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terça-feira, 11 de agosto de 2015

VIGILANTE




Por José Antonio Taveira Belo / Zetinho


Porteiro há mais de quinze anos, seu Aníbal era um empregado exemplar. Nunca chegou ao trabalho fora de hora. Morava na zona norte no bairro Nova Descoberta, no Recife. Diariamente saia de casa ao meio dia, pois tinha que pegar dois coletivos para chegar ao trabalho. Trabalhava no bairro de Candeias. Antes de assumir o trabalho da portaria, se inteirava de tudo a fim de não vacilar nas informações. Olhava a correspondência na mesinha já separada entregando a cada um dos apartamentos, por uma zeladora. Os carros para entrarem ou sair do edifício ele olhava a mandava o moradores saírem, tudo livre. A noite havia um sinal dos moradores a fim de que acionasse a abertura do portão de entrada de veículos. Assim era o seu trabalho que era elogiado por todos. Era estimado pelos moradores do Edifício Ébano, devido a sua dedicação e a sua bondade, no trato com as pessoas. Nunca desrespeitou qualquer condômino ou as normas do condomínio. Era um homem alto, de cabelos e olhos castanhos. Era um exemplo de trabalhador, sempre limpo e elegante, nunca se descuidou da aparência que era necessário para atender os visitantes daquele edifício de luxo. Nunca deixou ninguém entrar no edifício sem autorização do morador. Era discreto com acontecimentos que ocorria na comunidade do edifício. Já vira muita coisa, porém deixava passar há não ser coisa que viesse prejudicar o condomínio. Seu horário de trabalho era das duas da tarde até às dez horas da noite. Durante este tempo ocorreu discursões entre moradores, fuxico e muitas outras casos, porém nunca se envolveu e quando vinha lhe perguntar ele dizia nada saber, não tomava partido por ninguém para isso existia o conselho do condomínio. Mas nem tudo são flores. Sempre poderia vir algum contratempo. Estava preparado. Não descuidava do movimento na rua qualquer desconfiança chamava outro vigia interno para observar com ele. Durante todo este tempo somente acionou a policia duas ou três vezes por precaução de pessoas suspeitas circulando em torno do edifico. Certo dia foi aquele sufoco com assaltantes dentro do condomínio. Eram quatro que chegaram ao carro de um morador que fora rendido na rua paralela. Abriu o portão pelo sinal dado e notou que tinha quatro pessoas dentro do carro, mas não desconfiou totalmente, pois desceram e seguiram para o apartamento do morador. Três homens e uma mulher loura alta todos de óculos escuros. Um dos ocupantes do carro ficou na garagem em pé. Viu anormalidade. De noite de óculos escuros. Mas alguma coisa chamou a sua atenção, a maneira desconfiada dos ocupantes, quanto ao seu comportamento, pois olharam para todos os lados. Ligou pelo interfone para o apartamento, atenderam e disseram que tudo estava bem, mas mesmo assim a desconfiança era demasiada pela demora que os visitantes estavam dentro do prédio. O que se encontrava na garagem olhava impaciente para o relógio enquanto caminhava de um lado para o outro. A angustia tomou conta, mas não podia tomar nenhuma providencia, nem acionar a policia, pois não tinha competência para isto, haja vista, que poderia haver um confronto e o morador sofrer qualquer agressão e ele ser o culpado. Ficou de olho no movimento. Viu da portaria quando um desceu com uma bolsa a tiracolo. Outros seguiram para o carro junto com a loura, que tomou o assento dianteiro. Alguém no andar superior ligou para ele – estamos sendo assaltados. Todos os apartamentos estão sendo roubados. Ligue sem alarme para a policia e peça para aguardar os assaltantes do lado de fora, pois, aqui dentro eles podem fazer qualquer agressão, pois estão armados até os dentes. Com calma liguei para o setor policial e expliquei tudo direitinho. A policia chegou de imediato sem alarde, postando-se e lugares estratégicos para prender os criminosos. Os assaltantes olharam para os lados e com o sinal do carro abri o portão e ao mesmo tempo dando sinal para a policia. Foi aquele desespero, pois policia se apresentou e foi recebida a bala, Abaixei-me na cabine e o tiroteio foi intenso. O desespero tomou conta da rua e três dos assaltantes foram presos e o outro baleado foi para o hospital. Todos condôminos que tiveram os seus apartamentos roubados foram para a Delegacia prestarem esclarecimento e para o Seu Aníbal a maior decepção da sua vida, o seu filho estava envolvido no assalto, Chorou. 

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