Por Zezinho de Caetés
O texto reproduzido abaixo é do Rodrigo Constantino, e foi
publicado no O Globo do último dia 18, com o título: “Um esquerdista pode tudo”. E o reproduzi por ter ganho de presente
um livro do autor que estou gostando muito, que tem como sugestivo título: “A Esquerda Caviar”, tendo como subtítulo
uma frase mais sugestiva ainda: “A
hipocrisia dos artistas e intelectuais progressistas no Brasil e no mundo”.
No presente texto, que vocês lerão abaixo, ele, por uma
questão de lógica, revela quanto a hipocrisia gera poder, e quanto é capaz de
enganar, indivíduos, comunidades e países. E depois da leitura, aqueles que não
se sentem mais culpados de serem chamados de direita, ficam até alegres em assim
serem epitetados.
E basta um pouco de informação para ver que no Brasil, nos
últimos tempos, já estamos nos tornando uma grande Venezuela, cujo povo hoje
vive momentos terríveis proporcianados pelo chamado “socialismo do século XXI”, cuja única diferença dos outros
socialismos é que o presidente fala com passarinhos, nos quais o Chávez
reencarnou. Quanta hipocrisia.
No referido livro ele cita o Roberto Campos, que antes eu
tinha vergonha até de citar, por ser conterrâneo do Lula, o que hoje não me dá mais
prazer nenhum, mas, apenas preocupação e tristeza:
“É divertidíssima a
esquizofrenia de nossos artistas e intelectuais de esquerda: admiram o
socialismo de Fidel Castro, mas adoram também três coisas que só o capitalismo
sabe dar – bons cachês em moeda forte, ausência de censura e consumismo
burguês; trata-se de Marx numa transa adúltera com a Coca-Cola...”
É como se só as esquerdas socialistas tivessem o apanágio de
resolver todos os problemas sociais, quando nos países em que reinaram, só
trouxeram mais problemas. Sua defesa intransigente do aumento da intervenção do
Estado na sociedade, sem nenhum exemplo bom para dar, parece até patética.
Mesmo a social democracia, que parecia levar a Europa e outros países a um novo
patamar civilizatório, teve que ser salva por conservadores e liberais, para
que seus países não caíssem na tábula rasa da herança dos países socialistas, a
qual podemos ver que apenas depois de se transformarem em capitalistas (vide
China) começaram a produzir algo de útil para seus povos. Enquanto outros (vide
Cuba e Coreia do Norte) vivem morrendo de fome sob ditaduras cruéis. A Coreia
do Norte não exporta nada porque nada produz e Cuba exporta gente para fugir
para Miami.
O que me mete medo é que a hipocrisia esquerdista leva ao
poder nas democracias, usando-a para transformá-las em ditaduras disfarçadas
(Venezuela é hoje o maior exemplo), o que poderá acontecer aqui se acreditarmos
nas mentiras que nos veem do Planalto sobre o que se passa no Brasil. Para a
presidenta o Brasil está tão bem quanto seu penteado de R$ 3.000,00 ou os
vinhos que tomou em Lisboa.
Só me resta avisar que a esquerda pode tudo enquanto o
Brasil tiver vergonha de ser de direita. Lembremos que o pior socialismo que
apareceu foi comandado pelo Nacional Socialismo alemão, o Nazismo, que
conseguiu enganar todo mundo e hoje as esquerdas estão com ele e não abrem.
Fiquem com o Rodrigo Constantino e vejam porque as esquerdas
parecem comandar a massa e balançar a pança. Mas, outubro vem aí, e nada como
uma eleição atrás da outra e uma Copa no meio.
“Ser de esquerda, no Brasil, significa ter um salvo-conduto para
defender todo tipo de atrocidade e cair nas maiores contradições. É o monopólio
das virtudes após décadas de lavagem cerebral demonizando a direita liberal ou
conservadora.
Um esquerdista pode, por exemplo, mostrar-se revoltado com o regime
militar, tentar reescrever a história como se os comunistas da década de 1960
lutassem por democracia e liberdade, tentar mudar o nome até de ponte, e logo
depois partir para um abraço carinhoso no mais velho e cruel ditador do
continente, Fidel Castro.
