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terça-feira, 27 de janeiro de 2015

A crise e a moral petista




Por Zezinho de Caetés

Hoje faço um nariz de cera para uma aula de história. O Ruy Fabiano, no último sábado, a partir do Blog do Noblat, escreveu o texto: “O tamanho da crise”, e nele procura esmiuçar as crises políticas que se passaram em nossa república nos últimos tempos, desde a queda do general Figueiredo, de não saudosa memória.

Nele, vocês encontrarão a seguinte frase: “De mudança em mudança, chegou-se ao PT, que a prometeu em termos mais radicais que seus antecessores: seriam não apenas econômicas, sociais, mas, sobretudo, de ordem moral. O partido construíra sua reputação com um discurso moralista tão extremado que Brizola chegou a apelidá-lo de “UDN de tamancos”.”

Vejam bem como a política, que o Magalhães Pinto dizia que parecia uma nuvem, porque mudava de forma todo o tempo, e eu já digo que parece cocô de cachorro na calçada, pois a cada pessoa que passa e nela pisa, sai xingando, enquanto sua forma mudou, já houve um tempo em que o PT falava em moral. Alguém viu nos últimos 10 anos pelo menos, este partido pronunciar esta palavra? Claro que não, porque suas ações foram tão diferentes de sua pregação que a palavra foi esquecida. E quando falam, seu significado é diferente da Moral. Para os apreciadores da Unidos da Papuda, quem agora é a “UDN de grife” é o PSDB e a oposição em geral, que hoje critica sua derrocada moral.

Hoje, temos uma governante que se esconde nos piores momentos de crise que o país atravessa desde a redemocratização do país, que simplesmente sumiu e, como eu já disse aqui mesmo, só pode ser por vergonha. Pelo menos, meu conterrâneo Lula, não sumia quando a coisa apertava. Mentia, está certo, como para dizer que o mensalão era apenas caixa dois e depois que não existia, mas, pelo menos, não fugia da raia. O cara era mesmo sem vergonha, mas não sumia, até agora.

A Dilma está muda, e não sei se surda, mas, isto ela sempre foi porque só ouvia Lula, que falava muito alto, e agora, que estão brigados, não ouve mais ninguém. Agora também o Lula emudeceu ou não tem mesmo o que dizer, depois do que Marta Suplicy disse dele. Eu já penso que a mudez deles vem do rombo bilionário que o partido criou na Petrobrás. Ora, se isto agora é admitido mesmo pelo ex-presidente da empresa, o Gabrieli, além dos doleiros da vida, como eles irão explicar que não sabiam, e que agora o TCU descobriu que o Zé Dirceu ganhou tanto dinheiro das empresas que davam propina, que não quer mais saber deles?

Além disso, como explicar ao distinto público, sem uma Carta aos Brasileiros, que agora a economia voltou ao “neoliberalismo” (o que nunca usou a não ser o liberalismo do FHC, tolhido pelas circunstâncias) como promessa de levar o pobre para o seu lugar? O que a Dilma descobriu, e tem menos malícia e apego ao poder do que o Lula, foi que não se pode dar almoço grátis a todos, sob o perigo de todos ficarem sem almoço. O que eu não sei é se o Levy, o Risonho, é a pessoa certa para levar à frente este retorno à era FHC. Eu mesmo preferia o seu professor, o Armínio Fraga.

Mas, pensando bem, do jeito que a economia brasileira está, foi até melhor que a Dilma ganhasse as eleições, mesmo se valendo de um estelionato eleitoral, como o país jamais viu, porque temos a certeza de que, se ela não sair antes por impeachment ou por renúncia, sairá daqui a quatro anos. E se continuar com a vergonha que está hoje, pela porta dos fundos, como Figueiredo.

Mas fiquem com o texto do Ruy Fabiano e meditem sobre a história, para não repeti-la, pensando que o Lula é uma solução. Ele é o problema.

“O exercício continuado do poder é, historicamente, fator de desgaste e enfraquecimento, sobretudo quando sua longevidade é atropelada por crises conjunturais. Há numerosos exemplos – e  entre nós, o mais recente foi o próprio regime militar.

Durou 21 anos e não resistiu ao acúmulo de fatores adversos que o tempo impõe (e expõe), em especial quando entra em cena a economia. Quando o presidente Figueiredo viu-se desafiado pela frente oposicionista comandada por Tancredo Neves, em 1984, já iam longe os bons tempos de crescimento alto e inflação controlada, que tornavam os outros erros secundários.

O país começava a mergulhar na crise que, no governo seguinte, o levaria à hiperinflação. A crise, porém, começara ainda no governo Geisel, estendera-se pelo governo seguinte, levando às ruas o discurso da mudança. Não se acreditava mais na capacidade do regime de protagonizá-la.

O resto é história. Não houve eleição direta, mas houve notória participação popular nos acontecimentos que levaram a oposição a vencer no colégio eleitoral.

