Por José Antonio Taveira Belo / Zetinho
A noite passada fui acometido de insônia. Sentei-me no terraço e comecei a olhar para o céu cinzento, apenas uma estrela solitária no alto brilhava. O vento brando da noite esfriava ainda mais a madrugada. O silencio fez-me pensar e meditar sobre muitas coisas que acontecem em nosso mundo. Guerras, assaltos, corrupção, assassinato e muitos outros fatos. Pensei, para compensar estes pensamentos errôneos, pensei também no ser humano, homens e mulheres, de caráter, de amor, de fraternidade. E ai neste devaneio noturno, lembrei-me do meu amigo Zezinho de Caetés, grande incentivador da cultura da sua terra, e ai fechei os olhos e sonhei.
“O companheiro Lula, adquiriu uma grande fazenda, com dois mil hectares. A Fazenda Esperança, assim denominada, tem uma infra estrutura dos grandes fazendeiros. O casarão construído em cima de um elevado pintado de branco é destacado por vários quilômetros de distância. Cercada por grandes alpendres, com redes em toda sua extensão, alem de cadeiras de vimes, com encostos vermelhos. Piso de madeira em duas cores, com aplicação de Synteko. Para acesso, o visitante, tem galgar mais ou menos quinze degraus todo revestido de cerâmica vinda do exterior. Um conjunto de cadeiras em madeira de lei ornamenta a ampla sala de visitas, todos com encosto e acentos vermelhos. Outra sala ampla com moveis rústicos e de madeira de lei buscada em algum lugar do mundo. Mesa com doze cadeiras com acento e espalmo em veludo vermelho. Uma cristaleira do século 18 ao lada direito com cristais importado da Suíça. Em cima do móvel, estatuetas adquirida em suas viagens internacionais e regionais. Algumas fotografias presas na parede de alguns artísticas plásticos renomados e presentes recebidos quando de suas visitas ao exterior. Na parede em frente à entrada da grande sala um pôster sua ostentando a faixa presidencial do Brasil.
O Zezinho o grande incentivador do progresso de sua cidade Caetés, querendo dotar a cidade de um movimento cultural que eleve esta cidade aos mais distantes ricões do nosso País, vai até a residência do companheiro de infância. Chega à fazenda no seu pequeno carro Siena 2011, estacionando e apeando--se no portão principal trabalhado por artesões, encontra-se com o primeiro vaqueiro, todos vestidos a caráter, e se anuncia;
- Sou amigo do Presidente Lula. Ele está?
O vaqueiro olha desconfiado por cima do ombro, entra em uma cabine e pega um telefone anuncia a visita. Dois minutos depois, pode entrar abrindo o portão, com a inscrição em alto relevo “Seja bem vindo!”.
A entrada da fazenda até chegar à casa grande, é de uma lindeza extrema. O caminho em pedras importadas ladeada por hortênsia, brancas, rosas e violeta. A grama em toda a sua extensão bem aparada. Uma carranca recebida em Petrolina, lá esta ornamentando o terreno. Ao lado um campo de futebol para recreação dos visitantes quando se encontram para uma pelada e logo após um churrasco regado de vinhos, cervejas e a famosa “caipirinha”. Alguns pés frutas e flores ornamentais ali estão presentes Alguns pavões, e garças passeando. O céu azul com poucas nuvens e o sol brilhando sob grama molhada era um espetáculo a parte. Ao lado uma grande piscina e com varias cadeiras, vermelhas ao seu redor. Chuveiro e uma bica com água escorrendo pela bico fino do golfinho,azul com alguns detalhes vermelhos. Uma churrasqueira de grande porte ao lado, coberto por telhas de primeira qualidade. No outro lado esquerdo, avistamos um vaqueiro cuidando de cavalos puro sangue, em uma bem cuidada cavalariça. Em um grande alpendre, amostras de selas, coxim, arreios para montaria, tudo brilhando. O vermelho predominava.
Subia os degraus, indo diretamente ao companheiro Lula que lá estava em pé de botas cano longo do mais fino couro, cingindo por um cinto com fivelas de vaqueiros de rodeio, uma camisa xadrezada de mangas comprida aberta à altura do peito, mostrando uma grande corrente de ouro com a medalha de São Luiz e um chapéu tipo cowboy branco cobrindo a sua cabeça deixando alguma mecha de cabelos grisalhos. A barba o seu forte, bem aparada. Ria como Jeca Tatu quando enriqueceu.
Recebeu o Zezinho, com aquele abraço filial, o que Zezinho desconfiou daquele agrado, pois até pouco tempo era ignorado como aconteceu em um comício em Garanhuns. Os passos soaram sobre aquele piso brilhoso.
Sente-se mandou o companheiro Lula.
Sentou em uma confortavel cadeira de vime com acento e encosto vermelho, cruzou as pernas, enquanto Lula gritava.
Marisa manda Filomena trazer aquela latinha 51, limão, açúcar e gelo. Não se esqueça de trazer a mãozinha para espremer o limão. Traga dois copos um para o meu companheiro de infância e outro para mim. O meu você já sabe qual é. É aquele que recebi em Madri quando da minha ultima viagem.
- Você voltou? Perguntou o Zezinho bem instalado muito bem na poltrona de vime de pernas cruzadas.
Ainda não.
