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terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

FLIG / 2007




Por José Antonio Taveira Belo / Zetinho 

Há muito tempo que não me reporto para a criação da ACADEMIA BONCONSELHENSE DE LETRAS – ABCL em nossa cidade de Bom Conselho, terra que mesmo de longe e sem a visitar amamos nosso torrão natal. Como sempre faço, a cada mês visualizo e limpo os meus queridos livros nas prateleiras. Um olha para mim e, sinto no seu aspecto desejo: – vem me folhear e assim faço quando estou nesta tarefa, folheando alguns. Desta vez, foi sem pretensão  do  ANAIS – II FESTIVAL DE LITERATURA DE GARANHUNS – FLIG de 2007, realizado há dez anos, coordenado pelo garanhuense Manoel Neto Teixeira  com varias fotos de personalidades da literatura pernambucana que participaram deste evento cultural. Depois de folhear todo volume, vejo com alegria que o nosso grande conterrâneo Jodeval Duarte, participou ativamente como presidente da mesa, no trabalho desenvolvido pela professora, ensaísta conferencista, Ana Maria Cézar, sob BALA E A MITRA” – NOVOS TEMPOS DE VERDADES ANTIGAS (conforme consta n pagina 143) quando preside o trabalho E ai ao termino desta leitura resolvi voltar lembrar aos conterrâneos criação desta academia, que seria um marco da nossa liberdade acadêmica de nossos conterrâneos. Passo a transcrever o seu parecer na orelha deste Anais, do Jodeval Duarte:  

O II FLIG foi quase um xerox do1º. Ariano fez a diferença. Mas porque foi quase tudo igual cabe ser pensado. Há de se admitir que tendo sido um sucesso o º, nada demais que o segundo seja um repeteco. Em tese, porque na verdade todos pecamos pela ambição de nos superar. A ideia, findo o º, foi de fazer um  do seguinte Festival insuperável... até o próximo. Problema é que, basicamente, a fundação foi a mesma, nada se acrescentou para dar sustentação á nova construção. Mas claramente: o II FLIG pecou por não ousar. Limitou-se, como o primeiro, a sua vocação excessivamente acadêmicaNote-se que as academias sempre serão ponto de partida para qualquer esforço intelectual. Até quando se trata de ciências exatas, historia se faz através das famosas Academias de CiênciasMas se diga quando o assunto é literatura. Entretanto, se no primeiro movimento podem fazer bonito em andante, no mínimo espera-se que sobrevenha algo como o alegro moderato, que ao baixo sempre suceda, no tempo certo, o contraponto do tenor. Festival de Literatura é, obrigatoriamente, polifonia. O que vimos no II FLIG foi sempre um moderato – puxado para cantochão – até o belíssimo allegro final. Para ser mais exato, cabe lembrar que no meio da peça houve um movimento novo que se para uns pareceres quebrar a harmonia para outros foi o momento de uma nova emoção, antecipadora do FLIG que todos desejamos com acadêmicos, sim, mas menos academias e mais personagens, leituras, partilha de sentimentos. Não há partilha de sentimentos em longos discursos. Há em  curtas, médias e longas leituras. De poesias, de cantos, romances. Caldo de cultura para os leitores em potencial. Revelações para os leitores habituais. Do III FLIG esperamos – os que estamos na planície – a presença de mais gentes da província. Até a hora de Ariano Suassuna, o que se viu foi um auditório com os mesmos acadêmicos e poucos, bem poucos,  de cá de Garanhuns ou de cidades vizinhas. Como se por aqui fosse parco o gosto pelas letras. Pelo contrário, sempre fomos tidos como gente metida a escrever. E não faltam escritores. Bons, toleráveis e medíocres, como costuma ser em qualquer lugar e qualquer tempo.  Mas que há, há. Por que, então, fazer-se um Festival de Literatura fundado apenas nos letrados da capital – muitos dos quais saídos do interior? Por que não se abrir espaço p ara os locais na comisso organizadora? A resposta a essas questões pode ser um indicador do que poderá ser o III FLIG. Até lá, de certo mesmo só teremos a devoção pessoal do poeta João Marques,  quem devemos a realização do Festival – com admirável empenho do prefeito Luis Carlos, sem o qual não haveria FLIG, naturalmente. Deseja-se, apenas, que a tanto gosto e tanta vontade pessoal se acrescente o gosto coletivo, que de tão coletivo venha um dia o FLIG a ser uma grande festa cultural de Pernambuco com repercussão em todo o Brasil – como acontecepor exemplo, em Passo Fundo, no Rio Grande do Sul -, sem dono e sem risco de ficar um dia penas guardado em documentos com este que o diligente Manoel Neto torna possível, Jodeval Duarte, escritor e jornalista. 

Acredito piamente que algum dia a Academia Bonconselhense de Letras – ABCL surgira em nossa cidade. 

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