achei a “utopia
do senador”, muito mais relevante para o país do que a Utopia do Thomas
Morus. Este último tenta resolver os problemas de uma sociedade com um esforço
no sentido da racionalidade, onde segundo ela, esta sociedade, deveria ser
igualitária na repartição da riqueza, o que hoje é conhecido como socialismo utópico. Já o senador tenta
usar o Estado para chegar a este objetivo na Educação, que, da maneira como foi
tratada pelo PT nos últimos tempos, o torna o Morus brasileiro, com a educação utópica.
Farei algumas observações em cada item do Manual do Senador,
embora considerando-as como um bom esforço para que um dia a Utopia vença a
Economia, o que eu, mesmo muito otimista, não acredito. No que segue abaixo o
que estiver em negrito foi escrito pelo senador, e aquilo não enfatizado foi
escrito por mim. Já aviso aos críticos que não estou tentando colocar água no
chopp do lema da Dilma, pois, com o açodamento palanqueiro com que foi lançado,
ele já é água suja mesmo.
1. Entender que o
principal recurso da Pátria Educadora são as crianças, por isso, a pátria
educadora nasce na escola de base, incluindo a educação infantil, desde a
primeira idade.
Nada contra e esta deve ser a orientação. Se já a tivéssemos
em minha época, o meu conterrâneo Lula não seria um apedeuta que tanto
prejudicou esta nação em termos de educação, pelo exemplo que sempre deu de que
não gostava de livros e incutindo na juventude a ideia de que educação formal
era algo de somenos importância para ser presidente de república. Este mal
causado a esta geração, não há PROUNI que redima.
2. Reconhecer que
esta escola é formada sobretudo pelo professor e que, para a pátria ser
educadora, ela deve escolher para professor de suas crianças os jovens mais
brilhantes de suas universidades.
Sabemos que na pátria educadora na cabeça da Dilma,
brilhante é o jovem que sai com uma bandeira vermelha para aplaudi-la por onde passa.
Da forma como hoje se bagunçou a educação no Brasil, com a educação travestida
de chavões ideológicos petistas, vai ser muito difícil a escolha dos jovens
mais brilhantes. E aqui já começa a dificuldade que o Estado terá para que esta
escolha acabe com o viés ideológico hoje reinante. Para mim, para seguir o
Manual, neste item e em outros, o Mercado tem que funcionar, com a supervisão
do Estado, como sugerido no item seguinte.
3. Saber que para
atrair os melhores jovens para a atividade de magistério, esta carreira deve
estar entre a aquelas com as melhores remunerações de todas as profissões.
A pergunta que se faz, de cara, é: Como definir esta remuneração?
Seria igual a de um Senador, de um Juiz ou de um dono de bordel? Isto é como a
política do Salário Mínimo que, levada às últimas consequências, pela lógica
terá que se tornar o salário médio no futuro. Ou seja todos ganharão a mesma
coisa, aliás, como quer nossa gerenta presidenta, mesmo que ela prefira que
esta remuneração seja suficiente para passar o réveillon na Praia de Aratu, de
onde só fala para desmentir ministros. Outra vez, lá vai o Senador nos fazer
pensar no Mercado.
4. Considerar que na
Pátria Educadora os melhores e melhor equipados prédios públicos de cada cidade
devem ser suas escolas, na qualidade e beleza de suas edificações, nos
equipamentos culturais e esportivos disponíveis e no uso dos mais modernos
equipamentos de tecnologia da informação para fins pedagógicos.
Adorei este item. O Senador quer dizer que o prédio do
Congresso seria transformado num grupo do segundo grau. Digo segundo grau para,
pelo menos seguir o nível educacional de seus agora habitantes, os
congressistas. E o Palácio do Planalto seria que tipo de escola? Na época do
FHC seria uma universidade, na época da Dilma seria uma escola de primeiro
grau, já na de Lula seria um Jardim da Infância.
Pode até ser que alguns não vejam nisto uma solução para uma
pátria educadora, mas, certamente seria mais adequado dentro do mundo real onde
a Economia vence sempre a Utopia. Sugiro ainda que o prédio da Petrobrás seja
um centro de ressocialização para aqueles que seguiram pela rota da corrupção.
Afinal de contas socialização envolve educação e não pode ficar de fora da
pátria educadora.
5. Definir
nacionalmente os métodos de formação, seleção e avaliação para que os jovens
atraídos devam ser escolhidos de forma cuidadosa, exigindo-se deles a mais
absoluta competência, dedicação exclusiva ao magistério e sujeitos a um regime
de trabalho que permita substitui-los se não participam realmente da construção
da Pátria Educadora.
O Senador parece que, antes de escrever, leu algum manual de
gerência empresarial. Ele apenas esqueceu que quando o Estado se mete a
empresário, sai a competência e entra o apadrinhamento, e para ser otimista,
completo: na maioria das vezes. Estaria ele propondo uma escola
generalizadamente privada? Se for isto, Senador conte comigo no uso do seu
manual.
