Por Carlos Sena (*)
Marcha da paz. Marcha de Jesus. Marcha.
"Marcha soldado cabeça de papel, quem não marchar direito"... Com a
paz o equívoco é total. Paz não se alcança com gritos, com alto falante na rua,
com mulheres e homens histéricos querendo chamar os que estão nas ruas, ou nas
janelas, ou em qualquer canto para se juntar a elas pela paz. Seria muito
simplista que assim a humanidade se comportasse. Dessa forma o preconceito gay
já estaria bem menor e o que é que se vê, a despeito das marchas Gays? -
Violência e mais discriminação.
Tem dias que eu estou tão
precisado de Jesus como garantia para as minhas angústias cotidianas! Então eu
fico pensando: se a marcha pra Jesus passasse por aqui, eu acompanharia, mas
será que Jesus me acudiria como eu imagino? O Jesus que eu imagino não. Talvez
o Jesus imediatista dos ufanistas de plantão, principalmente os pentecostais do
mercado da fé, sim. Jesus é um estado de espírito que a gente constrói no dia a
dia. É como a paz. Jesus e a Paz talvez sejam a mesma coisa. Se as marchas
pedindo paz dessem resultado esse resultado era Jesus na vida dos que o
conhecem pouco.
Pobre civilização essa nossa. Faz
guerra todo dia e depois vai pra avenida pedir paz como se não tivesse
responsabilidade nenhuma com a guerra, por exemplo, URBANA. Para muitos que
nessas marchas murcham, o dia a dia com os semelhantes, certamente é precário.
Humilham, não perdoam fácil, pagam mal aos empregados, dentro dos carros de
luxo nem olham para os que estão sob a violência da fome; no trabalho puxam o
tapete dos colegas, mentem, deduram, ajudam a progredir boatos pecaminosos e
por aí vai. Nas ruas, gritando e pedindo paz, ou implorando por Jesus, parecem
mais uns sepulcros caiados que não se vêm por dentro e querem dar lições por
fora para os que, muitas vezes tem mais Jesus e Paz no coração do que eles.
Pobre civilização essa nossa,
repito. Vai às ruas das grandes cidades clamarem PAZ, clamar Jesus. O princípio
da paz é o silêncio. O principio de Jesus é o amor. Nas ruas só fazem zoada,
atrapalham o transito, impedem que as ambulâncias socorram a tempo quem se
acidenta, ou mesmo quem está em casa querendo silêncio e não consegue diante de
tanta latumia, de tanto histerismo. Falta que alguém diga a esses líderes que
orquestram essas passeatas que a Paz vem de dentro. De fora pra dentro só a
poluição, a chuva, o sol, o sereno, as noites, as guerras, as balas, os tiroteios,
etc. A paz é espiritual/cultural e tem que entrar dentro de nós pelos
princípios da família e da educação. A igreja entra nessa construção, mas com
muita responsabilidade. Ultimamente quem mais tem instigado à guerra e a falta
de sossego são determinadas religiões que pregam a discórdia entre as minorias.
Talvez seja mais prático sair às ruas em MARCHA do que lutar contra os governos
que não investem em educação; talvez dê muito trabalho entender que os filhos
de hoje mandam em seus pais e que, equivocadamente, se sentem iguais. Pai é pai
e filho é filho, nada de sair com eles como se irmãos fossem. Deus é um pouco
dessa construção na medida em que Jesus é seu filho e nós a sua imagem e
semelhança.
Marcha pra Jesus? Tô fora. Marcha
para a Paz? Tô fora. Vejam-se quantas marchas a gente já viu na TV sempre que
um crime hediondo acontece e a mídia mostra e abusa de tanto mostrar. Nada
mudou e a violência está pior. Por que não se luta para mudar nossas leis
caducas que protegem criminosos? Às vezes fico pensando que as igrejas não
querem que a violência diminua já que não pode acabar. Sabe por quê? Se o povo
não tiver medo de morrer de bala perdida, de sequestro, etc., não vai mais
rezar, nem fazer promessas pros santos, nem pedir aos padres e pastores proteção,
nem vai mais dar dinheiro pras igrejas... É meio bizarro isto? Nem tanto.
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(*) Publicado no Recanto de
Letras em 21/09/2012
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