Bom Conselho - PE |
Por José Antônio Taveira Belo /
Zetinho
Toda cidade tem uma história e
suas estórias, aquela transmitindo seus feitos, suas datas, seu passado cheio
daquele vigor cívico que enobrece, orgulha e glorifica o presente; essas
inebriando, entusiasmando, sensibilizando no presente o passado, vinda através
das tradições e das lendas. Ali é uma praça, um monumento, uma ruina, uma
igreja, uma casa, uma rua. Aqui uma figura, um folguedo, um canto, uma dança,
um uso de costume, tudo isso, porém forma um conjunto de conhecimentos e de
saudades em uma cidade. Há pairando sobre tudo isso o tempo. Ele é responsável
pela história. E ele sua medida no contexto vivencial. A cidade é feita de
sonhos e desejos. Sonhos e desejos que, um dia, se tornarão recordações, se
incorporarão aos inúmeros labirintos da memória das pessoas. É assim a cidade a
moradia dos homens. E Bom Conselho não fica atrás. A cada dia a cidade vem
sofrendo a delapidação do seu patrimônio, rasgando um passado que cresceu e
poderia ser conservado para as gerações que advir, mas sofremos a cada dia um
desprezo pelo patrimônio cultural que guarda a valioso sentimento dos seus
antepassados. Leio com tristeza e lamentação na edição da À GAZETA nº 425 de 16
a 31/01/2017 página 07, e vejo a foto da destruição do Bangalô de Luisinha
Correntão, que já fora delapidado com a construção de um prédio horrível
vermelho, já destoando o lugar. Aquele bangalô na minha infância brinquei muito
nos seus terraços, corredores e salas mal iluminadas trazendo medo para as
crianças correndo de um lado para outro se esquivando dos espinhos dos “bem
casados” florzinha vermelhinhas. Em 1950 aquele lugar foi de expectativa para
nós crianças, pois a minha querida mãe Nedi estava para “dar a luz” e nos
mandou para o bangalô de Luisinha para esperarmos a cegonha passar por cima do
telhado até a nossa casa na Rua do Caborje e ali ficamos até ao meio dia,
quando fomos avisados da chegada da nossa irmã Ana. Olhamos um para outro e
ficamos sem ver a “cegonha” passar pelo lindo céu azul e um sol abrasador
naquele dia 09 de o outubro. Ali, também à tarde no terraço, sob o sol se
pondo, o Tenente Caçula sentado com o chapéu cinza, paletó, guarda chuva preto
e de óculos de grau “fundo de garrafa” com Luisinha, observando as pessoas que
circulava na Praça Lívio Machado, com a sua estátua que retirassem para fazer
uma rodoviária, infelizmente ainda hoje é falada e rejeitada pelos
moradores. Naquele terraço costumava
Luizinha receber as suas amigas para o bate papo e o chá da tarde e recordar os
bons momentos vividos e avivar os pensamentos, encerrando muitas das vezes com
a hora do Ângelus tocado no auto falante na Praça Pedro II. Os patrimônios da cidade vão desaparecendo em
cada governo municipal, que não atenta para esta cena. Quantos prédios e
residências não foram destruídos nestas últimas décadas? Eu enumerarei alguns
da minha infância que por sorte ainda alcancei, se não somente veria através de
fotografias cinza como o nosso povo o vê hoje. O Cinema Rex, edifício antigo
que embelezava a todos quem ia até o Corredor, com os seus cartazes
cinematográfico, para aqueles sentir a programação da semana; derrubado para
fazer um mercado público de carne, que hoje não representa nada de acordo com
alguns anuncio na nossa querida A GAZETA; o Correto brincava muito quando
descia pela Rua das Aguas Belas, para visitar as casas de minha Tia Maria, mãe
de Geraldo e Hélio Belo, e das Tias Joana e Maria Eugenia, destruíram. A Bomba
de Querosene Jacaré instalada em frente da casa de Tenorinho, destruído, não
sei existe alguma fotografia; a Praça Pedro II, bonita como era no meu tempo com
os seus canteiros coloridos e rosas vermelhas e amarelas e margaridas
branquinhas e com as suas palmeiras imperiais, destruíram para fazer uma nova
praça que de nada é bonita como a que existia; No Alto do Colégio um posto de
gasolina tomou a ali um monumento. Tantas e tantas outras casas no “quadro” que
deveriam permanecer na sua originalidade, como existe em outros lugares que
preservam a beleza do passado da cidade. Cidades como Ouro Preto, Mariana, São
João Del-Rei no Estado das Minas Gerais; Paraty e Petrópolis no Rio de Janeiro,
Olinda o seu sitio histórico, Pelourinho em Salvador e tantas outras que
conservam o seu patrimônio histórico que encontra os turistas que ali se alojam
e se encontram em passeios pela paisagem existente. Onde se encontra a Secretaria
de Patrimônio Histórico da Prefeitura de Bom Conselho, se existe, para conter
estas aberrações, ainda tardia. Existe ainda em nossa cidade patrimônio que
devem ser preservados e que se não tomar providencias breve cairão, como está
acontecendo com o Bangalô de Luisinha Correntão, um patrimônio que deveria ser
preservado. Vejamos alguns que poderão ser atingidos por esta ganancia de
modernidade. O bangalô do Coronel José Abílio, este eu acredito que ninguém
mexerá, pois o Coronel é capaz de ressuscitará e lutar para que se preserve o
seu lugar donde dali velava a nossa cidade; A casa de Doutor Raul Camboim, na
Rua Aguas Belas. Outra bela casa que
ostenta a beleza arquitetônica de tempos idos. O Ginásio São Geraldo quase foi
destruído, pois houve movimento para isto; O Grupo Mestre Laurindo Seabra, onde
muitos aprenderam as primeiras letras e hoje dão testemunho do aprendizado em
vários lugares do nosso Brasil; A antiga cadeia pública, onde pode ser
instalado um centro de artesanato para os nossos artesões. O casarão onde
funcionava a GAZETA, outro imóvel antigo. Vamos guardar a memória do
antepassado em nossa cidade e não tentar destruir o que ainda existe.
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