Um esquerdista pode, também, repudiar o “trabalho escravo” em certas
fazendas brasileiras, o que significa não atender às mais de 200 exigências
legais (incluindo espessura de colchão), e logo depois aplaudir o programa Mais
Médicos do governo Dilma, que trata cubanos como simples mercadoria.
Um esquerdista pode tentar desqualificar uma médica cubana que pede
asilo político, alegando que tinha problemas com bebida e recebia amantes em
seu quarto (é proibido isso agora?), para logo depois chamar de preconceito de
elite qualquer crítica ao ex-presidente chegado a uma cachaça e a “amizades
íntimas”.
Um esquerdista pode culpar o embargo americano pela miséria da
ilha-presídio caribenha, ignorando que toda experiência socialista acabou em
total miséria, e logo depois condenar a globalização e chamar o comércio com
ianques de “exploração” (decidam logo se ser “explorado” pelo capitalismo é bom
ou ruim).
Um esquerdista pode execrar uma jornalista que diz compreender a
revolta que leva ao ato de se fazer justiça com as próprias mãos, e logo depois
aplaudir invasores de terras e outros “movimentos sociais”, que se julgam acima
das leis em nome de suas “nobres” causas. Pode até receber os criminosos no
Palácio do Planalto!
Um esquerdista pode aliviar a barra do criminoso, tratar o marginal
como “vítima da sociedade”, e logo depois posar como defensor dos pobres
honestos, ignorando que a afirmação anterior representa uma grave ofensa a
todos aqueles que, apesar da origem humilde, mostram-se pessoas decentes por
escolha própria.
Um esquerdista pode repudiar a ganância dos capitalistas, condenar o
lucro, e logo depois aplaudir socialistas milionários, ou “homens do povo” que
vivem como nababos, que cobram fortunas para fazer palestras, ou artistas que
negociam enormes cachês com multinacionais para seus filmes ou comerciais.
Um esquerdista pode ser um músico famoso ou um comediante popular, e
basta a fama por tais características para fazê-lo acreditar que é um grande
pensador político, um intelectual de peso, alguém preparado para opinar com
embasamento sobre os mais diversos assuntos sem constrangimento.
Um esquerdista pode insistir de forma patológica na cor do meliante
preso ao poste, um rapaz negro, e logo depois ignorar outro bandido amarrado a
um poste, pois este tinha a cor “errada”: era branco. Pode, ainda, acusar todos
que condenam as cotas raciais de “racistas”, e logo depois descascar Joaquim
Barbosa, inclusive por causa de sua cor.
Um esquerdista pode alegar ser a pessoa mais tolerante do mundo, isenta
de qualquer preconceito e apaixonada pela diversidade, para logo depois
ridicularizar crentes evangélicos, conservadores católicos ou liberais céticos.
Um esquerdista pode surtar com o uso de balas de borracha pela polícia
contra “ativistas” mascarados que quebram tudo em volta, para logo depois cair
em um ensurdecedor silêncio quando o governo socialista venezuelano manda
tanques para as ruas para atirar a esmo em estudantes durante protestos legítimos
contra um simulacro de democracia.
Um esquerdista, por fim, pode pintar as cores mais românticas e
revolucionárias sobre as máscaras de vândalos e arruaceiros que atacam
policiais, para logo depois chamar de “fascista” a direita liberal, ignorando
que o fascismo de Mussolini tinha os camisas-negras que agiam de forma bastante
similar aos black blocs.
Assim caminha a insanidade na Terra do Nunca, com “sininhos” aprontando
por aí enquanto os artistas e “intelectuais” endossam a agressão contra o “sistema”.
No fundo, defendem a barbárie contra a civilização. Abusam da dialética
marxista, do duplo padrão moral de julgamento, da revolta seletiva, do cinismo,
do monopólio da virtude.
Um esquerdista jamais precisa se importar com a coerência, com o resultado
concreto de suas ideias, com pobres de carne e osso. Ele goza de um álibi
prévio contra qualquer acusação. Afinal, é de esquerda, ou seja, possui as mais
lindas intenções. É o suficiente. Um esquerdista pode tudo!”
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