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terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

Alexandre de Moraes vestirá a toga suprema?




Por Zezinho de Caetés

Bem, hoje já me antecipo ao assunto do dia, como o fez o imortal Merval Pereira, no texto que transcrevo lá embaixo, onde ele diz que “A realidade supera a teoria”, no caso da escolha do Alexandre de Moraes, para Ministro do STF.

Eu não entendo quase nada de juridiquês, como sempre tenho dito aqui, e sempre peço a ajudo dos universitários quando falo do tema. Mas, penso eu, entendo mais da matéria do que o Alexandre Moraes entende de segurança pública. Como Ministro da Justiça, só falou, falou e falou, muitas vezes tendo que se calar por ordem de Temer, e tudo continuou na mesma, a não ser a proposta de planos mirabolantes.

O nosso Ministro Kojak, como o chamava o Zé Carlos em suas jocosidades semanais, disse tantas sandices que a indicação dele para o STF deve ter sido a solução do Temer para se ver livre dele, sem causar mais alvoroços. Todavia, pelo que li de sua biografia, ele tem estofo para ser ministro do STF, pelo menos mais do que o Dias Toffoli. Quem sabe o Temer, desta vez, acertou?

O problema que se apresenta é se um político de carreirinha pode ser um bom ministro da Suprema Corte, sem ferir a neutralidade quando tiver que julgar os políticos. E no Brasil, como todos sabemos, o país do Foro Privilegiado, os políticos deitam e rolam quando se encastelam em suas “instituições”.  E é no STF, que até agora todos se sentem protegidos das consequências das leis. 

Não que os ministros não queiram julgar, e sim porque o Foro Privilegiado, esta excrecência nacional, não permite que tantos sejam julgados em tão pouco tempo. E é por isso que todos fazem coro para que ele não acabe. E, se a coisa continuar apertando para o lado do Sarney que ontem começou a ser oficialmente perseguido pela Procuradoria Geral da República, não arranjar uma lei de Foro Privilegiado para quem usa “fardão” da Academia.

Se ele conseguir, eu voltarei a Caetés rapidinho e criarei a Academia Caeteense de Letras, e pedirei logo meu “fardão”. Seria uma forma de Lula voltar correndo para o local de nascimento, rindo do Sérgio Moro, assumindo a cadeira 13.

No entanto, acho que, até pela própria tradição, mesmo que um ministro tenha sido ligado a um partido político ou ter tido determinadas ideias no passado, não é motivo para pânico. Seria necessário para evitar isto, que o STF fosse o Olimpo e o os ministros deuses.

Pela experiência que tenho, todos mostram serviço para se apresentarem como independentes, mas, depois se tornam humanos e botam as unhas de fora. A coisa depende da sorte e da loteria da morte, e aqui no Brasil, onde as pessoas são consideradas inúteis aos 75 anos, da aposentadoria. Já pensou se a Dilma ainda lá continuasse? Na certa o novo ministro seria o advogado de Lula, ou o José Eduardo Cardoso. Eu, eu confesso, prefiro o “careca”.

No fundo, e põe fundo nisso, temos é que rezar para que o PT demore muito ou nunca mais volte ao poder, para reequilibrar o STF, quando o Lewandowski se aposentar.

Fiquem com o Merval, e vejam se há possibilidade da teoria vencer a realidade ou não.

A escolha do ministro da Justiça Alexandre de Moraes obedece aos critérios técnicos requeridos de um ministro do Supremo Tribunal Federal – é um constitucionalista reconhecidamente de valor, não é por acaso que tem o apoio de muitos de seus futuros colegas no STF. Foi o primeiro nome cogitado, e sempre esteve na lista pessoal de Temer. Como houve um impasse, tantos eram os nomes apresentados, e tamanhas as pressões, o presidente escolheu um nome seu.

As críticas que vem recebendo são da área política, onde sua atuação como Secretário de Justiça em São Paulo e ministro da Justiça é atacada como conservadora e excessivamente rigorosa. Suas ambições políticas – era potencial candidato ao governo de São Paulo pelo PSDB – teoricamente neutralizam a isenção que se exige de um ministro do Supremo, mas não é o primeiro nem será o último ministro a ser nomeado para o STF pelo presidente a que serve.

Temos exemplos para todos os gostos: Nelson Jobim e Gilmar Mendes, ministros nomeados por Fernando Henrique; Dias Toffolli, nomeado por Lula; Francisco Rezek por Collor e Mauricio Correia por Itamar.

Desses, Nelson Jobim era o único que exercia a política, até com mandatos de deputado federal e membro da Constituinte, e acabou se destacando justamente por sua experiência nesse campo. Ficou muito ligado também ao ex-presidente Lula, e sua atuação no Supremo, até aposentar-se, não foi afetada por ligações políticas.

A realidade mais uma vez se impôs à teoria, deixando para Alexandre de Moraes a necessidade de uma explicação. Na sua dissertação de doutorado, em 2000, escreveu que um ministro não deveria ser nomeado pelo governo a que servia para que não houvesse dúvida sobre sua independência.


Aceitando a indicação, Alexandre de Moraes desmente parcialmente a própria tese. No exercício da função no Supremo, terá tempo para provar que uma vez investido no cargo, a toga traz consigo a independência.”

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