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quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

O PT, o Partido da Tramoia, ataca outra vez...





Por Zezinho de Caetés

Eu estou voltando hoje de um exílio forçado para resolver problemas que todos os brasileiros têm, mas, quem é velho tem mais ainda. Como para bom entendedor poucas palavras bastam, vamos em frente, pois atrás vem gente, como se dizia lá no nosso interior, meu e do Lula que o esqueceu completamente e se comporta com um pragmatismo político que faria enrubescer o Lampião no inferno.

Ontem estava para ser votado um projeto (PLN 36/2014), que pretendia dar carta branca ao governo para fixar suas próprias medidas para os déficits ou superávits fiscais no país. Trocando em miúdos, o que ele diz é que algumas despesas não eram despesas e algumas receitas deveriam aparecer dobradas, com uma criatividade digna do Mantega. Ou seja, a confusão, em termos de contas públicas, seria tal que jamais poder-se-ia cobrar nada dos governos de plantão, levando para o ralo a Lei de Responsabilidade Fiscal, criada no governo FHC e que, junto com o Plano Real, deu sentido à nossa economia, para marchar junto com outras nações em busca do bem estar do seu povo, pelo menos com a criação de um “moeda”, o que fazia tempo que não tínhamos.

No momento em que escrevo, não sei do resultado da votação. O que espero é que nossos congressistas, mesmo alguns em fim de carreira, pelo menos pensaram nos seus filhos quando tiveram votar e o resultado seja a verdade, que nunca entrou na Comissão da Verdade: Mostrar o descalabro gerado pelo governo da gerenta presidenta nas contas públicas. Nunca na história deste país se viu tal coisa. Nem na época do “encilhamento”.

Mas, como sempre, o PT que poderia ser chamado de o Partido da Tramoia, já lançou um decreto chantagista que pune aqueles que não votarem a favor, não se pode ser otimista. No caso do PT isto vem de longe. Leiam abaixo um texto da Dora Kramer onde ela relata o que significa “coerência para o PT” e tirem suas próprias conclusões. Eu já tirei as minhas e penso que não há salvação sem oposição cerrada este governo.

Hoje, tanto o Lula quanto a Dilma sabem, além das falcatruas na Petrobrás, que se este decreto 36 não for aprovado, só violentando ainda mais as leis do país é que a Dilma poderá se livrar de um processo de impeachment. E se a Justiça deste país ainda funcionar o Temer já poderá tirar terno do armário para sua posse, brevemente. E, como se sabe, eles fazem o diabo para fugirem do inferno da verdade, que certamente os condenaria por crime de responsabilidade.

Mas, fiquem com a Dora Krarmer, com o texto que ela intitulou de “Deixem que eu diga”, (Estadão – 02/12/2014),  e vejam se vocês se comportaram diante do mencionado decreto, como termina a música dizendo que “deixe prá lá o que é que tem” que é o que o PT tanto deseja. Eu mesmo, já pintei minha faixa e vou para as ruas, fazendo minha parte, mostrando que as circunstâncias agora são outras.

“Se você acredita que Dilma Rousseff e Luiz Inácio da Silva estão dando grande importância aos reclamos de petistas indignados com a virada na economia ou às críticas de "estelionato" feitas pela oposição devido aos atos contrários às palavras ditas na campanha, é porque não está com a memória em dia.

Não lembra que há 12 anos o PT percebeu que para chegar ao poder, e nele conseguir se manter, seria indispensável abrir mão da coerência e aderir sem restrições ao mais absoluto pragmatismo? Sob todos os aspectos. Para o bem e para o mal. A parte boa disse respeito à economia. Como agora. Não faz muito tempo o ex-presidente Lula andou dizendo que assinou contrariado a Carta aos Brasileiros.

Pois sim. Foi a fiança que o permitiu se eleger, governar e ser celebrado pelo bom senso de ter esquecido tudo o que o PT tinha escrito e dito anteriormente. O País não lhe cobrou satisfações. Ao contrário, respirou de alívio. E, na ocasião, deixou barato o fato de aquele bom legado ser chamado de "herança maldita".

Houve aqui e ali inquietações. Inesquecível o dia em que, logo no início do governo, o marqueteiro recentemente vitorioso, Duda Mendonça, diante da indagação sobre a aparente contradição de ter feito uma campanha baseada na promessa de mudança da política econômica saiu-se com esta: "E você (esta aqui que vos fala) quer mudança maior do que essa?". Ou seja, mudando de posição estava cumprida a promessa.

Mas quase ninguém estava ligando para esse tipo de detalhe. Quando veio a adesão do governo à reforma da Previdência (setor público) que tanto combatera enquanto oposição, tampouco me esqueço. Cobrado, o então chefe da Casa Civil, José Dirceu, em entrevista ao Estado, respondeu secamente que o governo não devia explicações.

Um dos únicos a reconhecer que seria necessário o partido ao menos fazer uma autocrítica, a fim de rever posições, reconhecer os erros do passado e tocar a vida em frente com transparência foi Aloizio Mercadante. Falou no assunto só uma vez e calou-se para sempre. Já um grupo de deputados e militantes continuou inconformado e logo deixou o partido. Daí surgiu o PSOL, embora nem todos tenham aderido ao projeto.

Como também a crítica não era só essa. Incluía a exacerbação do pragmatismo nas alianças feitas com figuras notórias da pior qualidade, em nome de uma política que segundo Lula, ainda na Presidência, dizia ser a única possível de ser exercida no País. Resumiu à época numa frase: "No Brasil, Jesus teria de fazer aliança com Judas".

E assim foi o partido perdendo-se em seus desvãos, dando o dito pelo não dito, desqualificando a crítica, a oposição e até mesmo a opinião dos seus. Até que uma voluntariosa tentativa de volta às origens na área econômica juntou-se à vocação autoritária e o governo da presidente Dilma Rousseff quase pôs ao chão o projeto de poder.

Fez-se o diabo e mais um pouco para segurar aquela cadeira no Palácio do Planalto. Uma campanha tão obviamente sustentada em mentiras que nem mesmo a candidata conseguia desenvolver os raciocínios. Não faziam sentido, pois uma vez que as premissas eram falsas não havia lógica que conseguisse carregar ideia alguma até o fim do caminho.

Nada do que se vê agora é estranho. A não ser a estranheza. Vai se repetindo a toada: deixa que digam, que pensem, que falem, deixa isso para lá, vamos lá, o que é que tem. A esquerda reclama e cobra que o governo insista nos erros; a oposição denuncia uma incoerência que ao governo serve muito bem quando necessita dos quadros oposicionistas.


Enquanto isso, Lula e Dilma ganham tempo para acalmar o centro e reconquistar-lhe a confiança com as armas de 2003. Há, porém, um detalhe: as circunstâncias são outras.”

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