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quinta-feira, 26 de setembro de 2013

A Marmita.




Por Carlos Sena (*)

Marmita, nalgumas capitais do nordeste mudou de significado. Muitos homens quando "pegam" uma puta (hoje garota de programa) dizem aos amigos que pegaram uma marmita. Isso é muito comum nas regiões de praias de Fortaleza, Natal, etc., onde há turismo sexual a vista de todos. Quando o cara é perguntado por  um amigo se aquela é sua namorada, a resposta é NÃO. Dizem que "Aquela é minha marmita", ou seja, compra pronta na rua e vai comer em casa. Mas, não é dessa marmita que queremos falar. Queremos dizer da marmita mesma que também se chama QUENTINHA. Aquela que vem alimentos dento e que quando ainda quentinha dá pra se comer. Quando requentada no microondas às vezes vem um bafo azedo que sempre se consegue Engolir. Mas ainda não é necessariamente dessa que quero falar. Mas da quentinha fresquinha em embalagem transparente e com cara de limpa e bem cuidada e com um aroma meio da casa da gente. Foi uma quentinha assim que um rapaz enquanto esperava o avião, estava metido nela em pleno aeroporto de Brasília, a nossa capital federal! Se fosse num aeroporto do Recife ou doutro lugar do Norte e do Nordeste seria mundiça, coisa de pirangueiro de gentalha. Pois bem: foi no Internacional de Brasília, repito. Chinfrim, como é breguin esse aeroporto. Mas, ele tá em obras em busca do PADRÃO FIFA.

Voltando ao rapaz da marmita. Ele comia a bichinha como quem come o melhor prato do mundo. Pelo jeito dele deglutir, se a chamada do vôo acontecesse naquele momento, certamente ele o perderia em detrimento da sua deliciosa marmita. Não nos parecia ser um rapaz simples não. Fato é que nossos aeroportos nos exploram os olhos  da cara, no quesito lanche ou almoço. Nesse mesmo dia, nem critiquei o moço lá com a sua marmita. É que eu acabara de tomar uma garrafinha (long nec) de cerveja de 335ml pela qual tive que  pagar R$ 6,00 mais 5,00 de uma empadinha de "ver deus" que totalizou R$ 11,00. Por isso achei que o moço fez bem em não gastar fortuna num almoço ou mesmo num lanche.

Do jeito que vai, aeroporto e rodoviária vão ficar muito parecidos, não só porque todo mundo pode viajar de avião (olha Lula aí gente!), mas porque o aeroporto é quem vai convidar os passageiros a andar com sua marmitinha na mão, ou com uma sem futuro "barrinha de cereal"  porque o povo está aprendendo a não ser besta. Os empresários é que ainda não aprenderam que com preços justos o lucro aumenta e todos ganham.

Já dentro do avião enquanto escrevia este texticulo, lembrei-me de que  junto do moço da marmita tinha uma moça bonita, insinuante, toda agasalhada parecendo estar com frio. Então pensei: será que era a "Marmita" dele? Será que seria a "Quentinha" dele? Retruquei-me: cala tua boca língua ferina, tu num sabe que "língua falou cu pagou"?
Nisso o avião aterrissa e eu retorno pro meu recife, embora deixando lá na "Brasileia" um mundo de gente ótima que acredita e bota fé no Brasil, como nós.

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(*) Publicado no Recanto de Letras em 10/08/2013

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