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sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

PERDÃO DE PAI.




Por José Antônio Taveira Belo / Zetinho


“Seu Manoel e Dona Rita tinha a filha Violeta”. Esta moça sempre foi alvoraçada, sapeca e conhecida na Rua do Progresso pelas suas estripulias. Morava em uma pequena casa onde o pai era pedreiro e a sua mãe domestica, fazia serviço de faxina na residência da zona sul. Violeta nunca se conformara com a vida que levava, queria luxo para esta condição precisava de dinheiro. Passeava pelos shoppings e em cada vitrine desejava roupas, sapatos e sandálias, mas dinheiro nunca tinha. Não conseguia emprego, porque os empregos eram sempre de balconista, o que não aceitava, queria ser modelo, pois corpo tinha, era bela e com estes apetrechos ela pensava ganhar o mundo. E, assim a cobiça falou mais alto. Começou a sair de casa todos os dias para encontrar alguns amigos nos shoppings e frequentava outras festas chamadas pelas meninas ricas. Mentia sempre. Dizia que morava em boa casa no Espinheiro, porém nunca levou nenhuma das amigas por lá, sempre arranjava alguma desculpas. Certo dia saiu de casa. Foi morar na zona sul do Recife, no prédio Holiday, com uma amiga dividindo o kitnet. Foi vista por alguns amigos do casal, a Violeta na esquina da Rua Bruno Veloso com a Domingos Ferreira, com varias outras “moças” em pé toda emperiquitada. Quando os pais souberam ficaram indignados com aquela situação, criar uma filha com todos carinhos, fazendo das tripas o coração para dar-lhe o melhor que pôde e ver sua filha como “menina de programa” era uma tristeza. Procurou mais não a encontrou logo de imediato. Voltou varias vezes ao local onde a tinha visto, e nada. Mais não desistiu. Certo tempo soube que ela trabalhava na Boate Princesa e lá foi ele até o local. Encontrou-a sentada em uma cadeira de pernas cruzadas, de saia curtíssima, blusa decotada e toda pintada, um copo de bebida e cigarro nos dedos. Quando a viu quase tomava um ataque de coração. Ela, por sua vez, tomou um susto vendo seu pai ali em pé defronte a ela. Cambaleou mais se ergueu fitando nos olhos do velho pai – o senhor por aqui? O que aconteceu? Seu Manoel respondeu: vim olhar você porque o que me disseram não acreditei, queria ter certeza vendo com os meus próprios olhos a minha filha num ambiente desgraçado como este vendendo o corpo por qualquer dinheiro. Filha eu e sua mãe lhe ensinamos esta profissão? Você não sabe que em breve você estar um bagaço e ninguém vai querer lhe olhar de frente. Não sabes que o cansaço atinge todas as pessoas e que a miséria vem a galope. Estou perplexo com esta situação e eu não sei como resolver, ver você neste estado lastimável que encontrei. Violeta chegou a lacrimejar com esta dialogo do pai. Sentou-se acendeu mais um cigarro, tomou um gole da bebida já no fim e disse – Pai, o senhor e a mamãe nunca me ensinaram estas coisas, pelo contrario aconselhava para outro modo de vida. Mas, eu queria mais e sabia que o senhor não tinha condições de arcar com o meu desejo. Sei que todos estão decepcionados comigo, mas vou em frente e assumindo as consequências desta minha vida. Seu Manoel saiu arrasado daquele ambiente escuro e fumacento com musicas estridentes. Saiu foi para a rua tomar um ar fresco. Que podia fazer? Aconselhou pediu para voltar para casa, mais não obteve êxito, entregava a filha a Deus para ele a regenerasse e mudasse de vida. O tempo passou, as noites mal dormidas pelo Seu Manoel e Dona Rita se sucediam. Mas, a sua fé nunca foi abandonada, rezava sempre por esta filha que Deus a protegesse mesmo sabendo do ato pecaminoso que ela praticava e dizia – Deus é pai e não padrasto-. Dois anos se passaram. Um belo dia, por volta das onze da manhã, ao chegar à casa vinda da feira, encontrou a porta entreaberta. Não desconfiou, porque tinha a deixado encostada. Na sala lá estava sentada a sua filha Julieta. Uma maleta encostada na poltrona e ela sentada de cabeça baixa. Não acreditou no que via. Era um milagre que estava acontecendo, ou que aconteceu. Ela olhou para ele com os olhos vermelhos de chorar pedindo-lhe para voltar para casa, pois estava doente e com doença grave e precisava de ajuda e as pessoas com que convivia a lhe viraram as costas. Ainda era nova, tinha uns 27 anos de idade. Seu Manoel e Dona Rita a acolheram chorando de abraços abertos apertando-lhe ao peito, dizendo – você esta em sua casa, que Deus me abençoe pelo sua volta. (esta estória me foi relatada por Dona Sonia em uma conversa na sua casa no bairro de Casa Amarela – As personagens e locais são nomes fictícios)

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