Por José Antonio
Taveira Belo / Zetinho
Todos os dias ouvia
Altemar Dutra a sua musica predileta - Maria Helena és tu / A minha inspiração
/ Maria Helena ouvir meu coração - na sua pequena radiola em sua casa. Era a
paixão de Josué. Apaixonara-se pelo nome por causa de uma sua vizinha que tinha
este nome idolatrado por ele. Diariamente saia de casa e passava em frente a
sua casa, detinha-se um pouco olhando para encontrar o seu vulto pelo menos no terraço.
Quando notado fugia o mais rápido possível. Mas, era um amor secreto que ele
mantinha nos seus pensamentos. Não tinha coragem de se declarar era tímido.
Sofria quando a via em outra companhia. Ela por exemplo também não dava bola
para ele. Ignorava. Sentia-se ausente do
seu olhar do seu sorriso do seu falar meigo quando ouvia em algum lugar como na
Igreja ou mesmo nas matines dos domingos realizados no salão do Progresso. A
cidade pequena, somente tinha um clube, um cinema, com sessões nos sábados a
noite e no domingo matine para a gurizada e a noite soirée para as famílias. Certo
dia tomando algumas cervejas na barraca do Seu Benedito ousou em pensamento que
falaria com ela para namoro na noite de domingo por ocasião da celebração da
Missa presidida pelo Padre Honório. Lá com certeza a esperaria no pátio e se declararia
para ela mesmo sabendo que ela ainda não lhe tinha dado bola. Disse - é hoje ou
nunca! E assim foi. Abordou com uma boa noite e pediu para acompanhar ate em
casa, pois gostaria de namora-la se ela desejasse. Foi curto e grosso.
Avermelhou. Tremeu. O suor escorria. E aguardou a resposta com o coração
acelerado. Maria Helena tomada de surpresa com aquele apelo, disse que não,
pois não gostava dele. Ausentou-se e Josué ficou triste, mas não ia desistir. O
tempo passa e o amor pela sua vizinha aumentava. Como não era correspondido
tentou esquecer mesmo sofrendo. Em certo dia o Josué sentiu que estava sendo
notado pela Maria Helena. De vez em quando um olhar discreto, um sorriso
pequeno o que trouxe um animo para ele. Deixou o tempo passar e certo dia na
Igreja no mês do Rosário, aconteceu o inesperado, em um esbarrão, foi à
primeira palavra dada entre os dois, depois daquele pedido de namoro. Desculpe,
disse ela. Não foi nada! Começara a conversar timidamente e aos poucos foram se
encontrando. Cada dia mais Josué se dedicava a Maria Helena e ela ao mesmo
tempo não lhe negava carinho. Noivara. Casaram-se depois e foram viver em uma
casa bastante confortável. Nasceu o primeiro filho. Jaime, o nome da avó. Tudo
corria bem. A vida lhe era favorável. Trabalhava e somente pensava chegar a casa.
Certo dia ela foi a uma médica, a única na cidade. Passou um exame e o
resultado constatou que estava com câncer de útero. Foi aquele alarme. Aquele
chororô. A apreensão tomou conta de toda família. O tratamento começou na
Capital. A Quimioterapia e Radioterapia foram ministradas de quinze e quinze
dias. Fizeram a cirurgia, mas a doença avançou e cada dia que passava o desamino
a e moleza tomava conta de Maria Helena. A radiola não mais tocava nos dias de
sábados e domingos a sua musica preferida. Dois anos se passaram e a doença não
cedia ao tratamento O desespero já tomava conta de todos, principalmente do
Josué que amava a cada dia a sua mulher. 12 de outubro. O
tempo amanheceu nublado. A tristeza tomava conta de todos da casa. Maria Helena
dormitava no seu quarto, coberta por uma manta quadriculada nas cores branca e
azul. A chuva fininha começou a cair e Maria Helena já não tinha coragem de
abrir a boca, somente algum ai se ouvia. A três da tarde deu-se o desfecho –
Maria Helena estava morta. O choro na casa foi grande. Começou chagar os
vizinhos. O Padre compareceu e fez “encomendação do corpo” na sala grande da
casa sob o olhar dos presentes chorosos. Acompanhou o enterro no Cemitério São Benedito,
Ao sair Josué saiu triste e entrou no primeiro boteco e por coincidência lá
esta tocando a sua musica favorita – Maria Helena...
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