Miguel e Davi na diversão moderna: um tablet. |
Por Zé Carlos
No último final de semana fomos para a casa de Davi e Miguel,
nossos netos e alvos destes escritos, lá no futuro; eu e a Vovó Marli. Como
sempre, antes de ir, além da preparação psicológica e física para aguentar o
futebol com o Davi, há a feitura dos tradicionais bolos da Vovó Marli que o
Miguel adora.
Desta vez, houve ainda um fato que marcou nossa visita, e que
posso dizer, a tornou um tanto diferente. Dias atrás, soubemos que um primo do
Davi e do Miguel havia adoecido. Como era da mesma idade deles e a doença
envolvia exames para encontrá-la, o que infelizmente aconteceu, houve uma
reação natural dos seus pais para fazer exames também, igual a nós velhos, para
quem já é um rotina, de quando em vez, procurar doenças.
Além da desagradável notícia de que acharam uma doença em
seu primo, houve a ansiedade natural da espera do resultado dos exames, além de
eu só imaginar o Miguel, com seus 2 aninhos completos, tirando sangue daquele
pequenino braço. Se eu, com toda uma estrada de tiradas de sangue, que se fosse
calcular o que já tirei para fazer exames, daria para encher outro corpo, olho
para o outro lado quando vejo uma seringa, eu imagino o Miguel.
Bem, passado todo o transtorno do exame, e já sabendo que
não foram encontradas doenças complicadas, tudo ficou mais tranquilo, apenas
com um porém. Minha filha nos falou por telefone que o Miguel estava com uma
alta taxa de triglicerídeo, que é uma espécie de gordura no sangue. Como também
sou chegado a uma taxa alta disto, e já tenho alguma informação sobre a
influência da atividade física sobre ela, comecei a pensar.
Será que eu, aos 2 anos já tinha muita desta gordura no
sangue? Será que passei este mal para o Miguel através do meu um quarto do DNA
que ele carrega? Ou, será que isto é fruto das condições de vida do Miguel hoje
em termos de exercício físico?
Voltei, no meio de transporte no qual eu adora viajar, minha
mente, ao passado e tentei me lembrar, em Bom Conselho, de minha vida.
Primeiro, jamais me lembraria se tinha taxa alta de gordura no sangue, porque
não poderia nem ter feito exames para isto na época, e mesmo pela idade, seria
impossível a lembrança. Adiantei um pouco o relógio do tempo, embora ficando lá
pela minha infância e vi quanto era diferente minha vida daquela das crianças
de hoje, em termos de exercícios físicos.
Hoje, meus netos, além de não terem à disposição a rua para
jogar bola, pois ela pertence aos automóveis, o estilo das diversões favorece o
sedentarismo (vejam a foto que ilustra esta postagem, juro, eles estão se
divertindo a valer). Eu fico até receoso de suas reações se eu dissesse: Hoje
vamos para a escola a pé! Só ouviria reclamações, por certo. Enquanto, para
mim, ir para a escola a pé era uma imposição do nosso tempo.
Desde a escola de Dona Aurinha, lá por trás do açougue, até
o Ginásio São Geraldo, passando pelo Posta da Higiene, onde ia levar bolos de
Dona Lourdes e receber preciosos ensinamentos, tudo era feito a pé. E não quero
nem falar das idas desde a Rua da Cadeia até o campo de futebol lá onde hoje é
o Centro Social, das peladas no meio na rua e na hora do recreio e das
caminhadas para ir tomar banho de lama no Açude de Seu Lírio.
Atualmente, meus netos vão para a escola de carro, e tem
escola de natação e futebol, mas vão para lá de carro. Será que o estilo de
vida moderno leva ao aumento da gordura no sangue? Espero que quando eles lerem
este escrito já saibam a resposta e já estejam andando a pé, e não nas esteiras
das academias.
Mas, chega de elucubrar sobre isto tudo, que é um pouco
triste, embora não possa deixar de dizer o que o ouvi do Miguel, quando veio me
mostrar o braço de onde tirou sangue, e eu perguntei: O que era que tinha em teu sangue, Miguel? E ele: Biscoito! E comecei a rir de uma coisa
séria, como devemos fazer quase sempre para aguentar a dureza da vida.
De alegria mesmo foi ver a expressão do Davi, quando cheguei,
pelo novo álbum que comprei do Brasileirão 2013. Eu senti a alegria porque já
passei pela mesma quando gastava o pouco dinheiro que tinha lá na barraca de
Seu Belon comprando figurinhas para meus álbuns. E hoje os álbuns estão cada
vez mais sofisticados, principalmente este, que talvez seja o último (pelo
menos com o que vejo até agora) que terá o Náutico na série A.
E foi com o Davi que rimos mais desta vez, quando ele foi
avisado pela mãe de que iria ser pajem no casamento de sua prima:
- Mamãe, eu não vou
não! Eu não sei dançar casamento!
Mesmo assim fomos, junto com os pais, procurar ternos para
crianças de 2 e 4 anos, o que eu nem pensei que existissem, prontos. O único
que tive como criança foi para a primeira comunhão e foi encomendado a Antônio
da Tupi, um alfaiate que de quem era quase vizinho em Bom Conselho. No entanto,
hoje, já há ternos de todas as cores e tecidos, prontinhos.
Eu adorei as provas nas lojas, com eles vestidos de terno e
gravata, parecendo bonequinhos de bolos. Uma graça. Espero que aprendam a dançar casamento até a hora do enlace,
que façam bonito, e tragam felicidade para os noivos.
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