Por Zezinho de Caetés
Hoje, serei breve porque quem dar o recado, ou recados
perfeitos é o Carlos Brickmann, num texto típico de sua verve jornalística
(14/01/2015 no site Brickman & Associados Comunicação com o título: “Lula Chique”). No texto abaixo o Carlos
vai ao ponto ao definir o PT, escrevendo sobre o episódio das declarações de
Marta Suplicy sobre o partido em geral e sobre o Lula em particular.
Quanto a isto eu tenho que citar também um seu colega, o jornalista
Elio Gaspari, que diz, também sobre as declarações da perua Marta, mostrando
que até perua quando critica o PT, pia correto, especificamente sobre algo que
ela disse: “O PT muda ou acaba".
O Gaspari simples mente diz: “O PT não
mudará, porque já mudou, para pior”. E eu digo, e põe pior nisso. E pensar
que eu um dia pensei em entrar nele pensando que o Lula era o gênio da raça.
Leiam então o Brickmann e prestem atenção na frase lapidar
do texto, provocada pelo silêncio de Lula sobre a cantiga da perua: “A pergunta que não quer calar: não estará
Lula falando pela voz de Marta?” Para mim, a resposta é sim, mas, vamos
esperar mais água passar por debaixo da ponte. Meditem também se a Pátria
Educadora é possível, depois dos resultados do ENEM.
“De acordo com a versão da máquina oficial, Marta Suplicy detona o PT
por se sentir sem espaço para disputar a Prefeitura de São Paulo. Põe
divergências pessoais acima dos interesses partidários. Aliás, dizem, nunca foi
muito petista. E o que busca é um pretexto para sair do PT sem perder o mandato
de senadora.
Pode ser - desde que não se conheça Marta Suplicy. É petista de raiz,
das que adoram Lula. Analisemos o que disse: que quis Lula candidato no lugar
de Dilma, que a equipe econômica liderada por Guido Mantega não estava
funcionando, que Aloízio Mercadante quer ser candidato à Presidência em 2018 (e
apenas finge apoiar Lula, enquanto articula seu próprio nome). Deve ser
coincidência - mas há algum tempo pessoas que conversam com Lula atribuem a ele
críticas duras a Mercadante e a Mantega, e queixas de que Dilma não o ouviu
quando recomendou a substituição do ministro da Fazenda. Marta diz que Lula a
estimulou a integrar o movimento Volta, Lula, para fazê-lo candidato no lugar
de Dilma; e depois recuou, talvez por achar que a troca de candidato seria ruim
para ambos.
E que é que diz Lula? Nada - três dias depois do tiroteio de Marta,
mantém-se no mais retumbante silêncio. O Instituto Lula diz, em tímida nota,
que os dois se encontraram pela última vez em agosto - ou seja, dois meses
antes da eleição, a tempo de discutir uma eventual troca de candidato. O tema
foi discutido? A nota do Instituto Lula segue a diretriz atual do chefe
supremo: o silêncio é de ouro.
A pergunta que não quer calar: não estará Lula falando pela voz de
Marta?
Bombardeio
A máquina de destruição de reputações que o PT montou na Internet já
está em ação contra Marta Suplicy. Juca Ferreira, o ministro da Cultura
favorito de Pablo Capilé, aquele ativista do Fora do Eixo, disse que as críticas
de Marta a ele foram como se tivesse levado uma bolsada de Louis Vuitton na
cabeça.
O requinte do guarda-roupa de Marta sempre levantou alguma inveja no
partido, mas agora o ataque é direto. Falta acusá-la de servir boa bebida em
suas festas. Mas Marta gosta de briga. Atacá-la pode até deixá-la mais animada
do que já está.
Dura na queda
Este colunista conhece Marta há quase 40 anos e, embora nunca tenha
votado nela, sempre a apreciou como gente e a respeitou pela franqueza. Marta é
combativa, guerreira, arrojada; não tem medo de cara feia; sua gestão como
prefeita, embora marcada pelos aumentos de impostos (que levaram ao apelido
Martaxa), teve pontos positivos, como os CEUs, escolas de tempo integral de
ótima qualidade, e o bilhete único dos ônibus. É do tempo em os petistas
enfrentavam com dureza os políticos que detestavam, e que hoje fazem parte do
Governo Dilma.
Fale ou não em nome de Lula, Marta não deve ser subestimada. E, quando
diz que Aloízio Mercadante é arrogante e prepotente, saiba: se ela acha, é.
Pátria Educadora
Sim, Dilma disse num dia que o lema de seu Governo seria Brasil, Pátria
Educadora. E, na mesma semana, houve cortes no Orçamento federal. Os maiores
cortes atingiram o Ministério da Educação. Mas a Pátria Educadora não é apenas
a Educação: é também a Cultura. E o Museu Nacional, com 196 anos de história,
maior instituição latino-americana de Antropologia e História Natural, fechou
as portas ao público.
Motivo: há três meses a Universidade Federal do Rio de Janeiro não paga
as empresas terceirizadas de limpeza e segurança. Os serviços foram paralisados
e o museu não podia mesmo receber visitantes. Por que a UFRJ, subordinada ao
Ministério da Educação, parou de pagar? Porque o Governo Federal parou de
repassar as verbas para esses serviços. O salário de dezembro dos funcionários
não saiu, nem o vale-transporte. E os R$ 4 milhões que prometeram liberar nesta
semana não resolvem o problema.
É a Pátria Educadora em ação.
Futebol enlouquecido
Os clubes e a Confederação Brasileira de Futebol são entidades privadas,
certo? Há controvérsias: quando a situação financeira dos clubes faz com que
suas dívidas fiscais exijam sucessivas providências legislativas para que não
fechem, é hora de patrulhar como usam o dinheiro. Há coisas estranhas no
futebol brasileiro. O Corinthians contratou o volante Cristian, encostado num
clube turco, e vai-lhe pagar mais de R$ 400 mil mensais. Cristian é bom? Nunca
foi ótimo, mas ao deixar o Brasil, há cinco anos, era bom jogador. Passados
seis anos, sabendo-se que num futebol pouco competitivo não tinha lugar, estará
bem? Vale o gasto?
O Palmeiras contratou Dudu, jogador de 23 anos que fez certo sucesso no
Grêmio. Dudu estava no Dínamo de Kiev, que também não é clube de primeira
linha. Não despertou o interesse de clubes europeus. É jovem, veloz - por que é
tão fácil trazê-lo? Talvez por ter feito apenas oito gols, como atacante, em 52
jogos pelo Grêmio? Vale R$ 19 milhões pelo passe, mais uns R$ 400 mil mensais?
Quem paga?
OK, se os clubes são privados, que cada um pague quanto puder para
contratar jogadores adequados. Um jogador que leve a vitórias, que atraia
público, merece ganhar muito. Mas isso vale desde que o dinheiro seja do clube,
que o clube esteja em dia com seus impostos. Sem que esteja em dia, quem paga a
conta?”
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