Por José Antonio Taveira Belo /Zetinho
Barnabé gostava de farra. A vida
para ele era viver em botecos, no salão de dança, e no salão de sinuca de
Alfredo na Praça Maciel Pinheiro, na Boa Vista.
Morava no Alto de Santa Izabel, na zona norte de Recife. Sábados e
domingo não conta-se com ele para nada, pois sempre estava em uma roda de samba
no boteco de Seu Firmino. Era solteirão. Vivia com a sua mãe Dona Flor e Seu
Nigerino. Com sua vasta cabeleira penteado, uma barba cheia e olhos claros era
o seu charme. . O sorriso cativava todas as mulheres que lhe conhecia. Usava um
trancelim que a sua avó deixara. O anel de brilhante de segunda na mão direita.
Sou solteiro livre e desimpedido, dizia. Com todos estes atributos, gostava de
Capitu, uma morena linda de olhos esverdeados, sorriso largo, lábios pintado de
um vermelho cativante para o beijo. Ela sempre teve simpatia pelo Barnabé,
dizia e não escondia este desejo. Sabia da vida desregrada do seu pretendente,
não gostava de trabalhar e vivia da boemia. Ela dizia esta maneira de viver não
dava comida para ninguém e, adiava sempre o namoro por ele já dizia as amigas.
Enamorou-se dela. Conquistou o seu amor depois de muito tempo e começou namorar
sem deixar os seus encontros com os amigos, nos sábados e domingos. Era
promessa dizia ele. Certo dia noivou e com pouco tempo casou. Arranjou um
emprego de balconista na Rua Duque de Caxias. Quando saia ia direto para o Bar
Savoy na Avenida Guararapes, com os novos amigos, saindo sempre por volta das
seis horas da noite. Não ia para casa logo, ia para a sinuca do seu Alfredo e
por volta das três horas da manhã ia para casa. O domingo era sagrado í era
para tomar suas cervejas no boteco. Ela reclamava e, ele dizia minha nega gosto
de farra se quiser ficar comigo o vai ser assim. E assim era. Ela chorava e se
maldizia por aquela vida que levava e quando reclamava choramingando ele –
Chora minha nega! Sorria e saia. E assim levou muito tempo nesta vida de boemia
e ela sempre em casa. Certo dia de sábado foi esperar o seu amado e desejava
fazer uma surpresa. Vestiu-se e por volta das onze horas tomou o ônibus desceu
na Rua do Sol, atravessou a Avenida Guararapes e ficou tomando uma agua de coco
enquanto o esperava. Deram duas horas da tarde e ele vem Barnabé abraçado com
Mariquinha, uma bonita loira que fazia ponto na Pracinha em frente ao Diário de
Pernambuco. Ela quase desmaiou, esfregou os olhos querendo apagar aquela cena,
mas não conseguia. Sentaram-se os dois abraçados no interior do Bar Savoy. Ela
chegou por trás pegou o copo de cerveja jogou na cara dele e outro jogou na
cara e na roupa da Marquinha e disse alto e bom tom – Chora meu nego! Saindo e
os frequentadores fizeram uma algazarra enquanto o casal saia pela porta sob
aplausos. Chegando a casa apavorada, vestiu-se de novo e foi para um baile funk
em Casa Amarela. Chegou por volta da quatro horas de manhã alcoolizada
acompanhada de um homem em um carro parando em frente de sua casa e dizendo até
amanhã, nos encontraremos, com a mão soltou-lhe um beijo. Neste instante Barnabé saiu de casa
violentamente dando um soco na mulher caindo ela na calçada, enquanto o seu
acompanhante da noitada saiu para defendê-la.
Com uma faca peixeira golpeou por duas vezes deixando sagrando no meio
da rua e correu descendo pela escadaria desparecendo no início da manhã
domingo. Dois meses depois Barnabé foi apanhado pela polícia, preso e como não
tinha nenhum antecedente criminal respondeu agressão em liberdade. NA
comunidade ficou com o apelido “Chora meu engo”
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