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quinta-feira, 12 de setembro de 2013

SAL A GOSTO




Por Carlos Sena (*)

Agosto bate na porta de Setembro. Julho, não quer saber de abrir a porta pra Agosto. Disse que dá azar. Até os meses são assim, tal qual os humanos, são meio abusados. Por isso que não me esqueço de quando, na minha terra, ainda erê, ouvia os matutos dizerem uns para os outros acerca dos meses: Janeiro, Fevereiro, Março, Abril, Maio, São João, Santana, Agosto, Setembro, Outubro, Novembro e mês de festa. Mas, tal qual nós, os meses também tem romantismos em algumas paragens como é o caso do mês de março com suas águas. Setembro com suas flores, Maio com suas noivas. Fato é que os meses cochilam como nos disse Mário Quintana, em suas casas, enquanto a gente se engana pensando que enganamos o tempo. Agosto tem sido, de fato, meio sem gosto. Meio chuchu que alguns teimam em dizer que não tem gosto, mas tem. O problema do chuchu é que diferente de agosto que tanto lhe comparam em aparência, é democrático. Se você mistura ele ao feijão logo ele se adequa e assume um pouco do gosto do feijão; da carne, o gosto dela e assim por diante. Agosto não. Não se misture a outro mês que ele não assume. Não assume, por exemplo, o perfume das flores de setembro. Nem o ritual de maio que embala os casais enamorados. Agosto é ventania pura. Aziago, por que não dizer? Há quem fique pesquisando o dia 13 agosto pra ver se ele cai em numa sexta-feira treze e do ano de 2013. Aziago esse agosto. Que mal fez o imperador Augusto de quem herdamos a casa mensal de agosto? Assim, Agosto se firma como o patinho feio das nossas casas astrais. Coincidências ou não, na história da humanidade e da brasileira, nesse mês o azar deita e rola. Mais rola do que deita, porque rolando não para nunca sua saga aziaga.

Há quem não aposte no azar. E há quem nem apostando, dele não se livra porque o azar pode ser entendido como falta de sorte, mas sorte tem quem acredita nela. Assim, o jogo da sorte e do azar é um pouco complexa briga entre deus e o diabo; um pouco dessa dicotomia que tão bem faz aos humanos talvez pela sua capacidade de se iludir com o que não pode e de poder eleger verdades suas onde só há mentira. Também de mentir repetidamente para se convencer que suas mentiras viraram verdades. Como se vê, agosto é apenas um mês a mais. Nós, seres humanos, indez dos sonhos bizarros e das crenças no além que liga nada a coisa nenhuma, desde que pra isso se esboce uma crença em volta. Na verdade, o mês de agosto eu gosto. E gasto ele todinho no numero treze que carrego no trancelim. Ora meio assado, ora meio assim. Ora apenas, nas noites frias de novena de Santo Antonio...

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(*) Publicado no Recanto de Letras em 24/07/2013

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