Por Zezinho de Caetés
Acordamos nestes dias já esperando
notícias piores do que as do dia anterior. E na política, fora o pronunciamento
bisonho do Temer de que com ele vai ser “dureza”,
e se a Lava Jato colocar qualquer ministro na rota da corrupção, primeiro, não
acontece nada se for apenas uma citação, segundo, vai descansar em casa, e sem
tornozeleira eletrônica se for indiciado, e terceira se o cara se tornar réu,
será demitido, não houve nada.
Lembremos que se a Dilma tivesse
feito esta “regra de corte” o Bessias
não teria nem sido acionado no caso de Lula. Aliás, seria ótimo que o Temer com
a base política que o Sérgio Moro deu a ele, transformasse isto em Lei, em
relação à presidência da república, pois nos livraria de ver o Lula com esta
estória idiota de se candidatar em 2018. Esta conversa, dizem, que quando ele
começa a contar, os bois do Brasil inteiro caem no sono.
E saio da política para entrar na
história que acabei de ler na imprensa. Li a manchete: “Brasil terá pelo menos 2,5 milhões de ‘novos pobres’”. A curiosidade
pode matar ou esclarecer e fomos observar o que seriam os “novos pobres”. E o texto tenta esclarecer que foi o Banco Mundial,
sim, aquele banco que nunca entra em crise porque não é banco, que disse serem
eles, os “novos pobres” no Brasil,
aqueles que deixaram de ser pobres até 2015 e que agora voltaram a sê-los.
E o grande problema é que eles
vão agora correr atrás do Bolsa Família, que elegeu o PT por muitas vezes e que
serviu como massa de manobra de todos os governantes (tem as exceções, é claro)
neste país abençoado por Deus e, agora, feio pelo que restou dos governos ditos
progressistas.
Pois é, agora temos os novos
pobres para o Temer lidar com eles, e já se pensa em aumentar o orçamento do
Bolsa Família, para gáudio dos atravessadores de votos na interiorização deste
país. Será que além de termos perdido mais de 12 milhões de postos de trabalho
com o PT, também perdemos a criatividade? Parece que sim.
Bater na tecla do Bolsa Família é
uma solução que só leva à manutenção do “mecanismo” de que fala o cineasta José
Padilha em texto publicado no último domingo no O Globo (“Operação Lava Jato”), e que transcrevemos lá embaixo.
Nós não advogamos aqui a
supressão total do programa Bolsa Famíia, de repente, pois, como previmos eu e
o Luis Gonzaga há muito tempo, ele já viciou um monte de nossos cidadãos. E,
pelo que está se vendo, não foram só os pobres que foram viciados, e sim,
grande parte dos políticos que não podem se eleger sem ele.
Quando vejo o Lula, falando para
as nações amigas, lá no estrangeiro, dizer que a solução do Brasil é tentar
trazer de volta o pobre para o mercado de trabalho através de crédito fácil e “esmolas” governamentais, depois do
resultado que estamos colhendo de quando ele fez isto, junto com a
ex-presidenta incompetenta Dilma, temos vontade de chorar.
Para nós não há solução para a
pobreza seja ela nova ou velha, a não ser, fazendo todos crescerem juntos com
base na produtividade de todos. E isto só pode ser alcançado quando o Estado
inchado que temos, começar a tomar anti-inflamatório com um bom programa de
privatização e abertura ao capital estrangeiro. E isto, já digo era e é um
programa de longo prazo, como os economistas dizem.
Se no longo prazo estivermos
todos mortos como profetizava o Keynes, não foi por causa da diminuição do
Estado e sim por causa de nossa incompetência em eleger pessoas que pensem nos
seus filhos e netos e não só no que comer amanhã.
Dizem que hoje existem mais de 12
milhões de pessoas desempregadas, nossa indústria voltou aos níveis do século
passado, a agricultura ainda faz procissão para chover, e o comércio fecha as
portas até no Natal. Mas, não temos mais pobres como antigamente, a mendigar
pelas ruas. Quem sabe, agora voltarão os novos pobres a fazer o mesmo de forma
mais sofisticada? Espero que não seja entrando nas lojas, quando a polícia
estiver em greve.
O que precisamos mesmo é um
choque de capitalismo, mesmo que seja selvagem, na Economia e liberalismo na
política, para mostrar que o brasileiro, como indivíduo tem o seu valor. Basta não
o iludir com promessas de saídas coletivistas que já botou tantos países para
baixo. Se isto só for possível a longo prazo, mesmo assim será melhor do que o
nunca do Bolsa Família e Estado patrão.
Fiquem agora com o texto do José
Padilha que mostra, talvez, a causa primeira, de ainda estar se falando em
Bolsa Família no país que, segundo o Lula, havia acabado com o miséria: “O
Mecanismo”. Vamos desarmá-lo em 2018?
(sou otimista e acho que ainda chegaremos lá).
