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quinta-feira, 5 de setembro de 2013

ARTIGO DE LUXO: AMIGO.




Por Carlos Sena. (*)
 
Mário Quintana é dos poetas o meu preferido. Das poetisas fêmeas, Adélia Prado é a que gosto de ler. Fiz questão de dizer “poetisa” porque agora existe uma moda de chamar as mulheres poetisas de poetas. Pode ser que seja certo, mas eu prefiro poetisa. É como “Presidenta” – alusão à nossa Dilma e que eu não concordo também, pois acho que Presidente é melhor sendo comum aos dois gêneros. Mas, eu não quis falar disso e termino falando, pois as letras tem força que nos dominam e, não raro, a gente termina se vencendo por elas e dizendo, inclusive o que não estava no nosso “script”. Mas, hoje eu quero falar mesmo de amizade, posto que me surpreendi com o “DIA DO AMIGO”. Agora virou modo fazer dia de tudo, inclusive de amigo, de puta e de vadia. Adoro o dia das vadias. Mas, (hoje eu tô direto no “mas”) é que tenho o entendimento de que não precisa de dia do AMIGO. Porque amigo de verdade é todo dia. Um bom amigo é como uma boa mãe. Se um bom amigo vale um tesouro uma boa mãe não vale nada, porque nada serve para medir o valor dela, exceto a referência dela à uma santa.

Mas, como inventaram o dia do amigo, eu digo que aceito bem. Porque o passar dos anos nos leva muito mais à ventura da compreensão do que da retórica contraditória que nem sempre leva a alguma coisa. Assim, repito-me no poeta “amigo é coisa pra se guardar no debaixo de sete chaves, perto do coração”... E é assim que guardo amigos fiéis e eternos companheiros. Nem sei, de fato, por onde andam esses amigos, mas, certamente estão no mundo, na vida que pediram a Deus ou que Deus pediu para eles seguirem eu SEU nome. Amigos que se foram para outras dimensões, e amigos que se encontram nessa, comigo, em lugares diferentes, mas nunca de “fé rentes” no existir.

Hoje, diante de lembretes do facebook acerca desse dia, “viajei” no tempo e me encontrei com Marcos Padilha, Chico Padilha, Mano e Luzinho. A gente estava lá no Bulandim azarando com Deus, zombando dele como se não merecêssemos aquilo tudo de lindo aos nossos pés. Marcos está em Recife, Chico está médico no Norte, Mano está em Olinda, Luzinho tá na Itália e eu? Ah, eu tô na vida – ora atrevida ora arte sem ter vida, mas na vida! Ora em Brasilia, ora em Recife, mas sempre lá, na terrinha Papacaceira. No rol desses amigos, outros tantos que sem ser tontos me deram o prazer de pertencimento: Arlinda, Nárrima Amaral, Ademir Ferraz, Zé Arnaldo, Valfrido Curvelo, Josinha, Carlos Silvan, Gildo Póvoas, Dodó, Saulo, Lucinha Peixoto, Tatiana Bruscky, Beta de Diuquinha, Pedro Eymard, Lucila (minha Prima), Genézio Mendes, Wânia Fernandes, Talita, Alexandre Tenório, Zetinho, Tereza Otranto, Celecina, Celina Ferro, Nilda, Judite Alapenha, Almir Torres, Antonio Rubens. Sem esquecer, naturalmente de Sônia Padilha, Carmem Padilha e Isabel Cristina, irmãs lindas, maravilhosas que nunca hei de esquecer no conjunto dessa peça que o tempo imita o vinho e a torna cada dia melhor. Esses meus amigos e outros que a memória me trai (afinal, já estou fora do prazo de validade) o são por nada. E eu retribuo a minha amizade assim POR NADA. Porque os verdadeiros amigos o são pelo sentimento de amigo. Entendendo que amigos não são aqueles que combinam, mas aqueles que discordam por serem únicos e serem diferentes de nós. Amigo não cobra nada, amigo não pede o que seja impossível do outro fazer; amigo diz ao outro ali, na lata, que ele está errado, mesmo que no primeiro momento gere um campo de tensão. Amigo pede perdão ao outro, pede desculpa e aceita o outro com todas as suas imperfeições... Amigo, na condição posta, nunca passa por nós... Por isso, nesse dia do amigo sugiro um teste de fidelidade: “se depois de muito tempo você reencontrar um amigo e tiver a sensação de que nunca se mantiveram afastados, pode acreditar que vocês são amigos de verdade”... Amigo de verdade vence o tempo e até faz raiva para ele, porque todos dizem que o tempo a tudo transforma, mas eu lhes digo que no amor o tempo de desmorona, desde que seja amor. Amor de amantes e amor de amigos, porque amor é uma linha reta que permanece firme rumo ao infinito. As demais forma de amorização partem dela e o seu destino a gente nunca pode saber... Obrigado aos meus amigos... Por isso, lembrando o meu poeta preferido: “Esses que estão por aí atravancando meu caminho, eles passarão, eu passarinho”... “Na terra da gente até a dor dói menos”...  Pegando carona no poeta, digo que meus amigos são todos passarinhos e que, maioria deles são da minha terra onde até a dor dói menos”...

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(*) Publicado no Recanto de Letras em 21/07/2013

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