Por Zé Carlos
Minha frequência de idas a Bom Conselho é de uma vez por
ano. Fui cumpri-la neste último final de semana com todo prazer. Infelizmente,
só pude ficar um dia privando da eficiência do Hotel Raízes e um pouco da
companhia das muriçocas da cidade. Antes passava dois dias e a viagem me rendia
algumas crônicas sobre a cidade. Desta vez não sei quantas renderá. Espero que
esta seja apenas a primeira de muitas e não também a última.
Apesar de alguns serviços na estrada que liga São Caetano a
Garanhuns, cuja promessa de duplicação é bastante antiga e penso já ser
necessária, ela está transitável embora lenta. A estrada até Bom Conselho está
menos esburacada do que da outra vez que fui. E cruzei o portal de cidade sem
maiores problemas. Deu para observar que a entrada da cidade foi asfaltada e
encontra-se em bom estado. Dizer quem foi o responsável por isto, mesmo que
soubesse, não diria, porque iria politizar esta crônica, o que não pretendo.
Cheguei num sábado, e como constatei durante parte da
infância e da adolescência, o sábado é da feira e não é possível julgar a
mobilidade urbana da cidade num dia como este. Quando trabalhava no comércio de
Bom Conselho, em dia de feira, tudo se modificava, até a higiene.
Eu trabalhava numa padaria que durante a semana primava pela
higiene, separando aqueles que pegavam em dinheiro daqueles que manuseavam os
alimentos. Creiam que isto já era um avanço, e que na época já era um
modernismo. Isto acontecia nos dias de semana, menos no sábado. Havia uma caixa
registradora onde eram pagas as compras e se levava apenas um comprovante ao balcão,
onde elas eram entregues, nos outros dias da semana. Tudo na mais alta higiene
e limpeza.
Entretanto, no sábado, com a chegada de uma multidão vinda
de todas as localidades, como fazer para evitar um fila imensa daqueles que
queria comprar o seu pãozinho quente com manteiga? Não havia jeito e nós
balconistas tirávamos as mãos das caras sujas do Marquês de Tamandaré (nota de
1 cruzeiro), Duque de Caxias (nota de 2 cruzeiros), do Barão do Rio Branco
(nota de 5 cruzeiros) ou mesmo de Getúlio Vargas (nota de 10 cruzeiros). Acima
deste valor (Marechal Deodoro, D. João VI, Cabral e outros) era mais difícil
passar na venda de pães e bolachas, embora fossem tão sujas quanto as outras.
Não havia jeito, e a higiene morria um pouco em prol da
praticidade de alimentar os matutos famintos. E para ser sincero, as mãos que
gulosamente levavam os pães à boca, quase ali mesmo, com uma Cajuína, não eram
menos sujas do que as nossas, nem do que as notas. Eu passei pelo comércio em
direção à feira de frutas, e não tive tempo de entrar nos estabelecimentos de
comida para ver como se processo hoje em dia. Mas, que a cidade muda no sábado,
ela muda.
Só entrei num estabelecimento que merece ser mencionado
nestas lembranças da viagem: A Farmácia Crespo. Eu penso que este ainda é o
nome da farmácia onde lá ao fundo, sentado num bureau estava o Ivan Crespo. Não
tinha como não falar com ele. Fomos grandes amigos e ainda o somos à distância.
Dentro da muitas conversas de praxe eu perguntei se ele não tinha vontade de se
candidatar outra vez a vereador. Ele apenas sorriu e eu lembrei das grandes
câmaras de vereadores que tivemos. Não digo que eram maiores do que as mais
recentes, pois política nunca foi o meu forte. Fica apenas o registro.
Encontrei outro amigo de infância da mesma família. O Ives
Crespo. Não na farmácia mas na rua Sete de Setembro onde quase arrisquei a vida
devido aquela proteção para um Banco, que nos deixa alvos para carros e motos.
Fazia um grande tempo que não via o Ives, meu parceiro nos negócios de natal e
ano novo, que dizíamos ser diversão para todos. Nunca ninguém conseguiu
derrubar as latas, e ganhar prêmios, pela distância que colocávamos as latas.
Isto foi no natal e ganhamos um bom dinheiro. No ano novo ninguém foi jogar. O
povo pensa.
Acompanhando minha mulher, imbicamos pela feira de frutas
atrás de pinhas. Encontramos poucas e caras. Compramos maçãs boas e baratas. E
pensar que em minha infância para comer um maçã tínhamos que ir à Pastelaria
Suíça em Garanhuns. Então não se pode dizer que Bom Conselho não evoluiu. Hoje
temos maçãs. Eram um pouco pequenas, mas, não sou um pessimista. Enormes maçãs
podem chegar, embora a cidade ainda não seja um paraíso.
Enfim, tenho mais coisas para contar da viagem, mas, fica
para outra hora. Por enquanto quero
apenas apresentar a foto que ilustra esta postagem. Eu nasci numa destas casas
que ainda ficam na frente do que era a Praça Lívio Machado (será ainda este
nome?), e hoje não consigo distinguir em qual delas nasci. Antes eu sabia que
havia nascido no lugar do forno da Padaria Cordeiro. Hoje nem a padaria existe
mais. Literalmente, eu não sei mais onde nasci, nesta cidade que, apesar de
visitar pouco, não me sai do pensamento.
É Zé Carlos a padaria cordeiro onde tinha o forno era nessa loja de festas que tem as postas de vidro.
ResponderExcluirZé Carlos, sou residente na rua Sete de Setembro desde quando nasci e tenho o prazer em ter Ives Crespo como vizinho e amigo. Gostaria apenas de comunicar-lhe, que nosso amigo sofreu um pequeno acidente em sua residência, uma tigela caiu e ao quebra vidros atingiram a perna do nosso dentista, foi levado ao hospital, tomou vários pontos. Graças a Deus está em casa de repouso.
ResponderExcluirum Grande abraço.