Por Zé Carlos
Eu já disse que não faço, nesta coluna, discriminação de cor para o
humor. Seja ele negro, branco ou vermelho, ele é sempre bem-vindo. E nesses
tempos de crise, se não apelarmos para o humor negro, não tenho quase nada para
escrever.
E já começo com o nosso grande humorista, talvez, hoje o maior deles,
barrando até a nossa musa a Dilma, pelo seu retiro espiritual, o Lula, que
resolveu fazer um show de humor em pleno velório de Dona Marisa Letícia. Eu
nunca pensei que isto seria possível. Mas, uma vez pândego, sempre pândego. Se
o Brizola, pisaria até no pescoço da mãe para ganhar uma eleição como ele mesmo
disse, nesta situação pré-cadeia o Lula pisou no caixão da própria esposa para
que o Sérgio Moro não o pegue.
Eu penso que todos os políticos brasileiros sonharam em ir ao velório
de Dona Marisa, não por ela, mas para abraçar o Lula. No íntimo de cada um
estaria a interrogação: Será que este cara volta? Até o Michel Temer esteve por
lá e até ouviu os conselhos dele, que hoje não passam de piadas de mau gosto. O
FHC foi também, para pagar a visita que o Lula fez no velório de Dona Ruth
Cardoso, e outros tantos do PT e similares foram mesmo para ver o show de Lula.
Nem o padre (no caso, hoje Bispo) se importava com a defunta quando atacava:
“A Marisa Letícia foi uma
guerreira na luta a favor da classe trabalhadora. Atentem para as reformas
trabalhistas que sejam contra os trabalhadores; a reforma da Previdência,
contra pobres e assalariados. É preciso que estejamos atentos”.
Com uma piada destas as operações plásticas da ex-primeira dama devem
ter apertado o seu rosto. Todos sabem que a Dona Marisa acompanhou o marido em
tudo, e o Lula faz muito tempo que não é da classe trabalhadora, se algum dia o
foi. Sua frase mais famosa ainda veio de um grampo da Lava Jato, onde ela
mandava os vizinhos enfiarem as panelas em certo lugar. Então hoje, quando se fala de sua luta em favor da classe
trabalhadora, só nos resta sorrir. Classe trabalhadora com Triplex no Guarujá é
difícil de encontrar, a não ser em situações de humor.
E todo o show de Lula vem de sua situação hoje, com tantos processos
nas costas que só pode sobreviver aproveitando todas as brechas que lhe são
dadas. Inclusive os velórios. Aliás, contam os livros que esta não foi a
primeira vez que ele usou a mulher para tentar ganhar eleições. A história de
sua primeira esposa, que morreu de parto, foi contada em outras campanhas e ele
chorou mais do que ontem. O potencial humorístico do homem é insuperável.
“Ela morreu triste!”,
começou o show. Todos já riam, para dentro é claro, como se deve rir nos
velórios, quando sabem que na situação do Brasil de hoje, que foi o legado de
Lula e Dilma, quem não está triste é porque a Lava Jato ainda não pegou, e vai
ser difícil encontrar algum político alegre depois de retirarem os sigilos das
delações. E, então, diante do burburinho ele atacou:
“Ela está com uma estrelinha do PT
no seu vestido, e eu tenho orgulho dessa mulher. Muitas vezes essa molecada do
sindicato dormia no chão da praça da matriz aqui de São Bernardo e a Marisa e
outras companheiras vendendo bandeira, vendendo camiseta para a gente construir
um partido que a direita quer destruir”.
Até hoje, quando o Lula fala na direita ou na esquerda, é motivo de
riso porque ele mesmo não sabe se é de direita ou de esquerda. No fundo, no
fundo mesmo ele sempre foi da “marvada da
cachaça”. E a imagem de Dona Marisa vendendo bandeiras, penso que nem mais
ela lembraria. No entanto, “tudo vale a pena quando a ambição pelo poder” não é
pequena”, diria o Fernando Pessoa se vivesse nestes tempos bicudos.
E seguindo a lógica do discurso conclui, altaneiro:
“Na verdade, Marisa morreu
triste. Porque a canalhice que fizeram com ela… E a imbecilidade e a maldade
que fizeram com ela… Eu vou dedicar… Eu tenho 71 anos, não sei quando Deus me
levará, acho que vou viver muito porque eu quero provar que os facínoras que
levantaram leviandade com a Marisa tenham, um dia, a humildade de pedir
desculpas a ela”.
