Por Carlos Sena (*)
Gosto de presenciar discussões
acerca do homem e da mulher. Quase três mil anos depois de Cristo e ainda temos
muito a discutir acerca do tema – sinal de que evoluímos pouco na questão. Ou
não? No bojo das discussões, gosto das posições mais amenas – aquelas que a
gente “joga conversa fora”, mas, de fato, estamos jogando conversa dentro, só
que de forma lúdica, digamos assim.
Ah, porque homem tem barba. Mas a
mulher tem cabelos nas pernas, e, qual o homem, utiliza aparelho de “barbear”
para se depilar. Além disso, ela tem menstruação. Ah, mas o homem tem
testículos – bolas estrategicamente colocadas entre suas pernas, talvez para
compensar os seios da mulher que, ironicamente são colocados entre seus dois
braços. Ah, mas o homem não tem celulite, estrias e flacidez no corpo com tanta
facilidade quanto nas mulheres. Ah, mas as mulheres, por sua vez, não tem nada
“balançando quase caindo”sem cair (antes caíssem) e não ficam carecas. Sim, carecas não ficam
com facilidade, mas tem que estar permanentemente cuidando dos cabelos, das
unhas, fazendo os “cantinhos” daqui, dali e dacolá, os homens não. Homem é
pratico: uma camisa, uma calça, um sapato e está vestido. Ah, mas chulé de
homem é uma desgraça. E de mulher também. Só que homem não tem o privilégio de
ficar grávido! Mas mulher não fica grávida sem homem. Claro que fica, via
inseminação artificial. Mas não dispensa o esperma que só pode ser do homem.
Ah, deixa de tua conversa mole e vai catar coquinho, cara! Disse uma mulher a
um homem que dessa forma discutiam acerca de quem era melhor se o homem ou a
mulher. Vou mesmo catar coquinho, disse o homem. Porque vocês, mulheres, vivem
sempre imitando os homens, inclusive aderindo à calça comprida que sempre foi
vestimenta de homem. Quero ver se vocês vão querer fazer xixi em pé, como nós.
Quero ver se vocês vão matar uma barata sozinhas, isso eu quero ver. Engraçado,
replicou a mulher, vocês são os donos do mundo, mas quando ficam na meia idade
não servem mais pra nada. Poucos são os da tua “raça” que ficam dando conta das
mulheres. Ah, mas por falar nisso, vocês mulheres não ficam por menos. Quando
chega a menopausa dificilmente vocês também não dão conta dos homens, enquanto
nós, homens, fazemos filhos até depois da nossa conhecida andropausa. Já vocês,
babau, quando chega a menopausa, deixam de ter menstruação e bye, bye.
Escutando essa conversa hilária,
fiquei pensando na canção “Que diferença da mulher o homem tem? Espera aí que
eu vou dizer meu bem/É que o homem tem cabelo no peito/Tem o queixo cabeludo/E
a mulher não tem(...)”. Claro que há mais diferenças do que as abordadas no
diálogo, mas as principais diferenças e as mais importantes são
comportamentais. Essas, a gente nunca conseguirá formatar numa crônica
despretensiosa ou mesmo pretensiosa. Assim, entendo importante que homem e
mulher sejam diferentes. Contudo, a principal diferença que é a que define o
gênero, essa nunca vi ninguém contestar. É o encaixe perfeito entre o côncavo e
o convexo. Entre o sexo e o nexo e a falta dele. As variáveis da sexualidade
não entram nesse contexto, porque elas saem da lógica biológica para entrar na
falta de lógica em busca do prazer que só a cada um é dado escolher.
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(*) Publicado no Recanto de
Letras em 22/10/2012
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