De mudança em mudança, chegou-se ao PT, que a prometeu em termos mais radicais que seus antecessores: seriam não apenas econômicas, sociais, mas, sobretudo, de ordem moral. O partido construíra sua reputação com um discurso moralista tão extremado que Brizola chegou a apelidá-lo de “UDN de tamancos”.

Nos dois períodos do governo FHC, em que a economia começou a se ajustar – não sendo, portanto, tão eficazes as críticas a esse tema -, o PT investiu duramente na estratégia das denúncias. Pedia CPI todo dia. Lula não hesitava em dizer: “Quanto mais CPI, melhor”. Foi com esse discurso, que assegurava que era possível “um mundo melhor”, que o partido chegou ao poder.

É bem verdade que contou com uma mãozinha do próprio FHC, que, antes das eleições, chegou a dizer que “agora é a vez do Lula”. Supunha que PSDB e PT, vertentes do que via como gradações de um mesmo programa esquerdista, estavam destinados a se alternar ad eternum no poder.

Mas essa é outra história, que a História desfez. O que importa é constatar que o moralismo petista era meramente estratégico. Sabia que a maioria das denúncias que fizera quando na oposição era de fachada. Não fosse, já as teria reaberto e dado consequência judicial desde o início. O partido assumiu conduta que ele próprio passou a chamar de pragmática (palavra que adquiriu significado para lá de ambíguo).

Aliou-se às lideranças que mais execrava e absorveu, com impressionante talento e rapidez, os métodos mais abomináveis do fisiologismo. Tudo isso, claro, provocou dissensões internas.

Os primeiros a desembarcar foram os intelectuais fundadores do partido. Prevaleceu a ala pragmática, que tem em Lula e José Dirceu, seus expoentes. E o partido começou a colecionar escândalos, chegando ao paroxismo do Petrolão, que o The New York Times considerou o maior do mundo moderno.

De escândalo em escândalo, rompeu-se parcialmente a impunidade. José Dirceu, ícone do partido, foi preso. Lula, embora poupado, ficou exposto. Ninguém crê no seu alheamento em relação ao que se denuncia – nem ele.

O resultado é o que está em curso: as maiores lideranças do partido tentam se descolar uns dos outros. Dilma distancia-se de Lula, que, via Martha Suplicy, manda recados ao Planalto. José Dirceu está magoado com ambos: Dilma e Lula.

Sente-se excluído do poder, o que sugere que não se deu conta ainda de sua condição de presidiário (ainda que em regime aberto). O PMDB, aliado do poder – não importa quem lá esteja – reclama de sua escassa fatia no loteamento de cargos.

Dilma, sem maiores aptidões para a negociação política, põe-se de costas para os partidos aliados, dos quais necessitará dramaticamente quando o novo Congresso, a partir de fevereiro, se empossar. O que ocorrerá? Ninguém sabe.

Sabe-se que a política é feita de paradoxos – e o que une, neste momento, os que estão no poder e em suas adjacências é exatamente o risco de se encontrarem no banco dos réus.

Isso impõe, ao menos em tese, uma aproximação estratégica (ou pragmática) dos que neste momento duelam e trocam adjetivos pouco cordiais. São inimigos íntimos, que dependem de uma boia comum para sobreviver.


O quadro é mais desafiador que o do fim do regime militar. Além da crise econômica, gerencial e política, há a crise moral, a mesma que o PT, quando na oposição, buscou imputar a seus adversários. Está enfim provando do próprio veneno – só que preparado e servido por ele mesmo.”

Um comentário:

  1. A Justiça é cega, mas a injustiça podemos ver - Facebook
    https://pt-br.facebook.com/A-Justiça-é-cega-mas-a-injustiça-podemos-ve...A Justiça é cega, mas a injustiça podemos ver. 820 curtidas • 3 falando sobre isso. “De tanto ver triunfar as nulidades, de ta nto ver crescer as

    (GN.8.25) Não fará justiça o Juiz de toda a terra? (HB.10.30) Ora, nós conhecemos aquele que disse: A mim pertence a vingança; Eu retribuirei; (LS.1.15) porque a Justiça é perpetua e imortal: (IS.46.13) Faço chegar a minha justiça; e a minha salvação não tardará; (LE.2.21) porque há Homem cujo trabalho é feito com sabedoria, ciência e destreza; (IS.28.26) pois o seu Deus assim o instrui devidamente e o ensina: (LS.5.’) Então se levantarão os Justos com grande afoiteza contra aqueles que os atribulavam e lhes roubavam o fruto dos seus trabalhos: (JÓ.34.22) Não há trevas nem sombra assaz profunda onde se escondam os que praticam a iniquidade; (1PE.4.5) os quais hão de prestar contas Àquele que é competente para julgar vivos e mortos: (MT.5.6) Bem-Aventurados os que têm fome e sede de Justiça, porque serão fartos.

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