Estou aqui por pouco tempo. Tenho que descansar da labuta da política. Acostumei-me com a Granja do Torto e com o seu ar de campo, mas aqui é melhor e mais amplo. Veja, apontando com o dedo riste, tudo isto eu comprei. Aqui crio mais ou menos quatro ou cinco mil cabeças de gado nelore. Tem hora que olho e só vejo aquela brancura.
- Bem!
- É uma alegria receber você neste meu rincão.
- O que desejas? Desculpe não é assim que se fala ao amigo de infância.
- Faz tempo que agente não se ver, não é? Desculpe qualquer coisa, o que vale mesmo é a nossa amizade de criança, não é?
Rimos.
- Mas companheiro Lula, é o meu desejo e da comunidade em criar a Academia Caeteense de Letras, em nossa cidade, o que achas?
- Acho bom.
Na época que você foi presidente, não foi possível falar, mas agora que estás fora do poder, acredito que a hora é esta.
- O que precisas para fundar esta tal academia? Sei pelo que me disseram que academia reúne homens e mulheres escritores e poeta, não é?
- É!
- E eu entro nesta brincadeira como? Eu que agora sou Doutor Honoris Causa, não sei o resto não? Deram-me este nome em Portugal. Estes portugueses são mestre em querer passar a gente para trás, pois, nós fazemos muitas piadas com eles. Mas dizem que este nome que me deram mesmo sem ter nenhum curso, foi para bajular, aqui prá nós, cochichou.
- Pois é Lula tu vai ser um imortal?
- Vixe que troço é este?
- Eu ser imortal?
- Eu não vou morrer nunca?
- Não é nada disto, Lula. Imortal significa que o seu nome nas letras fica para sempre, isto?
- Mas se eu não tenho livro nenhum?
- Não sou escritor, fui agricultor, metalúrgico, deputado e presidente e agora fazendeiro, como é que vamos colocar o meu nome neste negócio. O meu nome já está imortalizado com grandeza, pois fui Presidente do Brasil, por duas vezes, o que achas? Daqui a muitos séculos meu nome será ainda lembrado, nos livros que se escreverem.
- Certíssimo
- O que necessita para que isto aconteça, ou melhor, dizendo, a criação da Academia?
- Precisamos do seu aval.
- O meu aval já tem. O que mais?
- Uma casa para estabelecer os encontros acadêmicos mensalmente.
- Pois já tens! O projeto Minha Casa Minha Vida fará doação de uma.
- Mais é muito pequena não dá para os serviços culturais que nossa cidade necessita.
- Dou duas, ou três o quantas forem necessárias. Eu quero que a Academia nasça e cresça colocando este pequeno torrão brasileiro nos mais longínquo lugar deste País.
- Pois é!
- Vou providenciar a criação da nossa Academia, antes que a Academia Bom-conselhense de Letras passe na minha frente, pois, tem tal de Zetinho que vive futucando aquela comunidade e, antes que isto me aconteça quero inaugurar a nossa Academia.
- Pode começar agora mesmo,
Acordei e fui dormir o sono dos justos
Caro Zetinho,
ResponderExcluirFomos, somos e seremos companheiros das agruras para fundar uma Academia. Queremos ambos incentivar a cultura e as letras em nossas cidades, embora hoje nossos sonhos se distanciem pela quantidade de entusiasmo: o meu já foi muito maior e o seu continua grande e crescendo. Tenho absoluta certeza que os bom-conselhenses, ao contrário dos caeteenses, lhe ajudarão mais nesta jornada.
Desde aquele fatídico dia em que meu conterrâneo Lula, mandou o neo-socialista Joaquim Francisco me dá 100 reais para ajudar na construção de nossa academia, meu entusiasmo se acabou, como também minha afinidade política, que já vinha corroída por outras causas, com ele.
Ainda continuo com o sonho mas não tenho seu entusiasmo. Pois escrever um belo texto como este seu, já é uma prova disso. É um texto digno de um imortal, que um dia você será na Academia Bom-conselhense de Letras. Sei que hoje você já é imortal na Academia Pedro de Lara lá no Blog de Bom Conselho, mas, a Lucinha me falou que a imortalidade de lá tem prazo de validade, e eu não sei porque. Você merece uma sede e Bom Conselho também.
Caro Zetinho, hoje por pura coincidência escrevi um texto que fala sobre sonho, no Blog da CIT, se você o leu, verá que ele é mais difícil de acontecer do que o seu. Persevere amigo e vá em frente. Conte comigo no que der e vier.
Parabéns pela criatividade e pertinência do texto para nossa causa. Adorei a foto que a AGD encontrou para ilustrá-lo. Lula de capelo ficou um horror, mas, ainda está dando as cartas na República. Um abraço.
Zezinho de Caetés (Blog da CIT)
Zetinho,
ResponderExcluirTexto do jeito que Academia gosta. Criatividade, mensagem, conteúdo importante e uma grande imaginação. Meu projeto político está capengando em Bom Conselho, pelas minhas posições, das quais não arredo pé. Mas, se for prá frente ou não sempre serei sua companheira nesta luta.
Bom Conselho já merece isto.
A Zezinho diz que ainda guarda as duas notas de 50 que recebeu do Lula, para entregar a ele na primeira ocasião. Acho que ele vai esperar sentado pois o agora é também Presidente Honoris Causa (durma-se com uma bronca dessa!)
Lucinha Peixoto (Blog da CIT)