Por Zezinho de Caetés
Semana passada escrevi um texto
aqui cujo título começava assim: “É a
política estúpido!” e terminava perguntando: “Será que vai dar macaco?” (aqui).
Lembram? Não deu macaco, deu Fachin, e agora comentaremos: “É a economia, estúpido!”, voltando ao
dito original.
Para isto nos aproveitamos de um
artigo do Carlos Alberto Sardenberg em O Globo, abaixo transcrito (“Tanto pró e tanto contra”), onde ele
mostra os prós e os contras para sairmos da enrascada em que o PT nos meteu, na
Economia.
O problema que se coloca agora é:
“Já chegamos ao fundo do poço, estamos
nele, ou já começamos a sair?”. Isto, no linguajar dos economistas que
estudam os ciclos econômicos, apenas quer dizer se o PIB, que é o que se produz
de bens num determinado tempo, já parou de cair, como o fez nos últimos 2 anos,
ou já começou a crescer.
É claro que o que vai mostrar
isto é o IBGE, daqui a algum tempo. No entanto, nós que observamos o vizinho,
podemos constatar que parece apenas estar começando a derrocada em que estamos.
Pelo menos em termos de emprego, agora é que o indivíduo que o perdeu e começa
suas agruras para que a crise não atinja sua família.
E não é por outro motivo que
vemos o que está acontecendo no Espírito Santo, onde a polícia está fazendo “greve”, coisa que antigamente era motim,
e as pessoas vão às lojas, não mais para comprar e sim para saquear. Chamar a
todos de bandidos seria o correto, no entanto, o que dizer do poder público que
se recusa a agir? Seriam anjos?
É, infelizmente, este tipo de
comportamento do nosso Estado, por tanto tempo, onde se recebia bandidos com
bandeira vermelhas no palácio e o presidente vestia seu boné. Seria que
poderíamos esperar outra coisa?
E temos que aguentar ainda, vendo
a sessão de ontem do Senado, a tentativa hercúlea de alguns petistas
remanescentes, falarem em governo golpista, aproveitando-se dele. Não enxergam
eles, lutando pela sobrevivência, que a única coisa moral a fazer seria pedir o
chapéu e se mandarem todos de lá, deixando que a Democracia tivesse um
descanso? Quais seriam as consequências de uma greve de políticos no PIB?
Deixo-os agora com o Sardenberg,
que reflete com mais profundidade sobre o que nos espera em termos econômicos,
e esperando, que, de ums vez por todos, aprendamos que: “Não há nem enterro grátis”, já que não entendem que cada almoço
alguém tem que pagar.
“Quando o PIB parar de cair,
teremos deixado a recessão para trás e iniciado o processo de recuperação
Há um intenso debate sobre se a
economia brasileira já saiu da recessão ou, se não, quando isso pode acontecer.
Recessão quer dizer queda do Produto Interno Bruto (PIB), quando um país produz
em um determinado período menos do que em momentos anteriores. Isso aconteceu
em 2015, quando o PIB caiu espantosos 3,8%, e em 2016, provável redução do
mesmo tamanho. Portanto, quase 9% de perda de produto em dois anos.
O desastre estará superado apenas
quando a economia recuperar essa perda. Quando, por exemplo, a taxa de
desemprego voltar para a casa dos 6%. Vai levar tempo longo. Mas o caminho
começa com uma zeragem: quando o PIB parar de cair, teremos deixado a recessão
para trás e iniciado o processo de recuperação.
Isso já estaria acontecendo neste
ano de 2017?
Listo aqui primeiro os fatores
que puxam o Brasil para baixo e os que empurram para cima. Em seguida, abordo
fatores já em andamento. E depois as perspectivas positivas e negativas.
