Por José Antonio Taveira Belo / Zetinho
Quem frequentou a Clube das Pás, na década de 70 conheceu
Claudinha e Lucinha. Duas moças solteironas que não perdiam os bailes nas
sextas feira. Tinha presença cativa e mesa reservada perto do dancing. Sabiam
dançar como nunca. Tinha seus pares já prontos para os primeiros acordes da orquestra
saírem patinando no meio do salão. Nunca
deu o fora a quem as fossem tirar para uma dança, aqueles que não lhe agradavam
na primeira rodeada pedia para sentar alegando cansaço. Sempre bem vestidas
normalmente com saias soltas e blusas coladas. Cabelo bem arrumado seguro com
laque para não avoar com vento dos ventiladores. Brincos ou argolas penduradas
nas orelhas. Lábios de um vermelho escarlate e unhas afiadas vermelhas. Duas o
três pulseiras ornamentava os seus pulsos. Anéis grandes de pedras vistosas nos
seus dedos. Sapatos de saltos baixos e solados lisos. Gostavam de tomar
cervejas bem geladinha em taças, somente para elas era servido. Alegres e
dançarinas chamava atenção dos notívagos ali que saem por volta das quatro
horas da manhã. Nunca quiseram casar, para não ter cabresto de ninguém, gostava
sim de alguns amigos para conversaram ou mesmo para uma intimidade maior, mas
casar nunca, jamais, diziam rindo. Tinha muitos admiradores principalmente pelo
seu jeito de dançarem. Pedrão um moreno alto, frequentador assíduo do Clube das
Pás, era um grande dançarino e par que sempre estava dançando com algumas
delas. Chegava ao clube já com a orquestra tocando. Olhava de um lado para
outro para se situar no ambiente. O seu olhar sempre se dirigia para o lado
esquerdo do salão para avistar se a Claudinha e Lucinha já esta presente.
Depois se esquivando das mesas chegava ate elas que o recebia com muita festa. Vestia-se
de branco, calça e camisa, sapato duas cores, branco com o bico preto, A
brilhantina assentava a sua vasta cabeleira. Barba feita e bigode aparado era o
“cara” da noite. Muitas mulheres desejavam estarem em seus braços para rodopiar
no salão, no entanto ele tinha queda pela Claudinha, à loira que chamava a atenção.
Tomava em seus braços com belos passos no salão ao som de qualquer musica que a
orquestra tocasse. Horas e horas passavam agarradinho como o mundo não
existisse. Tomava assento na mesa das
“meninas de idade” e quando ia pagar a conta já com várias cervejas e uma
garrafa de Rum Montilha a conta já havia sido paga por elas. Faziam questão
deste feito. Apareceu um homem chamado Heitor, desconhecido na área, ninguém
ainda o tinha visto nas noitadas do Clube das Pás, tirou uma das meninas para
dançar, a Lucinha. Ela foi à contra gosto, pois o mesmo se encontrava já alto
com a bebida e tinha um suor fedorento o que não lhe agradou. Pediu para sentar,
porém não foi atendida, pois o mesmo segurou o seu braço com força o que a fez dar
um safanão e se soltar já bradando alta aquela agressão. Sentou-se e procurou
se divertir e esquecer o que passou. De vez em quando olhava ao lado lá estava
o homem que machucou o seu braço. O Heitor aborrecido esperou o termino da
noite e quando ela saiu ele foi o seu encalço. Agarrou-lhe pelo braço, quando
uma mão mais forte puxou-lhe e o derrubou com o grande soco no rosto. Foi
aquela balburdia no final da noite. Às três horas da manhã ajuntou-se gente que
estava se despedindo da noitada em frente ao Clube e o Pedrão botou o cara para
correr. A policia que fazia ronda chegou, mas tudo já tinha se normalizado. A
turma se aglomerou em frente às carroças de cachorro quente, que pedíamos, “me
dê um quero obrar”, pois, poucos se safavam da “dor de barriga” durante o dia. Encontrei
Maguari, um grande amigo do Clube, e informou que uma das meninas a Claudinha
tinha morrido de câncer no pulmão, pois fumava muito e deu-se a bebida dia e
noite no terraço de sua casa, ouvindo musicas dos seus cantores preferidos e
curtindo melancolicamente dor de cotovelo por não mais poder ir ao Clube das
Pás na sexta feira, ficando somente a Lucinha já com idade avançada no casarão
no Alto da Conquista com os seus ais.
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