Por José Antonio Taveira Belo / Zetinho
Segunda feira. Decidi ir à praia. Não pensei duas vezes. Coloquei o calção um par de chinelos e peguei o “cururu” que resfolegou e disparou. Não sabia o que ia fazer, apenas ia à praia, simplesmente. O sol brilhante às oito horas da manhã, algumas nuvens branquinhas perambulava no céu azul e o ar da maresia entrava pelas narinas indo diretamente para os pulmões. Estacionei o “cururu” que descansadamente ficava ali a sombra de um coqueiro. Pisei na areia fina sentindo uma sensação que há muito tempo não sentia. A água morna do mar molhava as canelas finas, que ia espalhando a água ao longo da caminhada. Andei sem destino, somente, olhando a intensidade do mar. As ondas chegavam suavemente na praia. Poucas pessoas estavam na praia. Alguns caminhavam no calçadão que de longe eu observava. Algumas crianças brincavam e corriam em direção à água morna. Uns com baldes e pás, enquanto uns cavavam outros ia apanhar água e colocava no buraco. Despejava e desaparecia. As mães observam sentadas em toalhas estendidas na areia de um marrom claro. Vaguei por uns três quilômetros sob o sol que já estava queimando a pele. Na volta tomei um banho da barriga para baixo, pois não sei nadar e não vou me ariscar, pois o mar é traiçoeiro. Sentei-me na água e com um palito de picolé, riscavam na areia alguns nomes sem sentido, quando ouvi a voz de criança;
- Vamos jogar? Virei. Ele estava em pé com uma bola na mão.
Olhei para aquela criança ali em pé, com os seus mais ou menos sete anos, cabelos loiros bem aparados suavemente desalinhados pelo vento, olhos verdes brilhantes, com minúsculo calção preto e listras brancas. Tinha no rosto algum protetor solar.
Observei se tinha alguém responsável por aquela criança ali por perto.
- Levantei-me.
- Ele apontou com o dedinho riste, dizendo ali está a minha mãe.
Satisfazendo esta linda criança, dei alguns chutes para ele, que dizia “Gooool” Gooool e saia correndo levantando os braços na euforia do idolatrado “gol”. Corria muito e eu apenas observava a felicidade e a inocência daquela criatura meiga.
Depois de algum tempo sentei-me com a água na cintura, enquanto o menino brincava um pouco afastado junto da sua mãe.
De repente, deu uma carreira veio novamente até a mim.
- Sentou-se e perguntou – tu és de onde?
- Sou daqui mesmo, moro em Jardim Atlântico, conhece?
- Ele fez um muxoxo, compreendi que não sabia.
- Tu és o que?
- Sou aposentado, respondi.
Ele não entendeu.
- O que tás fazendo aqui?
- Tô tomando banho e passeando como você, não é?
Riu, mostrando uma dentadura branquinha.
- Meu pai é dotor!
- É mesmo?
- E!
- Mamãe é doto!
- Opa! Tua mãe é doto?
Ele riu e correu novamente para onde estava a sua mãe que observava tudo.
Mais uma vez voltou em carreira sentando-se ao meu lado.
- Tu tens filho?
- Claro que tenho, mas todos já são grandes. Mas tenho netinhos mais novos do que você. O Renan e Gustavinho estão com um ano.
- Porque você não trouxe para cá?
- Eles moram longe, em Natal e somente vem quando tem festa.
- Eles estudam? Eu já estudo. Todo dia vou para minha escolinha e a Tia Maria me ensina algumas coisas.
- E, eles estudam?
- Ainda não são bem pequenos. No próximo ano eles irão para a escolhinha.
Olhou para mim e disse até logo. A minha mãe esta me chamando. Saiu em disparada carreira. Olhei para trás ele já ia de mãos dadas com a sua mãe pelo calçadão.
Sai dali contente e pensando na inocência e na docilidade das crianças. Ah! Se todos nós pudéssemos aprender com as crianças, o carinho, o amor, a sinceridade, que eles demonstram o mundo seria melhor. E ainda tem pessoas que agride e maltratam as crianças, que desrespeito.
Sai andando até o calçadão. Sentei-me numa mesa da lanchonete e tomei um copo de “Guaraná do Amazonas” bem gelado para espantar o calor e segui para casa. Apanhei o “cururu” já descansado sob a sombra da palmeira. Fui...
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