Por Zezinho de Caetés
Hoje volto com o Ruy Fabiano, que saindo do Brasil mas
ficando nele, aborda o tema Bolivarismo, que eu prefiro chamar de
Bolivarianismo, no seu texto do dia 08/11/2014, no Blog do Noblat (“O Brasil e o Bolivarismo”), que nada
mais é do que o chamado pelo Hugo Chávez de Socialismo
do Século XXI. O tema é bastante atual porque o Lula disse que quem criou o
Chávez foi ele, e se tiver oportunidade dirá que criou também o Simón Bolívar,
que é um general basco que andou dizendo que revolucionou a América Latina. E é
este tipo de socialismo que o PT tenta agora implementar no Brasil. Vi alguém
dizer e concordo que o Bolivarianismo é o “populismo”
em estado puro.
Mas, afinal de contas, além do populismo desvairado, o que
temos em comum com a América Latina? Para mim e para o Ruy, as coisas comuns
são o subdesenvolvimento, o DNA católico e o hábito triste de dizer que são os
americanos os culpados de tudo. Dentro deste contexto lembrei de um livro que deixou
seu autor muito rico, o Eduardo Galeano, cujo título era: “As veias abertas da América Latina”. Por um bom período de tempo,
as esquerdas encheram o bolso do autor, comprando e divulgando o livro que
simplesmente enganava os incautos.
E leio agora, pasmem, que depois da tremenda influência que
teve no pensamento bocó das esquerdas brasileiras, o próprio autor diz que nem
ele mesmo leria mais sua obra “prima”.
Diz que foi um erro da juventude. O livro, como todos sabem, tem o enredo
fundamental do Bolivarianismo, pelo menos em sua origem, e até foi presenteado
pelo Hugo Chávez a Obama. E quem sabe, pelo que anda tentando fazer por lá,
talvez o tenha lido, incutindo o sentimento de vitimização e culpando os ricos
pela pobreza dos pobres. Lula, se soubesse escrever, talvez dissesse melhor,
como o fez na campanha da Dilma, acalentando o “nós contra eles”, tradicional do PT.
Eu já digo que agora é que as veias da América Latina se
abrirão se o Brasil entrar nesta aventura bolivariana do Socialismo do Século
XXI. Não se pode dizer nada do novo governo da Dilma ainda porque parece que
ela está rompida com seu criador, o Lula, e este já começou a bombardeá-la de
todas as formas. Nossa esperança é esta cisão entre criador e criatura para
evitar que todo nosso continente seja vítima da sandice do Chávez, e que o
Brasil possa liderar a libertação da América Latina, quase toda ela escrava do
defunto, e ir no rumo do desenvolvimento. E para isto, se o doleiro Youssef
estiver mentindo, só se dará daqui a quatro anos. Mas, se ele estiver dizendo a
verdade.....
Fiquem com o Ruy Fabiano e meditem sobre o nosso futuro.
“A inclusão do Brasil num projeto socialista bolivariano, que
transformaria o continente numa pátria única – a “Grande Pátria”, de que falava
Hugo Chávez -, subverte não apenas o princípio da soberania, mas sobretudo
força uma unidade política artificial.
Nada temos com Simon Bolívar, que é herói de outro mundo, forjado numa
mitologia política que não nos diz respeito. Vale tanto para nós quanto
Tiradentes, por exemplo, para os bolivianos.
Sublimar personagens históricos para, a partir deles, criar símbolos de
unidade nacional é recurso usual – e de certa forma legítimo -, vigente em
todas as nações. Os norte-americanos têm seus Pais Fundadores, cultivados até
hoje como fator de união cultural e política. Não há presidente que não os
mencione. Idem os europeus – franceses, alemães, ingleses, italianos etc.