“1)Na base do sistema político
brasileiro opera um mecanismo de exploração da sociedade por quadrilhas
formadas por fornecedores do estado e grandes partidos políticos. (Em meu
ultimo artigo, intitulado Desobediência Civil, descrevi como este mecanismo
exploratório opera. Adiante me refiro a ele apenas como “o mecanismo”.)
2) O mecanismo opera em todas as
esferas do setor público: no legislativo, no executivo, no governo federal, nos
estados e nos municípios.
3) No executivo ele opera via o
superfaturamento de obras e de serviços prestados ao estado e as empresas
estatais.
4) No legislativo ele opera via a
formulação de legislações que dão vantagens indevidas a grupos empresariais
dispostos a pagar por elas.
5) O mecanismo existe a revelia
da ideologia.
6) O mecanismo viabilizou a
eleição de todos os governos brasileiros desde a retomada das eleições diretas,
sejam eles de esquerda ou de direita.
7) Foi o mecanismo quem elegeu o
PMDB, o DEM, o PSDB e o PT. Foi o mecanismo quem elegeu José Sarney, Fernando
Collor de Mello, Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da
Silva, Dilma Rousseff e Michel Temer.
8) No sistema político brasileiro
a ideologia está limitada pelo mecanismo: ela pode balizar politicas públicas,
mas somente quando estas políticas não interferem com o funcionamento do
mecanismo.
9) O mecanismo opera uma seleção:
políticos que não aderem a ele tem poucos recursos para fazer campanhas
eleitorais e raramente são eleitos.
10) A seleção operada pelo
mecanismo é ética e moral: políticos que tem valores incompatíveis com a
corrupção tendem a serem eliminados do sistema politico brasileiro pelo
mecanismo.
11) O mecanismo impõe uma
barreira para a entrada de pessoas inteligentes e honestas na política
nacional, posto que as pessoas inteligentes entendem como ele funciona e as
pessoas honestas não o aceitam.
12) A maioria dos políticos
brasileiros tem baixos padrões morais e éticos. (Não se sabe se isto decorre do
mecanismo, ou se o mecanismo decorre disto. Sabe-se, todavia, que na vigência
do mecanismo este sempre será o caso.)
13) A administração pública
brasileira se constitui a partir de acordos relativos a repartição dos recursos
desviados pelo mecanismo.
14) Um político que chega ao
poder pode fazer mudanças administrativas no país, mas somente quando estas
mudanças não colocam em cheque o funcionamento do mecanismo.
15) Um político honesto que
porventura chegue ao poder e tente fazer mudanças administrativas e legais que
vão contra o mecanismo terá contra ele a maioria dos membros da sua classe.
16) A eficiência e a
transparência estão em contradição com o mecanismo.
17) Resulta daí que na vigência
do mecanismo o estado brasileiro jamais poderá ser eficiente no controle dos
gastos públicos.
18) As políticas econômicas e as
práticas administrativas que levam ao crescimento econômico sustentável são,
portanto, incompatíveis com o mecanismo, que tende a gerar um estado
cronicamente deficitário.
19) Embora o mecanismo não possa
conviver com um estado eficiente, ele também não pode deixar o estado falir. Se
o estado falir o mecanismo morre.
20) A combinação destes dois
fatores faz com que a economia brasileira tenha períodos de crescimento baixos,
seguidos de crise fiscal, seguidos ajustes que visam conter os gastos públicos,
seguidos de novos períodos de crescimento baixo, seguidos de nova crise
fiscal...
21) Como as leis são feitas por
congressistas corruptos, e os magistrados das cortes superiores são indicados
por políticos eleitos pelo mecanismo, é natural que tanto a lei quanto os
magistrados das instâncias superiores tendam a ser lenientes com a corrupção.
(Pense no foro privilegiado. Pense no fato de que apesar de mais de 500
parlamentares terem sido investigados pelo STF desde 1998, a primeira
condenação só tenha ocorrido em 2010.)
22) A operação Lava-Jato só foi
possível por causa de uma conjunção improvável de fatores: um governo
extremamente incompetente e fragilizado diante da derrocada econômica que causou,
uma bobeada do parlamento que não percebeu que a legislação que operacionalizou
a delação premiada era incompatível com o mecanismo, e o fato de que uma
investigação potencialmente explosiva caiu nas mãos de uma equipe de
investigadores, procuradores e de juízes rígida, competente e com bastante
sorte.
23) Não é certo que a Lava-Jato
vai promover o desmonte do mecanismo. As forças politicas e jurídicas
contrárias são significativas.
24) O Brasil atual esta sendo
administrado por um grupo de políticos especializados em operar o mecanismo, e
que quer mantêlo funcionando.
25) O desmonte definitivo do
mecanismo é mais importante para o Brasil do que a estabilidade econômica de
curto prazo.
26) Sem forte mobilização popular
é improvável que a Lava-Jato promova o desmonte do mecanismo.
27) Se o desmonte do mecanismo
não decorrer da Lava-Jato, os políticos vão alterar a lei, e o Brasil terá que
conviver com o mecanismo por um longo tempo.”
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