“A verdadeira
reforma
POR MERVAL
PEREIRA
Há muitos
pré-candidatos a presidente da República, tão diferentes entre si como Ciro
Gomes do PDT e Geraldo Alckmin do PSDB, mas com pensamentos comuns no que se
refere à economia, talvez uns com tintas mais carregadas que outros, mas todos
convencidos de que é preciso usar o primeiro ano de mandato, ou até mesmo os
primeiros seis meses, para realizar as reformas necessárias. As mesmas em que
nos debatemos há anos: reforma previdenciária, tributária, mas, sobretudo, a
fiscal, que garantirá o equilíbrio das contas públicas.
Sem equilíbrio
fiscal não há como crescer, afirmam com a mesma convicção os economistas Mauro
Benevides Filho, que trabalha para Ciro, quanto Pérsio Arida, coordenador do
programa econômico de Alckmin. Não são diferentes dos que assessoram candidatos
também distintos entre si como Marina Silva (André Lara Resende e Gianetti da
Fonseca) e Bolsonaro (Paulo Guedes).
Uns acham que o
equilíbrio fiscal é questão fundamental, mas não suficiente para o crescimento,
mas mesmo Benevides, que está no campo da esquerda, discorda da tese, muito em
voga entre os petistas, de que o problema fiscal se resolve com crescimento
econômico.
Portanto, o
teto de gastos tão polêmico será mantido em governos de diferentes tendências,
com nuances. O candidato Ciro Gomes disse ontem na sabatina da Folha, UOL e SBT
que é preciso ter “uma pedra no coração” para cortar gastos com a educação.
Benevides tem declarado que o teto de gastos será flexibilizado para permitir
investimentos e dinheiro para a saúde e a educação. Mas haverá cortes em outros
setores, para equilibrar as contas.
Tanto ele
quanto Pérsio Arida têm defendido em entrevistas mudanças na tributação, para cobrar
dos ricos mais do que dos pobres. Privatização é uma palavra comum, mas, para
Ciro Gomes, Petrobras e Eletrobras são intocáveis. A reforma da Previdência
também encontra eco entre os economistas mais distantes entre si, mas com
nuances.
Uma proposta
comum, no entanto, é a capitalização privada para as aposentadorias acima de
três salários mínimos. Assim como sabemos o que é preciso fazer para atingir o
desenvolvimento econômico, não se sabe como enfrentar uma necessidade básica
para realizar um programa de governo viável, a tal da governabilidade.
Mudar nossa
cultura político-institucional é o desafio de todos os pré-candidatos, pois
nenhum partido fará maioria no Congresso, como sempre acontece num modelo
político que favorece a pulverização de partidos.
Como, a começar
por aí, fazer a reforma política que vai tirar o poder de muitos dos que estão
no Congresso e lá pretendem manter-se pelas regras atuais, rejeitadas pela
população, mas garantidas pelo controle das convenções pelas cúpulas partidárias?
Pior que isso:
diante das mudanças que a sociedade está a exigir, do combate à corrupção que
se tornou a prioridade para o exercício pleno da cidadania, os líderes
partidários começam a dar mais atenção às eleições parlamentares do que à
presidencial, em busca de bancadas fortes para tornar mais difícil ao eleito se
livrar deles, de seus partidos, muitos deles quase fantasmas a exigir benesses
em troca de apoios.
Mesmo nos
primeiros meses de um governo eleito diretamente fica difícil prescindir dos
partidos. Mas como negociar programas, objetivos, com partidos que há anos
estão acostumados ao toma-lá-dá-cá e se cevam nas regalias do governo central?
Essa será a
difícil tarefa de quem chegar ao Palácio do Planalto em 2018 e não quiser
favorecer uma aliança do baixo clero para recair nos mesmo erros que estão
sendo punidos pela Operação Lava Jato. Ou se ver às voltas com uma crise
institucional.”
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AGD
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