Temos também nossos Pais Fundadores, embora já há algumas décadas
submetidos a um processo de depreciação ideológica. Mas figuras como José
Bonifácio, Gonçalves Ledo, Pedro I e II, Tiradentes, Joaquim Nabuco, Duque de
Caxias e Ruy Barbosa (para citar apenas alguns) estão na origem de nossa
formação nacional - obra complexa e em curso, dadas as dimensões continentais e
a índole multicultural do país.
Quando, porém, se afirma que “nunca antes neste país” se fez nada de
relevante, e se busca anular todo o passado – dispensando-se inclusive de
conhecê-lo -, empastelando seu meio milênio de história como um transe equivocado,
conspira-se contra sua memória, o maior patrimônio civilizatório de qualquer
nação.
Note-se que, à exceção de Caxias – e mais pelo seu papel de pacificador
que de guerreiro -, os nossos Pais Fundadores são todos civis, não obstante os
recorrentes golpes militares da República.
Mas não temos a tradição guerreira dos hispano-americanos. Nosso elo
comum é o subdesenvolvimento, o DNA católico e o hábito de terceirizar nossas
mazelas, debitando-as à conta das potências hegemônicas. No mais, nossas
relações jamais foram íntimas. Somos vistos como um corpo estranho ao
continente, portadores de outro idioma e de outras tradições.
O conquistador português logrou um feito em sua colônia americana que o
colonizador espanhol não conseguiu: a preservação de sua unidade política.
A independência da América espanhola resultou no surgimento de diversas
repúblicas que, não obstante a língua comum, não superaram suas divergências
regionais. Protagonizaram guerras entre si e até hoje discutem questões de
fronteiras. O único conflito regional em que o Brasil se envolveu, em resposta
à invasão de seu território, foi com o Paraguai, na década dos 60 do século 19.
O Foro de São Paulo, entidade fundada em 1990 por Lula e Fidel Castro,
intenta a unidade do continente a partir do elo ideológico – bolivarismo é
sinônimo de socialismo -, o que é, em si, um fator beligerante, como se tem
visto.
Tenta-se resolver a disparidade social pela via do populismo,
desconhecendo-se o fato de que apenas a geração de riqueza pode banir – ou ao
menos reduzir significativamente – a pobreza.
Não se conhece outro meio, e quanto a isso o socialismo não deixou
dúvidas. O insucesso econômico e a diplomacia ideológica agravam as
dificuldades. Mas, mais que isso, a tentativa de inclusão do Brasil nesse
contexto - país bem mais complexo que seus vizinhos - sofre a limitação
adicional de a ele não pertencer, nem histórica, nem cultural, nem
politicamente.
A maior parte da população nem desconfia da existência do Foro de São
Paulo e de seus propósitos. Os dirigentes do PT são cautelosos quando tratam do
tema, pois querem contornar essa estranheza. Mas basta conferir sua proposta de
reforma política, seu brado revolucionário continental e os caminhos que sugere
para não haver dúvida quanto à trajetória pretendida, já trilhada pela
Venezuela, Equador e Bolívia, entre outros.
Lula mesmo já se jactou de ter “inventado Hugo Chávez”. E Nicolas
Maduro, em vídeo que pode ser apreciado no Youtube, em que saúda a vitória de
Dilma Roussef, deixa clara a decisiva importância do Brasil ao projeto da
“Grande Pátria” bolivariana.
O intercâmbio político entre as duas nações, que não tem
correspondência no plano econômico, evidencia essa parceria saudada por Maduro.
E não é casual que os dois países tenham feito de suas respectivas empresas de
petróleo – a PDVSA e a Petrobras – o mesmo bordel financeiro.
São (foram), aliás, parceiras no desastroso empreendimento da refinaria
de Abreu Lima (PE), nome que homenageia o único general brasileiro a aderir às
tropas de Bolívar na independência hispano-americana. O bolivarismo levou as
nações que a ele aderiram ao desastre econômico. O Brasil já chegaria ao clube
com o desastre previamente consumado. É improvável que a meta se concretize,
mas a insistência em alcançá-la promete muito barulho.”
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