6. Perceber que a
educação é um processo integral, com o máximo de tempo da criança em atividade
escolar, complementada com o envolvimento dos pais, da mídia e de toda a
sociedade pela prática cultural e pelo
exemplo dos líderes. O que vai exigir um grande programa de educação de todos
brasileiros, desde a erradicação do analfabetismo entre adultos, até uma
educação também para os que são instruídos mas são deseducados. Esta educação
de todos será necessária inclusive para que a população entenda e adote o lema
de Pátria Educadora, depois de 515 anos em que a educação tem sido vista sem a
prioridade merecida.
Que beleza! Lá vem de novo o MOBRAL. Num país em que só se
conseguiu alfabetizar um adulto quando ele foi presidente, não há forma de
tratarmos prioritariamente a educação de adultos. Mas, mesmo aqueles que estão
hoje só deseducados como os jovens que sonha em ser presidente, o esforço não
deveria ser prioritário. Para as crianças sim. Toda a prioridade deveria ser
dada a elas e colher os frutos no longo prazo, ou seja, como em outros países
como Coreia do Sul, China, e até mesmo o Chile aqui perto. A pergunta é: quem
irá pensar nas próximas gerações e não nas próximas eleições? O PT eu sei que
não é. Quem sabe, um Partido Novo?
7. Assumir que, para
a pátria ser educadora, a educação tem de quebrar as duas amarras que hoje
aprisionam as crianças: o CPF dos pais para pagar uma boa escola privada e o
CEP de onde ela mora para oferecer uma boa escola pública, por isso, para
construir a Pátria Educadora, a responsabilidade pela educação terá de ser
responsabilidade da nação, ou seja: financiada, normatizada e avaliada pela
União, com uma carreira nacional para o professor e todas as escolas com a
mesma qualidade.
Inicialmente, com minha burrice intermitente, não entendi o
troço do CPF e do CEP. Entendi apenas quando ele diz que a educação terá de ser
responsabilidade da nação, ou seja, financiada, normatizada e avaliada pela
União, sendo o professor e todas as escolas da mesma qualidade. Depois da burrice passar e entender porque o senador
cita CPF e CEP, é que fui me perguntar
como uma escola que terá como prédio o Congresso Nacional, seja igual
àquela que será instalada na Prefeitura de Caetés? Para que o item do manual
seja cumprido ou se derruba o Congresso ou transforma a o local de nossa
prefeitura na Praça dos Três Poderes.
Esta ideia do senador eu já conhecia e é muito antiga.
Penso, desde que ele foi Ministro da Educação de Lula, e, talvez por isso,foi
demitido por telefone pelo presidente apedeuta. Agora está mais claro por que.
Na certa, ele apresentou esta ideia para o Lula e ele teve medo de voltar para
Caetés. Só pode ter sido isto.
8. Adotar a educação
como uma responsabilidade federal e não municipal ou estadual, limitando o
papel das unidades federativas à tarefa de definir a parte local do curriculum
e participar da gestão descentralizada de cada escola.
Eu já estou imaginando a fila de prefeitos e governadores em
Brasília para esmolar recursos para tocar as escolas. E os deputados com suas
emendas orçamentárias? Eu quero ver se não vão construir um campus
universitário em Caetés, quando existe um em Garanhuns. Por que? Afinal de
contas Lula nasceu em Caetés e lá deverá voltar para estudar. Houve um
blogueiro de Garanhuns que, muito tempo atrás, propôs uma estátua para Lula na
Avenida Santo Antônio, não sei se ele desistiu da estapafúrdia ideia que seria
uma vergonha para nós caeteenses. E agora, se o manual do senador for aceito,
eu quero nossa universidade e nossa Academia de Letras.
9. Convencer as
universidades, a mídia, o congresso, os partidos, empresários toda a sociedade
de que educação é progresso e formar um pacto nacional para que isto possa ser
executado ao longo das próximas décadas, em sucessivos governos.
O caso dos sucessivos governos é a base de tudo. O nosso
problema é que a pessoa que lançou o lema só concorda se estes sucessivos
governos forem do PT. Será que o senador está querendo voltar ao partido? Não
seria má ideia porque, tenho certeza, ele seria um melhor Ministro da Educação
do que o Cid Gomes, apesar de, em certos aspectos pensarem a mesma coisa. O Cid
quer que os professores trabalhem por amor e não por dinheiro. O senador quer
universalizar este amor.
10. Transformar o
lema Pátria Educadora em realidade legal, sob a forma de leis, decretos e
normas inclusive orçamentarias, além de criar a base política necessária para
fazer o lema sair do marqueting inicial e entrar na história.
E assim falou Zaratustra! Este é o nome de um livro de Friedrich
Nietzsche, um filósofo alemão que acreditava num Super-Homem, e que, dizem,
contribuiu muito para o surgimento do nazismo na Alemanha. No entanto,
Zaratrusta realmente existiu e quem foi ele pode ser visto usando o Google,
nossa memória auxiliar dos tempos modernos. Vejam um resumo lá encontrado:
“Zaratustra foi um
profeta persa que fundou uma religião seguida pelos Aquemênidas.
