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sábado, 21 de setembro de 2013

Viagem a Bom Conselho - Onde eu nasci?




Por Zé Carlos

Minha frequência de idas a Bom Conselho é de uma vez por ano. Fui cumpri-la neste último final de semana com todo prazer. Infelizmente, só pude ficar um dia privando da eficiência do Hotel Raízes e um pouco da companhia das muriçocas da cidade. Antes passava dois dias e a viagem me rendia algumas crônicas sobre a cidade. Desta vez não sei quantas renderá. Espero que esta seja apenas a primeira de muitas e não também a última.

Apesar de alguns serviços na estrada que liga São Caetano a Garanhuns, cuja promessa de duplicação é bastante antiga e penso já ser necessária, ela está transitável embora lenta. A estrada até Bom Conselho está menos esburacada do que da outra vez que fui. E cruzei o portal de cidade sem maiores problemas. Deu para observar que a entrada da cidade foi asfaltada e encontra-se em bom estado. Dizer quem foi o responsável por isto, mesmo que soubesse, não diria, porque iria politizar esta crônica, o que não pretendo.

Cheguei num sábado, e como constatei durante parte da infância e da adolescência, o sábado é da feira e não é possível julgar a mobilidade urbana da cidade num dia como este. Quando trabalhava no comércio de Bom Conselho, em dia de feira, tudo se modificava, até a higiene.

Eu trabalhava numa padaria que durante a semana primava pela higiene, separando aqueles que pegavam em dinheiro daqueles que manuseavam os alimentos. Creiam que isto já era um avanço, e que na época já era um modernismo. Isto acontecia nos dias de semana, menos no sábado. Havia uma caixa registradora onde eram pagas as compras e se levava apenas um comprovante ao balcão, onde elas eram entregues, nos outros dias da semana. Tudo na mais alta higiene e limpeza.

Entretanto, no sábado, com a chegada de uma multidão vinda de todas as localidades, como fazer para evitar um fila imensa daqueles que queria comprar o seu pãozinho quente com manteiga? Não havia jeito e nós balconistas tirávamos as mãos das caras sujas do Marquês de Tamandaré (nota de 1 cruzeiro), Duque de Caxias (nota de 2 cruzeiros), do Barão do Rio Branco (nota de 5 cruzeiros) ou mesmo de Getúlio Vargas (nota de 10 cruzeiros). Acima deste valor (Marechal Deodoro, D. João VI, Cabral e outros) era mais difícil passar na venda de pães e bolachas, embora fossem tão sujas quanto as outras.

Não havia jeito, e a higiene morria um pouco em prol da praticidade de alimentar os matutos famintos. E para ser sincero, as mãos que gulosamente levavam os pães à boca, quase ali mesmo, com uma Cajuína, não eram menos sujas do que as nossas, nem do que as notas. Eu passei pelo comércio em direção à feira de frutas, e não tive tempo de entrar nos estabelecimentos de comida para ver como se processo hoje em dia. Mas, que a cidade muda no sábado, ela muda.

Só entrei num estabelecimento que merece ser mencionado nestas lembranças da viagem: A Farmácia Crespo. Eu penso que este ainda é o nome da farmácia onde lá ao fundo, sentado num bureau estava o Ivan Crespo. Não tinha como não falar com ele. Fomos grandes amigos e ainda o somos à distância. Dentro da muitas conversas de praxe eu perguntei se ele não tinha vontade de se candidatar outra vez a vereador. Ele apenas sorriu e eu lembrei das grandes câmaras de vereadores que tivemos. Não digo que eram maiores do que as mais recentes, pois política nunca foi o meu forte. Fica apenas o registro.

Encontrei outro amigo de infância da mesma família. O Ives Crespo. Não na farmácia mas na rua Sete de Setembro onde quase arrisquei a vida devido aquela proteção para um Banco, que nos deixa alvos para carros e motos. Fazia um grande tempo que não via o Ives, meu parceiro nos negócios de natal e ano novo, que dizíamos ser diversão para todos. Nunca ninguém conseguiu derrubar as latas, e ganhar prêmios, pela distância que colocávamos as latas. Isto foi no natal e ganhamos um bom dinheiro. No ano novo ninguém foi jogar. O povo pensa.

Acompanhando minha mulher, imbicamos pela feira de frutas atrás de pinhas. Encontramos poucas e caras. Compramos maçãs boas e baratas. E pensar que em minha infância para comer um maçã tínhamos que ir à Pastelaria Suíça em Garanhuns. Então não se pode dizer que Bom Conselho não evoluiu. Hoje temos maçãs. Eram um pouco pequenas, mas, não sou um pessimista. Enormes maçãs podem chegar, embora a cidade ainda não seja um paraíso.


Enfim, tenho mais coisas para contar da viagem, mas, fica para outra hora.  Por enquanto quero apenas apresentar a foto que ilustra esta postagem. Eu nasci numa destas casas que ainda ficam na frente do que era a Praça Lívio Machado (será ainda este nome?), e hoje não consigo distinguir em qual delas nasci. Antes eu sabia que havia nascido no lugar do forno da Padaria Cordeiro. Hoje nem a padaria existe mais. Literalmente, eu não sei mais onde nasci, nesta cidade que, apesar de visitar pouco, não me sai do pensamento.

2 comentários:

  1. É Zé Carlos a padaria cordeiro onde tinha o forno era nessa loja de festas que tem as postas de vidro.

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  2. Zé Carlos, sou residente na rua Sete de Setembro desde quando nasci e tenho o prazer em ter Ives Crespo como vizinho e amigo. Gostaria apenas de comunicar-lhe, que nosso amigo sofreu um pequeno acidente em sua residência, uma tigela caiu e ao quebra vidros atingiram a perna do nosso dentista, foi levado ao hospital, tomou vários pontos. Graças a Deus está em casa de repouso.
    um Grande abraço.

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