O engraçado é quando se pergunta quem fez a maldade, a figura do Sérgio Moro vem à cabeça de
todos. E quando todos pensam no sisudo Moro pedindo desculpas a Dona Marisa,
não há outro jeito a não ser rir por dentro. E acabam bolando pelo chão quando
o Lula quer se transformar em “O Homem
que Matou o Facínora”, filme que assisti lá em Bom Conselho, ainda na época
em que havia um cinema por lá. Se se pensar bem o culpado de tudo é o Lula,
pelo conjunto da “obra” que deixou pelo mundo.
No entanto, nem só de velório viveu o humor da semana que passou.
Muito pelo contrário. Desde a segunda-feira a semana foi muito movimentada para
aqueles que querem rir.
Outro fato que chamou atenção na semana que passou foi o sorteio do STF,
para a escolha do substituto do Teori Zavascki, que era o morto da vez na
semana retrasada, sendo substituído por Dona Marisa nesta, como relator da Lava
Jato. Foi estranho. Antes do sorteio todos desejavam e esperavam e parece até
que sabiam, que o Edison Fachin saísse na bolinha vencedora. Pois pasmem, deu o
Edson Fachin. E foi uma alegria geral. De um lado, aqueles que querem que a
Lava Jato prenda aqueles que o PT quer que fiquem soltos, e vice-versa. Ambos
tinham razões para ficarem alegres. Os primeiros porque acham que sendo o
Fachin nomeado por Dilma e tendo participado de atos petistas, vai livrar a
cara deles; e os segundos porque não saindo o Lewandowski ou o Toffoli já seria um ganho enorme, ou seja, ainda haveria chance do Lula se
encontrar com o Renan no xadrez.
Eu não posso dizer que vi nenhum menino com um ímã debaixo da mesa
parando a roleta no número desejado, como acontecia lá em Bom Conselho nas
festas de final de ano, que soube, não existem mais. Todavia, quando todos se
alegram com os resultados de uma rodada, o chefe do cassino tem que ficar com
as barbas de molho, pois, outros sorteios virão. Mas, não é verdade que o
Lewandowski tem se irritado com o resultado. Aliás, ele agora deixou crescer o
bigode. Deve ter sido para não ser reconhecido na rua depois da lambança que
fez no julgamento da nossa musa, a Dilma. Esta estava no velório de Dona Marisa
e não deu nenhuma declaração, que eu saiba, para não empanar o brilho do show
de Lula.
Ainda no plano interno, já que falei da Dilma, um novo episódio
humorístico se passou durante a semana. Agora com o Temer. Lembram que a Dilma
nomeou o Lula para chefe da Casa Civil do seu governo somente com medo que o
Moro pusesse as mãos nele? Pois o Temer fez a mesma coisa com o Moreira Franco,
mais conhecido na Odebrecht por “Angorá”,
aquele gatinho fofinho e peludo, e que costuma roubar a geladeira e colocar a
culpa no gato vira lata. E agora, o Moreira Franco está blindado contra a Lava
Jato. Estou vendo que o Temer é um comediante de uma sutileza ímpar. Para rir
com suas piadas é preciso, no mínimo ele contar, umas 5 delas, até entendermos
o seu potencial humorístico.
Mas, o grande show de humor ainda continua no plano internacional com
o nosso Donald Trump que, para satisfazer seus sobrinhos, o Huguinho, Luizinho
e o Zezinho, determinou que cidadãos de 7 países não poderiam mais entrar nos
Estados Unidos. Até o Pateta ficou chocado com a decisão e um juiz de lá já
proibiu a proibição. Não sei o nome do juiz, mas bem poderia ser o Pluto Smith.
E o Trump promete outros shows, agora que assinou com esta coluna para colaborar
semanalmente. Mesmo que só seja um “tweet”
por semana, mas, já enobrece o riso dos nossos leitores.
E há tantos assuntos hilários esta semana que ia me esquecendo do
início do ano legislativo, com as respectivas eleições das respectivas casas.
No Senado deu o Eunício, o “índio” e
na Câmara deu o Rodrigo Maia, o “botafogo”,
como são conhecidos na Odebrecht. Um promete ser fiel ao Brasil na alegria e na
tristeza, e o outro na pobreza e na riqueza. Será que o Moro vai forçar o
divórcio? Pelo jeito que a coisa está andando, se a Lava Jato continuar neste
ritmo, o desenlace matrimonial será litigioso. No entanto, vamos torcer para
que o riso prevaleça e Brasil, mesmo se sentindo traído, não apele para a
violência, por ser o último a saber. Afinal de contas este sempre foi um país
manso.
Bem, por hoje é só, pois o sol já está alto nesta nova semana que
chega, que espero, sem defuntos.
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