O que puxa para baixo:
Desemprego — 12,5 milhões de
pessoas sem trabalho é um enorme drama familiar e um efeito econômico grave:
reduz o consumo das famílias, poderoso motor do PIB;
Endividamento das famílias e das
empresas — há um excesso de dívidas formadas no período do crédito fácil,
frequentemente subsidiado e sem critério e, no caso das empresas, apoiando os
empresários amigos do governo petista. O momento é de reduzir dívidas, o que,
de novo, reduz consumo e investimentos;
Crise fiscal dos estados — Rio,
Minas e Rio Grande do Sul têm PIBs regionais fortes. A falta de dinheiro afeta
todos os setores da economia local.
O que puxa o Brasil para cima:
Safra agrícola 2016/17 —
excelente, acima dos padrões, deve ter um valor bruto de R$ 545 bilhões, renda
espalhada por todo o interior brasileiro. Vai gerar preços de alimentos
comportados e mais excedentes de exportação. Aliás, as exportações de carne já
iniciaram janeiro detonando;
Liberação das contas inativas do
FGTS — nada menos que R$ 43 bilhões, estimativa da Caixa, que chegarão aos
bolsos de 30 milhões de trabalhadores. É dinheiro, algo em torno de 0,7% do
PIB, que poderá ser usado para abatimento de dívidas e consumo novo;
Queda forte da inflação — IPCA de
janeiro, divulgado ontem, foi recorde de baixa. Isso preserva a renda das
famílias e dá ganho para quem obteve reajustes salariais acima de 5% no ano
passado;
Queda acentuada dos juros —
poderoso estímulo ao investimento.
Daqui para a frente, o que pode
atrapalhar:
Crise política em Brasília, que
bloqueie a atividade do governo e do Congresso, impedindo a votação das
reformas.
E aqui cabe uma observação: essa
crise pode surgir com as delações da Odebrecht e as investigações decorrentes
dela. Vai daí, simplificando, se diz que a Lava-Jato pode atrapalhar —
escorregada que nós mesmos demos em comentário no “Jornal da Globo”, na última
terça. Mas logo corrigida com o seguinte ponto: a Lava-Jato é favorável ao
Brasil, muda para melhor a política, o comportamento ético e a economia, neste
caso, ao tornar evidente os malefícios do capitalismo dos amigos do governo. E
abre espaço para uma política correta e um capitalismo de verdade, em que a
eficiência e a competição valem mais que a propina paga ao governante de
plantão.
Dito isto, é preciso notar que a
Lava-Jato vai atingir autoridades que estão no comando do governo e do
Congresso. Esses políticos apanhados podem simplesmente cair fora, por vontade
ou forçados. Nesse caso, sem problemas. São substituídos, e segue a
recuperação.
Provavelmente, porém, vão
espernear, se agarrar ao cargo e tentar sabotar a Lava-Jato com a ajuda de
amigos no Judiciário e no governo. Isso levará a atrasos na política econômica.
Paciência: a responsabilidade será dos políticos corruptos e coniventes. O país
não sai da crise se eles forem perdoados. Portanto, o caminho a seguir é apoiar
a Lava-Jato na busca da punição nos tribunais e esperar que o povo mude nas
eleições — o que, aliás, já fez em boa parte nas eleições municipais.
E o que pode empurrar para cima?
Reformas previdenciária,
trabalhista e algo de tributária sendo votadas no Congresso neste ano. É boa a
chance, dada a maioria de Temer.
Concessões de obras de
infraestrutura, coisa que depende da agilidade do governo federal.
E novos investimentos em
petróleo, o que também dá agilidade ao governo em montar os leilões. Isso
depende de uma mudança importante na lei de conteúdo nacional, uma herança
petista, que atrasa e encarece os investimentos.
Uma pela outra, o pessoal, na
média, acha que o Brasil cresce um pouquinho neste ano (0,5%), saindo do zero
neste primeiro trimestre e chegando ao final do ano com um ritmo de expansão
mais forte. Isso preparando um PIB superior a 2% em 2018.
A ver.”
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