Por Zé Carlos
Eu sei que esta semana que passou não precisaria de filme
algum para rir e até gargalhar. Bastava ver os telejornais. Como aqui previsto,
teremos mais quatro anos de material humorístico com a reeleição de Dilma. E
realmente, ela vem se superando para nos ajudar. Mas, sigamos com outros fatos
menos risonhos, porém, risíveis.
Vejam o que um advogado disse numa tentativa heroica de
defender um seu cliente da acusação dele ter recebido propina e a facilitado:
“O empresário, se
porventura faz alguma composição ilícita com político para pagar alguma coisa,
se ele não fizer isso não tem obra. Pode pegar qualquer empreiteirinha e prefeitura
do interior do país. Se não fizer acerto, não coloca um paralelepípedo no
chão”.
Seria para chorar com a classificação do Brasil como o país
da ladroagem, no entanto, eu ri quando pensei em minhas andanças pelo nosso interior
e vi tantos paralelepípedos nas ruas. Imaginem o montante de propina que rolou,
caso o nobre causídico esteja correto. E com asfalto, seria a mesma coisa?
E por aí vai a semana, com o Brasil sendo limpo no lava-jato
e cada dia mais aparecendo sujeira, que alguns ainda querem jogar para debaixo
do tapete. Talvez se tenha descoberto que não há tapetes com tamanho tão
grande. Embora que, hoje, o grande mote para se defender das falcatruas é o
mesmo do advogado acima, e do Lula na descoberta do mensalão quanto ao caixa 2:
Todos fazem, então, por que não eu?
Realmente, seria muito mais cômico se não fosse tão trágico. Mas, deixemos a
tragédia de lado e riamos (será este o tempo certo?) todos.
Eu rio, mas tenho medo que o Paulo Roberto Costa, o língua
solta premiada, tenha me citado na delação, pois eu sou pernambucano e já há um
monte de gente da nossa terrinha citado. Minha esperança, é que ele, até agora,
só citou um vivo, o Humberto Costa, os outros dois já estão mortos, o Eduardo
Campos e o Sérgio Guerra, que Deus os tenha. Tenho mais medo ainda dos meus
homônimos, o que tenho às pencas. Certa vez passei quase um mês para provar que
um ex-jogador do Santa Cruz não era eu, gritando e berrando que eu jogava muito
mal e que torcia pelo Náutico. Agora sorrio do episódio, mas, não foi fácil,
convencer as autoridades que aquele não era eu.
E agora, pela pouca disponibilidade de tempo para escrever,
pois estou conhecendo São Paulo a jato, vamos ao nosso filme semanal, elaborado
pelo UOL e abaixo posto.
A primeira parte, como não poderia deixar de ser, trata de
forma jocosa da prisão de empresários que jamais sonharam com uma algema no
pulso ao invés de um Rolex de ouro. Mas, o risível mesmo é a defesa orquestrada
por todos os advogados: Os culpados são os funcionários públicos em particular
e em geral os políticos. Era a mesma defesa de João de Manuela, ladrão de
galinha famoso lá em Bom Conselho, que ao chegar na delegacia com uma penosa
debaixo do braço, se defendia dizendo: “Doutor
delegado, eu não tive culpa. A culpa é do dono que deixou a galinha solta, e
que parecia dizer que se eu não a roubasse seria burro. Como ter a fama de burro
é pior do que ter a fama de ladrão, afanei a bichinha.” Lava-Jato neles,
então, inclusive mandando devolver a galinha.
E quase fui às lágrimas, de tanto rir, vendo uma reunião da
Comissão de Orçamento, onde se tentava transformar déficit em superávit no
último ano do governo Dilma. Ou seja, mesmo ela não aparecendo oferece material
para o riso. Gastou demais, e agora quer que os congressistas digam que os
gastos não foram gastos, e é tudo intriga da oposição. E haja riso, ainda mais
com a própria sessão que parecia mais o Clube dos 30, lá em Bom Conselho,
quando havia uma briga. Só faltou voarem as cadeiras e mesas.
E, se quiserem mesmo rir, vão até o fim do filme quando a
própria Dilma, nossa maior colaboradora, declara lá na Austrália que o Petrolão
é o primeiro escândalo da história que foi investigado, e que isto é bom para o
Brasil, porque agora tudo vai ser diferente, e o país vai aprender a ser gente.
Ou seja, desde Pedro Álvares Cabral todos prevaricaram, inclusive ela própria.
Agora não. Todos os ladrões serão investigados. Sei lá, o João de Manuela deve
estar se virando no túmulo, com medo de ser condenado post mortem.
Agora fiquem com o resumo do roteiro do filme do UOL e vejam
o filme. Comecem bem a semana, e sorrindo, apesar de tudo.
“Enquanto a operação
Lava Jato continuou revelando as sujeiras envolvendo a relação entre
empreiteiras e Petrobras, parlamentares da base aliada e da oposição lavaram
roupa suja no Congresso. Já a presidente Dilma Rousseff disse, na Austrália,
que sujeira não tem vez no governo dela.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário