Por Zé Carlos
O filme do UOL, que resume a semana, não trouxe o principal
fato ocorrido nela. A morte do cinegrafista Santiago por um rojão acendido por
uma dupla de Black Blocs, que dariam uma explosiva dupla caipira: Caio e Raposão. Talvez os produtores não
queiram fazer humor negro. E, realmente, foi um acontecimento lastimável.
Quando pensávamos que o Brasil acordara, começa-se um pesadelo destes, que
termina em morte. Será que poderíamos rir de um episódio com este? Só se for
com a Sininho, que, tal qual a fada do Peter Pan apareceu esvoaçante oferecendo
assistência jurídica aos detonadores de gente. E ainda aproveitando a história
do Peter Pan, tenho certeza, tivemos vários políticos crescendo o nariz quando
falaram do triste fato.
No entanto, pensando bem, começamos um período em que é
muito difícil não fazer humor negro, pois o que está acontecendo de mortes políticas,
não é brincadeira. Só chorando mesmo. Vejam, por exemplo, o que o filme mostra
na festa de 34 anos do PT! Quando a Dilma diz que a oposição é “cara-de-pau” ao dizer que o “ciclo do PT acabou”, quem vestiu a
carapuça, começou logo a rir ao pensar com seus botões: “Já vai tarde!”. Eu mesmo, só agora que tirei a carapuça. Será que
isto não é fazer humor negro ao me aproveitar da morte de um partido? Talvez
seja, mas, o Brasil informado também está todo rindo.
E todos rirão mais quando verem o filme que a presidenta
dizendo que ainda tem muita energia para fazer mais pelo Brasil, depois de
tantos apagões. Até em Alagoas houve um no sábado. Causa? Dizem que foram os
cabelos de Renan que, ao serem sugados pelo filtro de uma piscina, causaram um
curto circuito que fez desligar todo o sistema elétrico do Estado. Não sei nem
se Bom Conselho foi atingido, por sermos vizinhos. Seria de morrer de rir.
Mas, para não dizer que não ri de verdade, o fiz quase em
seu final quando o filme mostra que o Bolsonaro quer ser presidente da Comissão
de Direito Humanos da Câmara. Pela sua fala e pela reação das meninas,
proporcionando, o que se tornou moda, um “beijo
gay” para mostrar que ele teria mais trabalho na comissão do que seu
antecessor, o Feliciano, que deu muita munição para o riso, os Direitos
Humanos, pelo menos em termos parlamentares, é que se tornou uma “piada de salão”, igual ao mensalão de
Delúbio. Nossa!
Antes dos beijos apaixonados entre as moçoilas tivemos o
deputado Donadon considerando-se injustiçado por ter o mandato cassado, quando
há pouco tempo atrás, os próprios deputados que hoje o defenestraram o livraram
das "benesses" de ser um presidiário com mandato. Apesar de não saber, e nem ter
tempo de ir ao Google para saber, se há outros casos no mundo, onde alguém é
condenado por desvio de dinheiro e continue a fazer as leis do país, eu
continuo acreditando que isto só ocorre no nosso Brasil, nossa pátria amada,
salve, salve... Agora, se for sem condenação, eu já ri muito com o Maluf, que
não pode viajar para o exterior para não terminar como Pizzolato, embora por
outros motivos. O que posso afirmar que é coisa do Brasil político é o arrependimento coletivo dos deputados no caso Donadon. Foi tão estranho que o João Paulo Cunha renunciou ao mandato que antes defendia com tanta ganância. Botou as "barbas de molho", ou lavou a cara-de-pau com detergente fornecido pelo Planalto.
Já ia classificar o filme desta semana como “sofrível”, quando lembrei da queda do
Suplicy ao subir num palco. Aumentei minha avaliação. E nem foi pela queda em
si, e sim pela defesa que ele fez da vaquinha dos mensaleiros para pagar as
multas, e criticando o ministro Gilmar por achar a ideia imoral. Neste caso,
penso que o ministro e nossa Constituição estão certos. As penas devem ser
individuais e intransferíveis, mesmo aquelas que envolvem dinheiro, mesmo que
aqueles que queiram cumprir a pena junto tenham o direito de fazê-lo. Eu ri ao
lembrar que pelo proselitismo de alguns petistas, apareceriam muitos deles para
ficar na Papuda no lugar do Zé Dirceu, e pensar que o governo atual poderá
decretar que isto, além de ser possível, é recomendável. Afinal de contas vem
aí uma lei que condena os Black Blocs e livra a cara do MST. Talvez porque
estes ainda não usam máscaras. Pelo meu riso, salvou a semana, e espero que
salve a de vocês também.
Vejam, logo abaixo o resumo do roteiro feito pelos
produtores do UOL e vejam o filme logo após. Não chorem, por favor! Se tiverem vontade ouçam a trilha sonora que diz, entre outras coisas:
E se vocês estão a fim de prender o ladrão
podem voltar pelo mesmo caminho
o ladrão está escondido lá embaixo
atrás da gravata e do colorinho
E se vocês estão a fim de prender o ladrão
podem voltar pelo mesmo caminho
o ladrão está escondido lá embaixo
atrás da gravata e do colorinho
“A campanha eleitoral
de 2014 começou! Nesta semana, o PT organizou uma festa em São Paulo para
celebrar seus 34 anos e aproveitou para lançar, extra-oficialmente, as
candidaturas de Dilma à Presidência e de Alexandre Padilha ao governo de São
Paulo. A presidente desferiu críticas aos opositores, chamados de caras-de-pau.
Em Brasília, o agora ex-deputado-presidiário Natan Donadon, enfim, foi cassado
pelos colegas, que outrora o absolveram. O que mudou? Agora, a votação foi
aberta. Depois de Marco Feliciano, agora é a vez de Jair Bolsonaro, aquele que
tem saudades da ditadura e tem horror a gays, pleitear a presidência da Comissão
de Direitos Humanos da Câmara.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário