Por Zezinho de Caetés
Está chegando o Carnaval e nada
mais justo do que transcrever o texto do Hubert Alquéres (Blog do Noblat) que
ele intitula de “Rasgaram a fantasia”.
Leiam-no lá embaixo. Aqui, vamos só com um nariz de cera, tocando apenas um dos
seus tópicos.
Ontem falamos neste espaço da importância
da Operação Lava Jato para o Brasil. E não há dúvidas sobre isto, ao ponto de
estarmos sendo convidados pelos bons movimentos sociais para irmos às ruas, no
dia 26/03/2017, e dizemos: Abaixo quem não lava a jato!.
Não podemos ficar em casa, embora
saibamos que serão tantas as reivindicações que não caberão em nossas mãos
tantos os cartazes que deveríamos levar. Fim do Foro Privilegiado, Refoma da
Previdência, Reforma Trabalhista, Reforma Tributária e tantas outras que são
absolutamente necessárias para que o Brasil continue vivo, ou, pelo menos,
continue fazendo parte do mundo civilizado.
Sabemos que mesmo sobre estes
assuntos não há consenso, o que é razoável e salutar numa Democracia, mas,
devemos ir às ruas sim, para mostrar que a sociedade brasileira ainda está
viva. Tomemos o exemplo das Reformas. Ora, reformas são reformas e nada mais do
que reformas, como diria a Dilma se pudesse aparecer na avenida.
Todos querem ficar com sua
aposentadoria (e eu sou um deles), todos querem emprego (eu não sou mais um
deles), todos querem que paguemos justos impostos. Tudo isto não seria motivo
de comoção social se vivêssemos ainda no Paraíso, onde para ter tudo bastaria
estirar a mão em direção à Divindade que nos deu. Caímos em desgraça e o que
nos regula hoje é escassez e esta lúgubre ciência que é a Economia.
Sempre repito aqui que não há
almoço grátis, apesar do Bolsa Família. Hoje não podemos mais nem falar que o
ar que respiramos é grátis, e a água nem se fala. Os professores de Economia
tem dificuldades de dar exemplos do que sejam bem livres. E alguns políticos até podem perguntar, e o erário? Pois
parece para eles que lá é tudo livre, ou seja são viciados em dinheiro público.
No entanto, devemos ver que
devemos escolher entre uma coisa e outra desde nossa infância. A resposta para qual o pirulito? não pode ser, os dois
pirulitos, mas, aquele com que podemos arcar. O que podemos fazer é apenas
encontrar pessoas que possam nos governar e nos ajudar a escolher o pirulito,
mantendo nossa liberdade de escolha. Como vimos, o PT nos prometeu os dois, e
passamos anos os lambendo para descobrir que só tínhamos direito a um, porque o
outro era fruto de dívidas e enganação.
Só nos resta agora lutar para que
possamos comer de forma mais eficiente o nosso pirulito, que foi mordido por
muitos nos últimos anos, e exigirmos que a Lava Jato continue para termos de
volta pelo menos uma parte do que foi comido com a corrupção.
E para isto, ir às ruas é
fundamental. Estaremos lá no dei 26 de março com uma ideia na cabeça e um
pirulito na mão, tendo muito cuidado com o Lobão.
Fiquem com o Hubert para outros
assuntos que urgem no Brasil de hoje.
“A crise, por si só já
suficientemente grave, está a um passo de se transformar em crise de
autoridade.
Policiais militares em alguns
estados do Brasil cruzam os braços, escondem-se sob as saias de suas mulheres,
oficiais e soldados são revistados por paisanas para verificar se estão saindo
dos quarteis com a farda escondida.
Nessa quebra de hierarquia e
disciplina, alguns pulam o muro da guarnição ou são transportados de
helicóptero para burlar os piquetes.
No mundo real, 140 pessoas foram
assassinadas no Espírito Santo, piquetes se espalharam para os quarteis do Pará
e do Rio de Janeiro. Indefesa, a população vive dias de terror e sofre as
consequências da incúria governamental.
Como se não tivesse nada com isso
e vivesse em universo paralelo, o mundo da política rasgou a fantasia. Entrou em ritmo carnavalesco frenético, com
nítido propósito de auto blindagem e de abafar a Lava-jato.
Enquanto a nação, horrorizada,
tomava ciência dos assassinatos por atacado no Espírito Santo, parlamentares
tramavam a aprovação em regime de urgência de uma lei de anistia para os
partidos que subtrairia poderes de punição da Justiça Eleitoral.
Dois dias depois, a sabatina
training numa chalana gourmet foi mais uma clara evidência de que Brasília
perdeu inteiramente o senso de medida e a compostura nesses dias
pré-carnavalescos.
Tanto assim que o ministro-chefe
da Casa Civil, Eliseu Padilha, confessou sem a menor cerimônia que o “notável”
Ricardo Barros foi nomeado ministro da Saúde depois do Partido Popular garantir
que “todos os votos do partido” ficarim a favor do governo, num toma lá dá cá
explícito.
A marchinha “A criminalização da
política” cantada pelo senador Edison Lobão, novo presidente da Comissão de
Constituição e Justiça é de deixar pasmo qualquer folião.
Na sua letra há protestos contra
a “tirania” da lava-jato que “se transformou num inquérito universal”, contra a
“perseguição aos políticos”, contra a delação premiada, e a favor da defesa da
anistia a caixa dois e da lei do abuso de autoridade.
Lobão não é do bloco “do eu
sozinho”, ao contrário.
No mesmo compasso vai o nome dos
sonhos do PMDB para o Ministério da Justiça, o deputado Rodrigo Pacheco, um
crítico radical ao poder investigativo do Ministério Público.
Capitaneado pelo PMDB, o cordão
Unidos pelo Patrimonialismo é suprapartidário, vai do PT ao PSDB, da base
governista à oposição.
Face a aversão da sociedade ao
ritmo atravessado dessa bateria, o presidente Michel Temer procurou se
distanciar do bloco dos sujos e malvados, afirmando solenemente que no seu
governo não haverá blindagem.
Na leitura cor de rosa, sua
decisão de afastar temporariamente ministros formalmente denunciados e
transformar o afastamento em definitivo quando eles virarem réus, é um sinal
positivo.
Na leitura mais realista,
aprofunda a blindagem, pois aposta na morosidade da justiça que tende a ser
soterrada pelo ritmo dos acontecimentos. Como dizia Ulysses Guimarães, sua
excelência o fato, costuma falar mais alto. E ele tem nome e RG: delações da
Odebrecht.
O presidente é prisioneiro das
próprias contradições do seu mundo, daí o seu comportamento pendular.
De um lado, dá passos que
alimentam às desconfianças da sociedade, como no episódio Moreira Franco e na
própria escolha de Alexandre de Moraes para o Supremo. De outro, tem tido a
sensibilidade de recuar quando a pressão da sociedade se faz mais forte. Foi assim nas demissões de Romero Jucá e
Geddel Viera Lima.
Como o mundo da política vem
exagerando na farra, Michel Temer deve fazer novo movimento para refrear sua
voracidade. Dificilmente a pretensão do deputado Rodrigo Pacheco vai dar samba.
O presidente tem fortes vínculos
com o cordão dos patrimonialistas, a quem deve solidariedade, mas é, antes de
tudo, um político pragmático.
Está de olho no dia 26 de março.
Teme a força das multidões, prontas para botar o bloco na rua.”
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