Davi e Miguel |
Por Zé Carlos
Em meados de janeiro é o aniversário de Davi. Para mim
imperdível. Não seria o Vovô Zé se faltasse ao seu aniversário. E lá fui eu e a
Vovó Marli em direção ao agreste pernambucano com a missão, mais da Vovó do que
o do Vovô, de preparar o bolo e alguns doces para a festa, apesar dos pais
providenciarem outros acepipes. Não comparáveis aos acepipes da Vovó, é claro.
Já tenho tanto prazer de ir encontrar meus netos no interior
que aquilo que hoje mais me estressa, não estressa tanto: dirigir automóvel.
Mesmo ainda estando boa a estrada que me leva até lá, alguns buracos e o
tráfego lento ainda me dão nos nervos. Não é tão ruim quanto ir para Bom
Conselho por aquela rodovia, depois de São Caetano, em que da última vez passei
quase 30 minutos atrás de um caminhão, porém, sempre me estresso um pouco. Mas,
penso na farra e na dose de Vitamina N (também conhecida como “lambedor de netos”) que sorverei, e vou
em frente.
Como não poderia deixar de ser, o Davi, já tendo completado
5 anos, já do alto do seu poder de decisão que hoje as crianças têm, resolveu
que o tema da festa seria o Futebol. Muito adequado para um ano de Copa, por
sinal. Enquanto não chegava o dia da festa o Vovô Zé, este que lhes escreve, não
parou um minuto de jogar bola com o Davi. Fez a besteira de dar mais uma bola
de futebol a ele, a Brazuca grande, que foi mais chutada do que cachorro magro
em porta de restaurante. Digo que não parei um minuto, mas, menti. Parei alguns
minutos e fui substituído pela Vovó Marli. Se soubesse o que iria acontecer
continuaria jogando. Ela pisou na Brazuca e levou um tombo que me espantou e
espantou Davi e Miguel. Depois de levantá-la e ver que não havia tido uma
contusão muito séria, olhei para eles, que estavam ainda com uma cara de
espanto, e ouvi do Davi:
- Vamos lá Vovó,
futebol é assim mesmo. Cai e levanta!
E o Miguel completaria, me provocando um ar de riso naquela
estranha situação:
- É normal!
Eles apenas repetiam o que dizíamos para eles quando eles
caiam. Agora a Vovó teve o troco. Ainda hoje está com o braço na tipoia e eu sem esperança de ter um substituto à
altura.
Fora este fatídico episódio de contusão, a festa foi um
sucesso. Era bola de futebol para todo lado e o bolo feito por Vovó Marli
(mostrado na foto ilustrativa) foi muito apreciado. Mesmo só com uma mão ela
conseguiu fazer quase tudo na festa, o que gerou um comentário do Davi:
- Vovó é fera!
O que apenas comprova que, sem machismo nenhum, ela joga
melhor na cozinha do que no campo de futebol.
Voltamos ao Recife, com as baterias carregadas de vitamina N,
mas, já com saudade, e um pouco de tristeza, mostrando que fiquei dependente
desta vitamina, configurando-se meu estado como um crise de abstinência do meu
lambedor preferido. Não foi por muito tempo pois tivemos a alegria de saber que
Davi e Miguel viriam ao Recife acompanhar o pai e mãe que tinha algo a aqui
fazer.
E eles chegaram, e o que pensam os meus leitores (Davi e
Miguel daqui a algum tempo) sobre o que fomos logo fazer? Descer para quadra e
jogar futebol com o Davi e mesmo com Miguel que chuta com a perna esquerda e
come com o braço direito, até hoje não sabendo se é destro ou sinistro. Seja o
que for, isto não altera a qualidade da Vitamina N que nos proporciona quase de
graça, e com muita graça.
E foram mais três dias de brincadeiras, em casa e no
shopping (mesmo com medo dos “rolezinhos”).
E foi desta vez que mostrei a Miguel a foto que tirei do Cachorro de Botas. Ele ficou tão entusiasmado quando disse que ele
vivia numa praça perto, que fomos duas vezes lá e em vão, não o encontramos. No
entanto, fiquei devendo, ao Miguel e ao Davi, contar para eles, a história
deste nobre animal. Mas, não o farei agora. A dívida será paga quando terminar
de ler a história com muito cuidado, pois é de assustar criancinhas, pois o Cachorro de Botas não tem parentesco
nenhum com o Gato de Botas. Então, Davi e Miguel, aguardem a história.
Agora já estou pensando na festa de aniversário de Miguel.
Qual será o tema? Quem sabe, será o Cachorro
de Botas?
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