Por José Antonio Taveira Belo / Zetinho
Porteiro há mais de quinze anos, seu Aníbal era um empregado
exemplar. Nunca chegou ao trabalho fora de hora. Morava na zona norte no bairro
Nova Descoberta, no Recife. Diariamente saia de casa ao meio dia, pois tinha
que pegar dois coletivos para chegar ao trabalho. Trabalhava no bairro de
Candeias. Antes de assumir o trabalho da portaria, se inteirava de tudo a fim
de não vacilar nas informações. Olhava a correspondência na mesinha já separada
entregando a cada um dos apartamentos, por uma zeladora. Os carros para
entrarem ou sair do edifício ele olhava a mandava o moradores saírem, tudo
livre. A noite havia um sinal dos moradores a fim de que acionasse a abertura
do portão de entrada de veículos. Assim era o seu trabalho que era elogiado por
todos. Era estimado pelos moradores do Edifício Ébano, devido a sua dedicação e
a sua bondade, no trato com as pessoas. Nunca desrespeitou qualquer condômino ou
as normas do condomínio. Era um homem alto, de cabelos e olhos castanhos. Era
um exemplo de trabalhador, sempre limpo e elegante, nunca se descuidou da
aparência que era necessário para atender os visitantes daquele edifício de
luxo. Nunca deixou ninguém entrar no edifício sem autorização do morador. Era
discreto com acontecimentos que ocorria na comunidade do edifício. Já vira muita
coisa, porém deixava passar há não ser coisa que viesse prejudicar o
condomínio. Seu horário de trabalho era das duas da tarde até às dez horas da
noite. Durante este tempo ocorreu discursões entre moradores, fuxico e muitas
outras casos, porém nunca se envolveu e quando vinha lhe perguntar ele dizia
nada saber, não tomava partido por ninguém para isso existia o conselho do condomínio.
Mas nem tudo são flores. Sempre poderia vir algum contratempo. Estava
preparado. Não descuidava do movimento na rua qualquer desconfiança chamava
outro vigia interno para observar com ele. Durante todo este tempo somente
acionou a policia duas ou três vezes por precaução de pessoas suspeitas
circulando em torno do edifico. Certo dia foi aquele sufoco com assaltantes
dentro do condomínio. Eram quatro que chegaram ao carro de um morador que fora
rendido na rua paralela. Abriu o portão pelo sinal dado e notou que tinha
quatro pessoas dentro do carro, mas não desconfiou totalmente, pois desceram e
seguiram para o apartamento do morador. Três homens e uma mulher loura alta todos
de óculos escuros. Um dos ocupantes do carro ficou na garagem em pé. Viu
anormalidade. De noite de óculos escuros. Mas alguma coisa chamou a sua
atenção, a maneira desconfiada dos ocupantes, quanto ao seu comportamento, pois
olharam para todos os lados. Ligou pelo interfone para o apartamento, atenderam
e disseram que tudo estava bem, mas mesmo assim a desconfiança era demasiada
pela demora que os visitantes estavam dentro do prédio. O que se encontrava na
garagem olhava impaciente para o relógio enquanto caminhava de um lado para o
outro. A angustia tomou conta, mas não podia tomar nenhuma providencia, nem
acionar a policia, pois não tinha competência para isto, haja vista, que
poderia haver um confronto e o morador sofrer qualquer agressão e ele ser o
culpado. Ficou de olho no movimento. Viu da portaria quando um desceu com uma
bolsa a tiracolo. Outros seguiram para o carro junto com a loura, que tomou o
assento dianteiro. Alguém no andar superior ligou para ele – estamos sendo
assaltados. Todos os apartamentos estão sendo roubados. Ligue sem alarme para a
policia e peça para aguardar os assaltantes do lado de fora, pois, aqui dentro
eles podem fazer qualquer agressão, pois estão armados até os dentes. Com calma
liguei para o setor policial e expliquei tudo direitinho. A policia chegou de
imediato sem alarde, postando-se e lugares estratégicos para prender os
criminosos. Os assaltantes olharam para os lados e com o sinal do carro abri o
portão e ao mesmo tempo dando sinal para a policia. Foi aquele desespero, pois
policia se apresentou e foi recebida a bala, Abaixei-me na cabine e o tiroteio
foi intenso. O desespero tomou conta da rua e três dos assaltantes foram presos
e o outro baleado foi para o hospital. Todos condôminos que tiveram os seus
apartamentos roubados foram para a Delegacia prestarem
esclarecimento e para o Seu Aníbal a maior decepção da sua vida, o seu filho
estava envolvido no assalto, Chorou.
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