“Informação
clara ao eleitor
O Estado de
S.Paulo
O País tem um
gravíssimo problema fiscal, que afeta todo o desenvolvimento econômico e
social. Além disso, se o reequilíbrio das contas públicas é sempre
politicamente muito difícil, no caso brasileiro a questão é agravada pelo fato
de o caminho de reestruturação fiscal envolver mudanças na Constituição. Não
basta que o governo esteja decidido a diminuir os gastos públicos. É necessário
que o Congresso aprove, em dois turnos nas duas Casas, com quórum qualificado
de três quintos dos parlamentares, as necessárias correções constitucionais
para que as despesas possam ser de fato reduzidas.
É o caso da
reforma da Previdência, que o Congresso não votou no ano passado, apesar das
tentativas do Palácio do Planalto. Se forem mantidas as regras para a concessão
de pensões e aposentadorias, o déficit previdenciário conduzirá as contas públicas
ao colapso.
A despeito da
evidente gravidade do tema fiscal – basta pensar que, sem reforma da
Previdência, o Estado não disporá de recursos para efetuar investimentos em
áreas essenciais, como saúde e educação –, o debate político travado pelos pré-candidatos
não tem abordado o tema com a devida responsabilidade.
Há os que, não
dispostos a enfrentar o problema, preferem ignorar suas reais dimensões. Por
exemplo, o deputado Jair Bolsonaro, que se colocou reiteradamente contra a
reforma da Previdência em discussão no Congresso, diz que bastariam apenas
alguns pequenos ajustes na Previdência. Além disso, opõe-se a qualquer mudança
no regime previdenciário dos militares.
O debate
eleitoral é uma ocasião privilegiada para esclarecer a população a respeito dos
grandes desafios nacionais. A mensagem que vem sendo transmitida por alguns
pré-candidatos é, no entanto, desorientadora. Os discursos de alguns políticos
dão a entender que o equilíbrio fiscal seria uma simples opção ideológica, como
se fechar ou não as contas fossem caminhos igualmente válidos.
Não há
escapatória: o próximo presidente da República terá de enfrentar batalhas muito
difíceis para reduzir o desequilíbrio fiscal. No entanto, tem sido comum ouvir
pré-candidato criticar até mesmo os passos já dados nesse complicado itinerário
de redução de despesas. É o caso da Emenda Constitucional (EC) 95/2016, que
impede, por um período de 20 anos, o governo federal de realizar despesas acima
da inflação do ano anterior.
Segundo o
pré-candidato do PDT, Ciro Gomes, “com essa PEC (do teto dos gastos) haverá um
garrote vil sobre a essencialidade dos custos das universidades, da saúde. Os
repasses da União vão despencar, por uma maluquice que não tem precedente no
mundo. É uma incongruência estúpida que vamos ter que desmontar”. Ora, difundir
esse tipo de desinformação é tremendamente prejudicial ao País, pois alimenta a
ideia equivocada de que os recursos públicos são ilimitados, o que dificulta
ainda mais a resolução do problema fiscal.
Mesmo entre os políticos
que defendem a necessidade de um equilíbrio fiscal, tem havido uma abordagem
superficial da questão. Recentemente, o pré-candidato do PSDB, Geraldo Alckmin,
também criticou a regra do teto de gastos. “Você está limitado em custeio,
investimento e pessoal. O teto de gastos vai acabar com o investimento, que é o
mais importante. Não foi concebido corretamente”, disse Geraldo Alckmin.
O País não pode
ficar refém do discurso populista. A emenda do teto dos gastos (EC 95/2016) foi
um enorme avanço, já que impôs um claro limite para os gastos do poder público.
O passo foi ainda mais significativo tendo em conta a atual composição do
Congresso, que não tem em grande apreço a responsabilidade fiscal.
Será muito
complicado – para não dizer impossível – dar continuidade ao trabalho de
reconstrução do País se o cidadão for à urna depositar o seu voto ignorando a
gravidade do desequilíbrio fiscal, com todos os seus efeitos. Informar com
clareza o eleitor sobre os problemas nacionais é tarefa necessária de quem
almeja um cargo político.”
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AGD
comenta:
Tenho
dito sempre, aqui e alhures, que uma grande frase para reflexão é aquela um dia
dita pelo economista liberal Milton Friedman: “Não há almoço grátis!”. Ela é o
cerne do que chamamos de Ciência Econômica ou Economia, esta ciência lúgubre
porque trata do ponto mais vulnerável dos homens, em sociedade, desde que
saíram do paraíso: A escassez e a possibilidade que o ser humano tem que fazer
escolhas. Ou seja: Na maioria da vezes, “os dois” não é uma alternativa para “um dos dois”.
Ou
seja, para a sobrevivência, temos que fazer escolhas entre os bens que são
escassos no sentido de que se você obtém algo, é porque sobrou menos dele para
outro. E os povos sobrevivem melhor dependendo da escolha que fazem. Neste
caso, o nosso amado Brasil fez escolhas históricas que o distanciaram de alguns
nações, para o bem ou para o mal, e que hoje nos deixam quase sem possibilidade
de escolha.
A
partir de 1988, dentro de todas as nossas escolhas, promulgamos nossa Constituição
cidadã, assim chamada porque prometia dar tudo a todos sem tirar de ninguém. Em
resumo, aboliu, em várias canetadas o problema econômico, e o Estado brasileiro
tentou cumpri-la à risca, e com o apoio de todos. Ora, quem não quer ter só
direitos e quando vêm os deveres então pernas pro ar que ninguém é de ferro?
Agora,
estamos colhendo os frutos de nossas decisões, discutindo se o Estado deve ter
um limite para gastar ou não. Em relação a isto há outra frase que não sei de
quem é, mas, se alguém reclamar, eu assumo a autoria que diz: “O governo não tem dinheiro!”. Protestos, manifestações, gritos, e tudo
mais de quem não quer sair do bem bom e da terra da promissão. No entanto,
pensando bem, de onde o governo tira o dinheiro? Será que as burras da casa da
moeda poderiam funcionar sem o dinheiro dos outros. Claro que sim, mas, por
poucos e felizes momentos, até quando o processo inflacionário volta tudo à
estaca zero, e com uma confusão muito maior.
O
Brasil já tem experiência de sobra de todas estas mazelas e até hoje nossos dirigentes
não aprenderam que não adianta forçar a barra, pois não voltaremos ao paraíso.
E em outubro temos uma grande oportunidade para colocar pessoas lá, que podem
até não resolver o problema de imediato, mas, pelo menos tenham algo NOVO a apresentar,
pelo menos respeitando algumas regras básicas em suas escolhas. Votemos bem,
então!
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