Proveniente da família
Spitama de uma pequena vila de casas na
Ásia Central, Zaratustra chamou a
atenção desde que nasceu. Diz a lenda que o sacerdote local ficou incomodado com
o recém nascido promissor e forçou seu pai a fazer um teste com ele. Zaratustra
foi colocado na fogueira, porém nada sofreu. Confuso, o sacerdote providenciou
outros desafios, aos quais Zaratustra saiu ileso de todos. Após seguidas
vitórias do recém nascido, o sacerdote mudou-se do local em função da vergonha
que lhe abateu.
Zaratustra cresceu e sempre se perguntava sobre a origem
dos céus, das estrelas e das pessoas. Um dia, ele teria visto uma especial luz
de um ser que viera lhe buscar para um local onde outros sete seres especiais também
viviam. Depois de conviver com eles, Zaratustra voltou para casa e foi mais
perseguido ainda pelos sacerdotes. Foi então que decidiu fugir de sua vila
natal. Fora de lá, Zaratustra encantou outras pessoas com sua honestidade e com
milagres. Na sua vida adulta, contudo, as narrativas lendárias dizem que ele
viveu quase sempre isolado em montanhas ou cavernas e sem comer nada de origem
animal. Regressou a seu povo após sete anos de grande solidão.
Aos 30 anos de idade
iniciou uma missão que era converter seu povo à sua religião. Porém, ninguém o
entendia. Mais uma vez, foi perseguido e hostilizado por sacerdotes até
realizar milagres entre seu povo, já com 40 anos de idade. Daí por diante,
conquistou a confiança do rei e seguidores. Criava-se, então, uma legião de
adeptos na sua vila natal, mas ele sempre teria seus inimigos e seria
assassinado muitos anos mais tarde.
A religião professada
por Zaratustra está expressa nos Gathas, que são cinco hinos que formam a parte
mais antiga do livro do Masdeísmo, datando do final do segundo milênio antes de
Cristo. O Zoroastrismo é uma das mais antigas e uma das mais duradouras
religiões do mundo. Baseia-se no princípio monoteísta que orientou o judaísmo,
o cristianismo e o islamismo. Com a ascensão do Islã e a dominação territorial
desta religião, o Zoroastrismo passou a ser uma crença professada por uma
minoria que, perseguida, refugiou-se no noroeste da Índia. Dificilmente o
Zoroastrismo aceita convertidos, por isso o contingente de adeptos da religião
hoje gira em torno de cerca de 120 mil pessoas apenas.
A base da religião
criada por Zaratustra é a dualidade bem e mal. São cultuados sete ideais que
são personificados por sete espíritos imortais sagrados. Esses deuses enfrentam
tudo que faz menção às forças do mal. A religião não requer templos, pois Deus
é cultuado através do fogo que é mantido aceso nos altares onde se faz as
oferendas. Seus dogmas relatam sobre a vinda do Messias, a ressurreição dos
mortos, o julgamento final, a imortalidade da alma e seu julgamento e a levada
dos bons para o paraíso eterno.
Assim, Zaratustra
fundou uma nova religião e foi o grande profeta da Pérsia durante o século VII
antes de Cristo. O Zoroastrismo, também chamado de Masdeísmo, foi adotado
oficialmente pelos Aquemênidas. A religião apresentava-se com a missão de
erradicar o politeísmo, o sacrifício de animais e a magia.”
Não sejam cruéis de perguntar quem eram os Aquemênidas, nem perguntem se eu li os Gathas, seria um vexame e que aqui não
vem ao caso. O importante é verificar as semelhanças do Zaratrusta com o
Senador, autor do Manual acima comentado.
Penso que desde pequeno o Cristovam, que é meu conterrâneo,
aqui de Pernambuco, já nasceu falando e sua primeira palavra deve ter sido
EDUCAÇÃO. Ele até já foi candidato a presidente tendo como lema a PÁTRIA
EDUCADORA. Sofreu igual a Zaratustra e ainda sofre, por não ser compreendido.
No governo Lula, tentou implantá-la como Ministro da Educação, mas foi
perseguido por todos os sacerdotes e até pelo chefe da seita petista. Foi
demitido por telefone para o chefe da seita nomear um guru que seria, muito
tempo depois, prefeito de São Paulo, e que lá continua seguindo a seita petista
e fazendo ciclovias. E por aí vão as semelhanças com o profeta, que podem ser
comprovadas com vocês lendo suas biografias.
O que temo é que um Manual como este termine incentivando a
criação de uma religião (seria o Educacionismo?)
na qual um único deus nos diga o que é bom para o país ensinar ao seu povo. Como
todos sabem, isto termina, quase sempre como na Alemanha, Cuba e Venezuela,
onde o povo se curva ao líder para lhe perguntar o que fazer e o que aprender.
Aqui a seita petista, que demitiu o senador, continua no poder e dizendo que o
correto é que “nós pegue os peixes”,
antes que a Polícia Federal descubra que vieram do Pré-Sal.
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